Página 32 - A Verdade X

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 Mantive minha inquietude ocasionada pela minha breve ansiedade. A residência Laurenz era uma enorme mansão afastada ficava no alto de uma pequena colina cercada por arvores de um bosque sem fim e bem verdejante, podia dizer que ali acabava a cidade em si, não havia mais nada além daquela morada a não ser arvores e mais arvores. A mansão de coloração neutra tinha três andares nítidos do lado de fora, era possível ver cortinas do lado interno da residência através das amplas quantidades de janelas, havia pilastras enorme de gesso, com mais de dois metros de altura cercadas por trepadeiras com flores murchas e encruadas por conta da frente fria que se instalava na cidade. A área pequena entorno da casa era cercada por gramíneas e uma ou outra arvore grande. Não era possível ver com mais detalhes, uma vez que, em meio a penumbra daquela noite poucas luzes da residência estavam acesas. Nas gramas havia um pequeno acostamento de veículos e reconheci um deles sendo como o de Benji. Pilar estacionou o veículo e então me dei conta da ausência do cinto de segurança entonto do meu tronco durante o trajeto todo, só agora. Descemos do carro, e havia um caminho de pedras chatas e cascalhos sob o chão que continha alguns paralelepípedos distantes uns dos outros o suficiente para que entre as divisões crescessem um punhado de gramas nitidamente verde. O vento soprava ainda mais intenso nesse local e Pilar caminhou com o seu salto alto sob as pedras de modo cuidadoso e habitual para não atolar no solo terroso entorno das pedras de caminho.

 Quando chegamos na escada da varanda da enorme residência a porta se abriu, era Sarah, correu às pressas para os braços da mãe em um breve abraço que me fez automaticamente lembrar da minha, mas agora que eu estava mais calmo não queria que meus pensamentos fossem tomados pela tristeza constante da perda que ainda havia se instalado dentro de mim e eu ignorava-a. ignorava o meu choro dizendo a mim mesmo que eu não podia chorar, eu devia ser forte, tal como Benji e Pilar, devia ser resistente às minhas emoções e não me deixar levar.

 — Vim o mais rápido que pude — disse Sarah.

 — Os meninos?

 — Estão todos lá dentro esperando você — disse ela segurando no braço de Pilar.

 Ao adentrar, um alvoroço, os meninos que estavam no hall de entrada se prontificaram em receber Pilar, pelo visto ninguém ali ainda havia visto ela, todos pareciam com um certo anseio em se aproximar, menos Benji que permanecia no canto perto da poltrona onde Theo estava sentado e se levantou para e beijar e abraçar a mãe que retornava ao lar. Benji me lançou um olhar que rendeu alguns segundos, imagino que minha cara de choro tenha retornado ou ficado mais expressiva ao vê-lo, uma vez que, eu sentia que ele era o único ali capaz de me melhorar, tentei desviar o olhar de pressa para que ele não se aproximasse de mim e me fizesse a pergunta: "está tudo bem?" pois eu mal saberia o que responderia e certamente debulharia em lagrimas perdendo todo o meu empenho em reter a emoção de comoção referente a morte de minha mãe.

Pilar seguiu, disse para que esperássemos ali mesmo, houve uma troca de olhar entre todos os irmãos enquanto ela caminhou para longe do hall de entrada. Aquele enorme e amplo cômodo era composto por um piso lustroso branco, com uma figura em formato de losango formada por uma sequência de pisos preto no meio do hall, para combinar com piso, vasos de porcelana preta com detalhes de gravuras e linhas brancas no chão, enormes e quadrados aos cantos com galhos de arvore prateada se mortas dentro, as poltronas também eram bem semelhantes as cores, todas com estofados brancos impecáveis seguidas por uma moldura na madeira do esqueleto da mesma no tom que o piso de losango preto brilhoso, havia um enorme lustre de vidro com vários pinguelos de cristais de luzes fracas e delicadas paralelamente com o centro formado por pisos pretos. 

Não dei nenhum passo temendo que poderia sujar o chão impecável e brilhoso com meus sapatos, era possível até mesmo ver meu reflexo. Na parede havia diversos quadros com rostos, eram fotografias feitas inicialmente a mão, e ao longo que as imagens se seguiam, o que se era pintura se tornou mais próximo da realidade e logo percebi que aquelas sequencias de quadro se tratava de uma arvore genealógica, e a última foto era de Benji ao lado de uma sequência de retratos de seus irmãos. Na fotografia ele estava diferente, parecia mais novo, sua barba e seu cabelo marrons estavam curtos e com menos fios prateados. Notei de soslaio que Benji ainda me fitava e voltei meu olhar contra ele de pressa fazendo com que ele desviasse o olhar coçando o nariz de modo sugestivo. Theo e Sarah discutiam especulando o que havia acontecido com Pilar.

— Ela foi raptada — falei com a voz rouca interrompendo as teorias de Sarah e Theo

— O quê? Como assim? — disse Don boquiaberto

— Você usou aquela parada nela? — perguntou Théo e neguei com a cabeça.

— Adriel, como sabe disso? — disse Benji.

— Ela me disse, disse para mim que foi sequestrada pelo Supremo. — Balbuciei — Trancada num quarto de prata.

— Eu sabia, tem merda debaixo do tapete Theo! — exclamou Sarah.

Crônicas da Noite - A Ordem da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora