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 Durante a noite calorenta e calma um enorme evento honorifico acontecia na inauguração da empresa de minha mãe. Agora eu entendia com mais precisão que de fato estávamos vivendo uma vida diferente. O evento clássico reunia pessoas importantes, famílias da elite de Aurora do Norte, e agora eu compreendia mais ainda toda a necessidade de minha mãe em querer que eu me vestisse engravatado para aquele evento que se parecia um comício. Notei a presença de Caleb, filho de Pilar, ele segurava na cintura de uma moça morena e alta, com um vestido cinza de rendas e pedras brilhosas, tinhas os cabelos presos em uma tiara bela de pedras brilhosas, um sorriso lindo e encantador. Então essa era a namorada humana que Sarah dissera durante aquela confusão no bar? Interessante, agora eu entendia que Caleb não era do tipo de frequentador de clube, não tinha uma aparência selvagem como os membros dos Coiotes, ele era um homem de negócios. Passei os olhos no salão, havia muitas pessoas, um buffet incrível, e uma mesa em uma parede de testagem de cosméticos, eu mal conseguia acreditar que aquele prédio todo era a empresa que minha mãe estava comandando. Logo naquele salão de entrada era possível ver que a empresa de cosméticos era de ponta, extremamente chiques, e os detalhes desde a iluminação aos rodapés que eram minuciosos. Notei ao longe em uma das mesas olhares vigias que vinha de Aurélio, ele era igualzinho aos cartazes impressos só que mais baixo do que eu imaginava, tinha os cabelos parcialmente grisalhos. Fiquei surpreso por ele estar presente em um evento da Pilar, embora ela não se fizesse presente, ao lado dele como se fosse um guarda-costas, o seu vice Sam, o mesmo que me atacara na viela outrora. Senti um leve frio subir a espinha e um desconforto repulsivo, tentei evitar o olhar. Senti uma mão tocar meu ombro, dei um pulo de susto e Benji sorriu limpando os cantos dos lábios sujos de glacê de um dos bolinhos que pegou do buffet, o olhei de modo confuso e surpreso.

 — Benjamin?! — balbuciei surpreso.

 — Tudo bem por aqui? — disse ele se sentando na cadeira vazia ao meu lado.

 — Meio chato. Esperando a hora de ser liberto para ir para casa.

 Ele não vestia a roupa a caráter para o evento. Sim, todos ali estava mostrando suas melhores roupas, mas Benji parecia o Badboy daquele momento, e eu gostava, estava vestido com o colete jeans dos Coiotes, uma calça larga, e uma camisa preta por debaixo do colete, de modo simplório. Ele deu um riso, olhou para minha mãe que conversava em uma roda de homens e mulheres importantes juntamente com Caleb.

 — Caleb trabalha com sua mãe?

 — Sim, ele é o cara que assume a bronca quando ela some. É o mais novo e o mais responsável — deu um riso pegando a azeitona da taça de Martini que havia sido deixado em cima da mesa pela minha mãe minuto antes — Estamos preocupados com o sumiço dela. Ela não responde as mensagens.

 — Que merda, será que aconteceu algo?

 Ele deu os ombros como se não se importasse. Indiquei com olhos Aurélio do outro lado do salão.

 — Sabe o que ele faz aqui?

 — Ele gosta de vigiar os passos de minha mãe, creio que ele acreditava que ela viria. — Ele me olhou erguendo a sobrancelha — mas acho que ele achou algo mais interessante.

 — Isso me assusta.

 — Ele não pode fazer nada, e também sabe que estamos com você e sua mãe onde quer que vocês estejam. Inclusive estou sabendo que está de mudança.

 — É realmente está me vigiando bem. Vamos mudar para o fim de Aurora do Norte — brinquei — Minha mãe já assinou tudo vamos nos mudar amanhã ou depois talvez.

 — Minha mãe mora ali perto.

 — Ah, explicado o porquê de minha mãe querer uma casa naquele bairro então. — Revirei os olhos — Sua mãe tem uma grande e maluca fã.

 Ambos olhamos para minha mãe que estava vestida elegantemente com um vestido vermelho triunfante e os cabelos presos com bastante laquê que os deixavam luminosos. Ele tossiu um riso sutil eu retribuo o riso. Havia gostado de sua visita repentina, mas sabia que ele não estava ali exclusivamente por minha causa. Estava de certo modo, mas não diretamente. Ele era um espião aquela noite, estava vigiando e analisando a situação. Ficamos sentados por longos minutos, perguntei a ele quando iríamos treinar novamente e ele disse que em breve, eu havia gostado de sua resposta, tanto quanto de sua presença. Aquela noite acabou bem, sem ataques bestiais.

A semana se seguiu de modo pacífico, vi Benji duas vezes em dias corriqueiros de trabalho. Minha mãe era o tipo de pessoa que gostava de valores pessoais, por esse motivo, negou a ideia de que eu abandonasse meu emprego e trabalhasse com ela, ideia minha por sinal. Segundo ela eu devia conquistar meu espaço, mudar de emprego se necessário achar, mas não me conformar com a facilidade de vida que estávamos tendo e ver ela como uma solução para que eu não arcasse com a responsabilidade de ter meus próprios negócios, ela não estava errada, comecei a pensar em uma outra possibilidade de mudar de emprego, já que íamos ficar naquela cidade para sempre eu tinha de ter um plano de vida, mesmo sabendo que aquela pequena cidade de cinco mil habitantes mal tinha empregos que realmente valesse a pena. Encontrei uma vaga de auxiliar na única clínica veterinária presente na cidade, embora eu tivesse um curso pela metade poderia ser algo bom, e depois eu poderia dar um jeito para concluir a faculdade. Mas enquanto isso não acontecia, e os ideais eram apenas planos futurísticos da qual eu pensava constantemente, continuei a seguir o fluxo que minha vida seguia.

Crônicas da Noite - A Ordem da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora