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O som do salto alto tocando o piso da casa ecoou, e Pilar surgiu logo após o som dos seus passos que anunciava sua chegada, ela havia trago consigo uma pasta que estava em suas mãos. Antes que todos a abordasse ela mesma se prontificou a falar: 

— O que Adriel disse é verdade. Fui trancafiada contra a minha vontade em um quarto de prata, mas aqui está o motivo — ela balançou a pasta nas mãos — Bom, eu não sei sobre a existência de outras criaturas sobrenaturais, vampiros foram extintos a anos, então fui atrás do supremo a fim de saber o que Adriel é. Acontece que ele se interessou pelo menino, eu jamais teria dito a respeito de Adriel se tivesse lido esses arquivos que ele mesmo me deu.

Ela caminhou até mim e me entregou a pasta.

— Ele disse que eu devia matar Adriel, mas quando folheei essas páginas descobri que Adriel é muito mais importante do que imaginava. Falei que não faria isso, neguei o pedido do Supremo — continuou — Eu também não contei onde Adriel se encontrava para que ele não o seguisse.

— Mas mãe ele é o Supremo-Alfa — disse Caleb espantado. — Não pode negar uma ordem, é deslealdade.

— Não, ele é o Supremo-Alfa que nós escolhemos. Mas Adriel tem nas mãos o poder de eleger o novo Supremo-Alfa. Uma Alcateia com uma criatura feita como Adriel é uma Alcateia muito poderosa. E digo isso globalmente.

— Como assim mãe? — Perguntou Benji se aproximando de mim.

— Abra a pasta. — Ela ordenou com o olhar severo.

Eu havia me esquecido que ela havia me dado. A pasta grampo, parecia antiga, capa feita com papelão pardo e fino, não havia uma etiqueta, apenas um elástica para que a mantivesse fechada. Passei o dedo de maneira sutil tirando o elástico e abri cuidadosamente a pasta recheada de folhas amarelas com desenhos e gravuras, havia uma escritura da qual não entendia, mas os desenhos eram feitos a grafite de uma criatura semelhante a um demônio, tinha uma única cor vermelha nos olhos, era cinzenta com orelhas e chifres, pareciam ser pequenas. Passei as folhas e havia mais desses desenhos estranhos, eram gravuras demoníacas. Benji se aproximou de modo curioso enquanto o olhava cautelosamente as folhas antigas daquela pasta. Perdia a concentração com a aproximação de Benji, e olhei sutilmente para seus lábios que estavam pertos, senti um certo nervosismo com sua aproximação mesmo sabendo que ele só queria ver a pasta e por esse motivo entreguei a pasta em suas mãos sem analisar o restante.

— Não dá para entender essas palavras — balbuciei.

— Está escrito em Castelhano — disse Benji deu uma pausa e respirou fundo — Uma Peeira, como? Aqui diz que são mulheres? Como Adriel é uma Peeira?

— Impossível! — disse Theo se levantando num salto com olhares assustados tomando a pasta.

— O que é isso? Um demônio? Por que esses desenhos parecem demônios? — insisto em perguntar

— Não, essa são as formas atribuída às Peeiras no mundo espiritual. Adriel, você é uma ninfa, um hibrido na verdade, você é uma Fada dos Lobos. — Balbuciou Benji incrédulo.

— Sabemos muito pouco sobre as Peeiras, são raras, mas uma Alcateia com uma, é uma Alcateia poderosa. — disse Pilar roubando nossa atenção — São originalmente mulheres, pelo menos é o que diz a lenda, mas você parece uma exceção, uma raridade da raridade. Adriel você é capaz de controlar os Lobisomens — disse Pilar tocando meu ombro.

— Merda! Merda.... Então ele pode escolher o próximo Supremo-Alfa e ninguém pode contestar. Enquanto ele viver ele pode decidir quem assume a Alcateia. — disse Caleb num tom de fascino.

— Sim. Portanto, não podemos esquecer de nossas leis. Nossa cultura — disse Pilar.

Então um uivo vindo do lado externo da casa cortou o ar. Pilar ficou abruptamente agitada e assustada.

— É isso... Preciso que tirem o garoto daqui. — Disse ela pegando a pasta e entregando novamente em minhas mãos — Leve isto.

— O que está acontecendo mãe? — indagou Don

— Estão me farejando, eu fugi do Supremo hoje de manhã enquanto ele havia saído para uma reunião, preciso que levem o garoto — disse ela afogueada, empurrando o ombro Benji que me içou pelo braço me puxando para os fundos da casa. — Benji dê um jeito de levar o Adriel para a cabana do bosque, aquela que você fez com Cora quando anos atrás. O resto vão me ajudar a distraí-los. — Acrescentou.

Eu não concordei que iria, mas também não discordei que deveria ir, o segui assustado. Seguimos pela enorme casa, sua mão quente segurava a minha me puxando para que eu não me perdesse, meu corpo dava leve trombadas nas curvas repentinas que fazíamos até encontrarmos a saída dos fundos. Benji parou um momento, aguçou o nariz farejando algo, e também eriçou-se como se estivesse usando seus sentidos. Pegou apertou meu braço e me puxou em um solavanco bruto.

— Por aqui...

Crônicas da Noite - A Ordem da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora