Episódio 21 - Promessa de sangue

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Yaman ficou diante do quarto com as mãos agoniadas, pressionando os dedos um nos outros. O homem diante dele andava de um lado para o outro desesperado e olhava para a porta do quarto assustado. Sempre quando o grito da mulher ecoava pela casa simples. Os dois em conjunto sentiam o coração sair do peito.

Então, é assim? Seher vai sofrer do mesmo jeito que essa pobre mulher?

Quem bateu na porta dos dois era um jovem rapaz chamado Deniz. Ele não sabia a quem recorrer àquela hora da noite. Sua esposa estava em trabalho de parto, numa casa logo em cima do morro. Ele bateu em outras casas, mas ninguém o atendeu. Yaman achou isso esquisito, até desconfiou do relato dele.

Mas o homem parecia mesmo alguém de bem e necessitado de ajuda. Seher correu para dentro de casa trocar de roupa e Yaman fez a mesma coisa. Voltaram em poucos minutos e subiram juntos a ruazinha de pedra até a casa simplesinha que ficava no pé do morro.

Seher, logo foi até o quarto para ver a mulher. Ela estava sobre a cama se contorcendo de dores. Suava em bicas e grunhia. Yaman nunca viu uma mulher dar à luz e não iria ver agora. Então, ficou na porta observando de longe.

— Temos um carro, podemos levá-la ao hospital. – O homem explicou que a esposa ia ter o filho em casa. Mas Seher tentou convencê-la do contrário. – Lá, você terá toda a assistência necessária. Ter um filho assim nessas condições é muito arriscado.

— Não podemos ir. – Os dois disseram ao mesmo tempo.

— Se formos meu pai vai ficar com a criança. – Ela berrou em lagrimas. – Ele deve ter homens na cidade. Ele está em todos os lugares. Ele vai tirar a criança de mim.

— Como é? – Seher questionou o pai da criança.

— É uma longa história. – Seher voltou-se para a mulher.

— Você tem certeza que quer ter o filho aqui? – O quarto tinha apenas uma cama de casal. A pintura era velha e a calefação não ajudava em nada. O ambiente estava frio.

— É a única maneira de continuar com meu filho. Eu vou tê-lo aqui. – Seher suspirou e olhou para Yaman. Ela engoliu em seco e mirou a mulher.

— Eu vou te ajudar.

— Você vai? – A mulher apertou a mão de Seher. – Obrigada.

— Traga água morna e panos secos, por favor. – Ela pediu para Deniz e assim que ele saiu do quarto. Yaman entrou.

— Posso fazer alguma coisa?

— Sim, lá em casa tem uma maleta de primeiros socorros. Por favor traga-os para mim.

Depois que tudo estava nas mãos de Seher. Ela fechou as portas do quarto e os dois ficaram do lado de fora. Yaman olhava no relógio. Era quase cinco da manhã e a única coisa que ouvia era os berros da mulher, o choro dela angustiado.

Por que demora tanto? Será que Seher também vai demorar a ter o nosso bebê?

Yaman não era do tipo de sentir medo de coisas bobas, mas durante aquelas horas de espera. Pensou que quando chegasse a vez dos dois não estaria preparado. Não tinha nada relacionado a partos assim no livro que ele leu. Será que deveria buscar livros de partos naturais?

Não, sua Seher não passaria por isso. Iria preparar o melhor hospital, a melhor equipe. Ela teria a assistência necessária. Seu filho viria ao mundo sem nenhuma provação.

Um choro de bebê foi escutado e o homem olhou para Yaman.

— Ele nasceu?

— Acho que sim. – Ele correu para os braços de Yaman e o abraçou em prantos. Yaman não gostava muito disso, mas deu dois tapinhas na costa do rapaz. – Meus Parabens!

Sonsuz - Infinito ¦ ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora