Episódio 10 - A Escolha

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O carro seguia por uma estrada limpa e bonita. Entre montanhas e vales acidentados. O lugar provavelmente era perto da praia porque ao longe se via a praia e o mar azul. O sol forte iluminava a ilha e a sensação térmica passava dos 28°.

Estávamos sendo guiados por um motorista/segurança. Eu sei porque ele está armado. Faltava alguns poucos minutos para chegarmos à mansão da senhora. Eu tive então, que perguntar.

— Por que essa mulher odeia você?

— Alguns anos atrás aconteceu um incidente em que ela perdeu milhões de dólares. Até hoje ela pensa que eu sou o responsável.

— Você é? – Eu o mirei firme. Ele apertou os olhos confuso.

— Eu não sou. – Ficamos em silêncio. Ele não precisou dizer mais nada. Eu sabia que era verdade.

— O que eu devo esperar dessa senhora? Ela vai apontar uma arma na minha cabeça? – Ele riu.

— Não. Feride Hanim é um pouco mais sutil que isso. É, um tanto quanto excêntrica, mas não é do tipo assassina a sangue frio. Estamos chegando para um evento do qual ela é muito orgulhosa. Sra. Feride é a patrona de um orfanato na Turquia e anualmente ela é a anfitriã desse leilão beneficente, onde pessoas ilustres comparecem.

— Entendi. Então, se ela te odeia como fomos convidados?

— Berat fez a ponte, como eu te expliquei antes. Além disso, ela sabe o motivo que me trouxe aqui. Se ela me recebeu mesmo assim é porque tem interesse no que eu posso dar em troca.

— O que é? – Ele me olhou esquisito. – Você tem que me contar, afinal serei eu que falarei com essa senhora. Não acha?

***

Aprendi com o tempo que a melhor maneira de lidar com o silêncio de Yaman é entender que tem um tempo. Tempo para ele pensar em um jeito menos tão impactante de me falar as coisas. Ele não era assim, mas desde que descobri mais sobre seu passado ele tem evitado falar as coisas para mim.

Chegamos na casa da senhora Feride e fomos recebidos por um comitê. Havia um tapete vermelho e três funcionários de cada lado. A tal senhora era baixa e sorridente. O sorriso dela logo me chamou a atenção. Acho que eu também fui alvo de seus olhares. Assim que sai do carro ela abriu os braços para receber-me.

— Ah, Kizim! Você é muito bonita! – Eu a abracei de volta, um tanto quanto confusa.

— Olá! – Respondi.

— Deve estar achando esquisito, mas esse é o meu jeito. Sou sempre alegre. – Ela apertou minha bochecha e voltou-se para Yaman. Para ele o seu sorriso morreu. – Pena que se casou com esse ogro!

— Merhaba para a senhora também. – Ele retrucou.

— Como você se casou com Yaman? Não havia outro homem mais decente para ser seu marido? – Ela falou num tom maternal e divertido. Pegou-me pela mão e me levou com ela para dentro. Yaman nos seguiu em silêncio.

Não sei porque ela estava agindo assim comigo, mas achei interessante que tenha gostado de mim de primeira.

— Vamos, eu preparei um lindo café da manhã para vocês. – Eu a segui mesmo um tanto quanto incomodada com o toque dela em minhas mãos. A pele de seus dedos era enrugada e fina, mas não era por isso a minha desconfiança. Como ela poderia gostar de mim assim tão rapidamente?

A mansão era enorme, eu percebi pelo hall de entrada. Limpo, claro e de teto altíssimo. A esquerda havia uma escada em meia lua. Era larga e provavelmente feita de mármore. Seguimos em linha reta até uma sala igualmente grande onde uma mesa enorme nos aguardava.

Sonsuz - Infinito ¦ ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora