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 Peguei a garrafa, estava nervoso nunca havia feito aquilo de modo proposital e depois das tentativas frustradas com Benji, durante o dia. Sim, Benji e eu tentamos utilizar esse meu "dom", mas não deu tão certo. Havia um grupo de homens com caras amarradas e bravas que assistia a garota dançar o que me deixava ainda mais inseguro, mas me aproximei com cautela e gingado mesmo sem saber ao certo o que estava fazendo, eu nem sequer sabia dançar.

 A menina era nova, devia ter minha idade, os cabelos laranjas estavam soltos para o lado, sua roupa era curta assim como a minissaia, segurava em uma das mãos uma garrafa de cerveja tão igual quanto a minha que beberiquei e me contive para não cuspir, nojento e gelado, cerveja não era algo bom, melhor que eu não bebesse em sua frente ou seria capaz de estragar meu mais novo disfarce.

 — Oi — falei roubando a atenção dela e arfando em vergonha.

 — Você?! — deu um pulo assustada como se me conhecesse.

 Estranhei imediatamente a ação repulsiva, ela parou de dançar surpresa. Seus olhos arregalaram se, e logo em seguida ela se conteve, voltando a dançar lentamente me encarando de certo modo amedrontada com a minha presença. Eu estava me sentindo um patético dançarino, nenhum outro homem ali dançava exceto eu que estava parecendo um boneco de posto de gasolina, parecia que eu estava tentando flertar com ela, o que de certo modo eu não faria dessa forma.

 — Me conhece? — pergunto após sua reação

 — Não — disse em tom duvidoso enrugando o nariz sardento

 — Bebida? — ofereci a minha.

 — Não. Me deixa em paz. — Disse me dando as costas

 Rapidamente com a insegurança de que não desse certo peguei em seu braço para roubar sua atenção, eu ainda não estava acostumado com os relampejos e flashes de cenas sendo invadida em minhas memorias, não esperava que fosse funcionar. Por esse motivo saltei, com as mãos na cabeça deixando a garrafa de cerveja cair, ela deu um breve grito, eu havia acabado de chamar a atenção de metade do bar, vi um carro, e ela estava dentro do mesmo cavalgando em cima de um homem, os dois faziam sexo de um modo selvagem, eu nunca havia visto aquilo, o homem em questão era o mesmo com cara de fuinha, também vi ela dando dinheiro ao homem que outrora vivo conversava com Sam, o mesmo homem que falou sobre mim à Sam, ela entregou a ele um calhamaço de notas em dinheiro. Minha mente tentava retomar, e claridade do bar invadia meus olhos de visão turva, os homens que observavam e assistiam a garota se incomodaram e vieram em minha direção irritados.

 — Qual foi? Deixa a garota irmão — um deles falou empurrando o meu ombro e cambaleei confuso.

 — Calminha rapazes — disse Cora me içando pelo braço — O que viu? — disse ela aos sussurros enquanto me guiava.

 — Não, o Don não está comendo ela. É um outro, aquele de cabelos louros — indiquei com o olhar ele sentado bebericando cerveja.

 — Rene? — disse surpresa em seguida falou com brandura: — A Sarah vai adorar escalpelar aquela cadela...

 — Mas tem outra coisa — falei quando ela já me soltara indo para trás do balcão levar a fofoca à outra menina que atendia um grupo de homens ao outro lado.

 — Vi ela dando dinheiro a um humano, o mesmo que contou a Sam sobre mim.

 A expressão dela mudou, deixou a fofoca de lado e ficou boquiaberta.

 —Rene, filho da puta! — Ela sussurrou em subjugação.

Crônicas da Noite - A Ordem da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora