Ep 42 - O Chá

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Yaman é naturalmente um cara imaginativo. Enquanto a esposa narrava o que lhe havia passado naquela noite. Ele visualizou claramente o caminho de seu sofrimento. Porém, apesar de desejar ardentemente quebrar a primeira mesa que visse pela frente. Ele conteve-se, apenas apertando fortemente as mãos.

Ela seguiu serena revelando a natureza de sua conversa com Arif Baba e Sabine. Quando finalizou, perguntou a ele oque Yaman tinha a dizer. Ela não sabia o que falar para o marido. Ela já esperava a pior reação, mas ele ao invés de gritar ou falar algo. Apenas caminhou até a sacada, apoiou-se no peitoral e socou a estrutura de concreto.

Seher se desesperou.

— Yaman não faça isso! – Ele continuou a socar. – Yaman! Nossos filhos dormem no quarto ao lado! Yaman!

Ele se conteve apenas porque ela o segurou pelos braços com força. Ele respirava ofegante, suava em bicas e tinha o rosto pintado de vermelho. As veias do pescoço de Yaman pulsavam loucamente enquanto ele impedia o grito de sair de sua boca.

Yaman se afastou de Seher abruptamente e saiu do quarto. Ela não precisava perguntar para onde ele iria. Nem o que faria. A falta do arco e flecha na parede explicou-lhe tudo. Da sacada ela passou quase um hora observando-o atirar flechas. Brigar com as flechas, jogar o arco no chão.

Ele estava furioso e sua raiva era compreensível. No seu interior Yaman se sentia impotente. Que mundo era esse que havia enfiado-se com sua esposa? Ela não podia sequer estudar fora do país que é perseguida, seu melhores seguranças mortos cruelmente.

Como poderiam viver em paz? A morte era como uma sombra que os cercava. Ainda que houvesse um dia de sol, ali estava ela os assombrando por trás de alguma arvore, num passeio qualquer. Yaman não gostava de pensar muito sobre a possibilidade de ambos serem atacados a qualquer momento.

Se fizesse isso nunca teria permitido que ela viajasse para longe. Pelo amor de Deus, ele não era um homem das cavernas. Talvez tivesse sido antes de conhece-la. Seher ajudou-o a mudar, a ser diferente e a ver o mundo com olhos menos tão tirânicos.

Agora o que faria? Atirou uma flecha que não acertou o alvo. Passou pela estrutura desenha e morreu enfiada na grama. Ele nunca errava uma flecha. Agora suas perturbações eram tão grandes, que ele também se sentia vulnerável. Sua esposa, seus filhos eram tudo para ele. Seu tendão de Aquiles. Não era novidade para nenhum de seus inimigos.

— Eu não devia ter deixado ela ir. – Ele disse e tinha sido, talvez, a milésima vez que havia dito isso.

Seher esperou o marido. Ele apareceu no quarto o relógio marcava 3h34. Ela estava sentada na poltrona, fatigada, mas sem vontade de dormir. A verdade é que Seher tinha medo de dormir. Quando ela fechava os olhos flashes daquela noite vinham até ela. Assombrá-la e deixa-la ainda mais confusa.

Yaman entrou no quarto e tirou o moletom. Jogou-o sobre a cama e foi até a esposa. Ajoelhou-se diante dela, pegou suas mãos e as beijou. Seher sentiu o gesto dele em sua alma. E ficou mais tranquila, porque sabia que ele havia dissipado toda a sua raiva. Logo depois ele se colocou de pé e puxou-a junto com ele.

Eles ficaram abraçados um tempo, depois Yaman segurou o rosto de Seher. Viu seu olhos encherem d'gua e adiantou-se naquilo que ia dizer.

— Eu quero te dizer, que seja lá quem arquitetou esse ataque, essa pessoa não escapará das minhas mãos. Seher, eu prometo a você que iremos acha-lo e puni-lo.

Seher acenou com a cabeça. Ela tinha certeza que ele não faria diferente disso. Yaman com um de seus polegares secou a lágrima de seu rosto.

— Posso te perguntar uma coisa? – Ele disse ainda olhando-a firme. – Realmente esse patife não...quer dizer...

Sonsuz - Infinito ¦ ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora