Uma vez mafioso, mafioso sempre.
Eu nunca acreditei nessa frase que a sra. Feride escreveu em seu diário, que eu li há anos. Nunca acreditei até me ver diante de uma situação tão desconcertante quanto essa. Minha sala de estar parecia um quartel general. Papeis em cima da mesa, computadores espalhados pela mesa de jantar.
Yaman no telefone, Berat entrando pela porta da frente com caixas de equipamentos que eles compraram pela internet. Eu não podia acreditar no que estava vendo. Como eu ia explicar isso para Yusuf e Emir?
— Aqui está. – Emelie me deu um papel. – Acampamento de Férias em Montana, Estados Unidos.
— O que é isso?
— Assim podemos evitar que nossos filhos presenciem tudo isso que está acontecendo, evitando também que a gente tenha que explicar que seus pais são ex-mafiosos.
Eu não precisei pensar muito.
— Vou fazer as malas dos meninos.
— Eu já preparei a dos meus. Espero que um mês seja o suficiente para resolvermos isso.
— Uma semana já teríamos tudo pronto, se eu ainda fosse a líder da Karga.
— Sim, eu achava você muito boa no que fazia. – Ela sorriu para mim. – Foi por sua causa que eu decidi me envolver mais nos assuntos do meu marido.
— Talvez isso não tenha sido uma boa ideia. – Eu respondi.
— Tem razão, mas ao menos agora eu conheço ele muito melhor que antes. E estou ainda mais irritada com ele do que antes. Berat é uma pessoa totalmente obcecada. Ele não dorme, não come, não descansa. O negócio dele é ficar na frente do computador investigando coisas. Ele não era assim antes.
— Ah, não me fale. – Entrei na cozinha para checar a comida que estava no fogo. – Yaman está totalmente fora das orbitas. Você acredita que ontem ele inventou que vai colocar um sistema de monitoramento por satélite aqui em casa?
— A mesma coisa que Berat quer fazer na nossa. Viu aquelas caixas? São materiais para a construção disso tudo. Eles perderam o juízo. E se a gente não fizer alguma coisa, eles vão ficar piores do que já são.
— Acho que tem um jeito de resolver isso. – Eu tinha uma ideia e compartilhei-a com Emelie. Hoje Yaman teria que tomar um rumo em sua vida ou eu daria esse rumo a ele.
***
Ele estava sentado no sofá com o tablet nas mãos, uma pilha de caixas ao seu redor, inclusive quando eu sai do quarto esbarrei numa delas.
— O que é isso?
— Eu trouxe para cá, porque o Emir queria mexer nas coisas. Ele estava fazendo perguntas achei melhor não responder. Por isso resolvi colocar aqui no quarto. Espero que não te importe.
— Me importa. – Respondi ríspida. Ele me olhou franzindo a testa.
— Por que? – Eu cruzei os braços. Os anos de casamento nos permitiam essa comunicação cifrada. – Amor, eu sei o que você vai dizer, mas eu preciso trabalhar de dia e de noite para nos proteger. Se eu não fizer assim, como iremos descobrir quem está tentando nos matar. Além disso é só eu e o Berat, é muito trabalho.
— Deixa ver se eu entendi, você está reclamando que não estou ajudando, é isso? – Me aproximei dele ainda de braços cruzados.
— Não, não estou dizendo, mas... Você era a líder da Karga. Eu tenho certeza que você sabe de muita coisa, detém conhecimentos que eu não tenho, por exemplo. Se você, não sei, se preocupasse um pouco mais com a nossa segurança e não com seu restaurante, então...
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Sonsuz - Infinito ¦ Concluída
KurzgeschichtenO que aconteceria se o dossiê jamais tivesse aparecido na lua de mel de Seher e Yaman? Essa histórias seriada que irá explorar a vida doméstica desse casal. Mas nem tudo será tão simples para eles, um casal que ainda precisa descobrir o que sentem...