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 Todos começaram a sair do saguão, passam por nós e nós fingimos não estar irritado um com o outro, alguns parabenizaram Benji pela União, e ele ainda tinha audácia de sorrir teatralmente e carismático como se aquela ideia o fizesse feliz e não estivéssemos próximo de uma briga séria. Cora saiu do saguão com o Don ao seu lado a abraçando enquanto ela se ajeitava em sua blusa de frio de crochê elegante. Eu sabia que era um charme, eles não sentem frio. Ela cobria os ombros e o bíceps ferido de maneira delicada. Ao passar por nós ela deu um sorriso cabisbaixo.

 — Mamãe pediu para você levar o Adriel.

 Benji apenas balançou a cabeça. Eu olhei para Cora melindrado.

 — Me desculpa, eu não queria que fosse dessa maneira.

 — Está tudo bem Adriel, é a lei. Você não precisa se sentir culpado eu já sabia das consequências. — Disse ela tocando meu ombro de maneira confortante — Me desculpa também.

 Dei um leve riso confortavelmente. Cora ficará marcada para todo o sempre, e caso cometa novamente o ato desleal deve pagar com a própria vida. Só se tem a chance de um crime por vez em alguns casos.

 — Parabéns pelo bebê — murmurei.

 Ela deu um riso tocando a barriga ainda murcha, agradeceu quase sem emitir som nenhum com a boca, e saltitou indo atrás de Don que já estava na porta do elevador.

 Eu estava no carro e durante o caminho silencioso eu pensava como dar início à aquela conversa inacabada que eu Benji iniciamos, mas não terminamos. Aos poucos fui ficando enervado e irritado, quando ele finalmente parou o carro na frente de casa depois da viagem toda em um silêncio irritante, eu explodi.

 — Porra! Eu sei que não quer isso, eu também não quero passar o resto da minha vida com você...

 — Mas eu quero — Disse ele me interrompendo.

 Eu o olhei e ele me encarava seriamente. Hesitei por um instante perdendo todo o compasso de inicialização daquela discussão. Fui tomado pela calmaria da incerteza eu não sabia se ele estava falando seriamente ou somente para que eu parasse de surtar.

 — Se houvesse uma maneira de evitar isso... Faríamos, você não precisa dizer que quer algo que realmente mal quer Benjamin. — Tentei insistir na briga

 — Mas eu quero — falou prosaicamente — Eu quero, e é isso que está me deixando nervoso. Eu quero Adriel, quero ser seu cobertor em dias frios, eu quero te proteger todas as vezes que você estiver em risco, quero ser seu apoio de cabeça para chorar, quero ser o treinador que vai te ensinar a empunhar uma faca. Porra, eu quero. Eu quero isso, quero me casar com você, quero me unir a você, quero que seja meu. Agora, eu quero!

 Ele disse rapidamente me olhando nos olhos. Fiquei imóvel, o silêncio agora fazia sentido, eu preferia que ele não tivesse dito nada.

 — Mas eu sei que você não quer, e eu deveria não querer também, deveria agir igual a você. É estranho para caralho saber que vai viver com um desconhecido, mas eu... Merda eu olho para você e sinto que te quero mesmo não sabendo nada sobre você. Devíamos dizer a verdade, pelo menos você estaria livre para ficar com quem quiser.

 — Eu não vou deixar você ser punido por ter tentado salvar minha vida.

 — Cora foi, e não morreu.

 — Você seria castrado, exilado, e marcado por infidelidade. — Rebati de forma bruta. — Eu não vou deixar isso acontecer. Você me salvou e eu farei o mesmo por você.

 — De que adianta se você não for feliz? Sua vida estará um estrago, ainda mais comigo ao seu lado, você vivera em risco. — Ele falou elevando o tom de voz

 — E quem disse que você não me faz feliz?! — gritei acirrando a discussão. Houve uma pausa longa e silenciosa enquanto nos encarávamos, Benji desviou o olhar olhando para frente — Quero que seja meu cobertor em dias frios — balbuciei.

Ele se virou me olhando com um olhar sereno.

 — Que seja meu apoio de cabeça nos dias difíceis — acrescentei baixinho — Me sinto protegido quando você me cerca e eu gosto quando me envolve em seus braços acariciando minha nuca daquele jeito que só você sabe fazer... Só precisamos de um tempo para nós nos conhecer mais.

 — É... Tem razão — ele resmungou me olhando nos olhos.

 Levei uma de minhas mãos até sua face, acariciei sua barba e seu maxilar sutilmente, ele segurou minha mão, em seguida fechou os olhos sentindo a caricia, e abriu os mesmos olhos de modo sutil com um leve riso nos cantos dos lábios. Rapidamente Benji avançou até mim me beijando e tirando seu cinto de segurança para o feito. Nossas bocas se encontraram quente, com saudade, eu estava sem aquele beijo quente há dias e todas as vezes eram como a primeira vez, a sensação fogueada que crescia em meu peito ao sentir sua aproximação, o gosto de sua boca, seu cheiro gostoso e viril, até mesmo sua voz grossa e forte como um trovão em um dia tempestuoso. Percebi que minha raiva com Benji não estava em sua indiferença e sim na falta, eu senti falta dele, eu queria sua atenção, seu carinho, dentro de mim uma paixão começava a florear, era a primeira vez que eu estava apaixonado por alguém e aquilo era tão intenso que eu mal conseguia entender o que estava acontecendo comigo. Uma mistura de sentimentos, uma mistura de confusões sentimentais, um misto de medo e insegurança com felicidade e incerteza. Eu o queria, e mesmo assim temia que fosse uma escolha errada, mas mesmo assim o queria. O beijo caloroso me fez correr a mão para os meios de suas pernas, sentindo seu vultoso órgão eriçado, eu não sabia se fazer aquilo era certo, mas foi um movimento tão involuntário quanto o calor do beijo. Nunca pensei o que levavam as pessoas ao sexo, a necessidade ou o momento acalorado que os corpos tinham em contato com outros corpos? Ele puxou meu casaco para baixo fazendo os mesmos descerem os ombros após abrir o zíper, e colocou suas mãos em minha cintura me içando por debaixo da camisa com suas mãos quentes, dei um solavanco junto com o seu impulso e subi em seu colo, o beijando quase que sem parar. Ele aproveitou o momento para passar sua boca quente em meu pescoço, e eu coloquei as mãos sobre os vidros fechados e abafados que escorregaram levemente nas gotículas de água condensadas enquanto sentia sua língua em atrito com minha pele.

— Benjamin — sussurrei — Pare.

Crônicas da Noite - A Ordem da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora