Episódio 8 - A morte de Navalha

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Eu confio ao meu esposo a minha vida. Se ele me disser esse é o melhor caminho. Então, eu irei com ele por esse caminho. Não foi uma confiança conquistada em pouco tempo. Passamos por tanta coisa, coisa que ninguém sabe e nunca saberá. Como os eventos da noite passada.

Eu estou pensando nisso no conforto de uma poltrona da 1° classe de um voo comercial da Emirates. Estamos voltando para casa, mas horas antes eu achei que nunca mais o veria. Ele está dormindo ao meu lado. Está exausto, o que é um tanto quanto esquisito. Ele sempre perde o sono quando está muito estressado. Acho que os seguranças que viajam com a gente no mesmo voo, garantem a ele esse relaxamento.

Só que eu não consigo dormir. Ainda está viva na minha memória o que eu passei, o que eu vi ele fazer por mim. Foi como se eu tivesse visto a fera dentro dele ressurgir e aquilo me fez sentir medo e uma segurança tão grande. Não sei explicar.

Yaman sempre disse que poderia queimar o mundo por mim, mas eu nunca pensei que ele faria isso de verdade. Literalmente.

***

24 horas antes.

Eu acordei sentindo uma forte dor de cabeça. Meus olhos se adaptaram a luz com dificuldade. Eu estava num quarto, sobre uma cama. Não era o meu quarto de hotel eu percebi pela decoração e pelo tamanho.

Ele era imenso.

Olhei ao redor ainda confusa e senti uma dor no meu pulso. Eles estavam roxeados. Então, eu lembrei de como consegui essas marcas. Homens entraram no apartamento. Renderam Yaman e depois tentaram me pegar. Eu lutei contra elas, com todas as coisas que eu sabia e aprendi com meu esposo. O problema é que eu poderia até saber me defender, mas eu estava apavorada demais para pensar racionalmente.

Então, eles me pegaram pelos pulsos. Puseram um pano preto sobre a minha cabeça e depois eu não vi mais nada. Acordei nesse quarto. Conferi se minhas roupas estavam no lugar. Eu ainda usava a calça jeans e camisa de gola alta preta. Até meu colar de prata estava comigo. Eles não me machucaram, mas por que não fizeram isso? Então, lembrei de Yaman e fui até a porta. Bati e gritei para que me tirassem dali. Eu não sabia para quem eu gritava, nem para quem.

Eu não sabia se devia ou não fazer isso, mas continuei a bater. Até que ouvi o barulho de chave, me afastei da porta e pequei uma estatua de bronze de cima de uma estante luxuosa. Era a figura de uma mulher grega.

A porta abriu e antes que eu pudesse atingir o meu inimigo, eu me surpreendi. Fui freada pelo impacto de descobrir quem havia me prendido.

— Faruk Bey! – Ele ergueu as mãos como quem se entrega.

— Você deve estar pensando muito mal de mim. Não faça isso. Por favor! – Ele indicou o objeto na minha mão. Eu a mantive na posição em que estava.

— Onde está o meu marido? O que você fez com ele?

— Ele está bem. É isso que vim explicar para a senhora. – Eu segui desconfiada. – Tivemos que fazer isso, porque faz parte do nosso ritual de iniciação. Você deve saber que seu marido agora é membro da Alcaty. Nossas filiações são maiores e portanto, recebe-lo para nós é uma honra. Porém, tradições, são tradições.

— Vocês o sequestraram! Seus homens machucaram os meus pulsos, me levaram a força para esse lugar. O senhor chama isso de tradição? – Ele pareceu nervoso. Eu ainda estava com a estátua em posição de ataque. E se ele dissesse a palavra tradição de novo, eu jogaria a estátua na testa dele.

— Senhora, entenda. Eu não faço as regras, sou apenas um mero cumpridor delas. – Ele inclinou a cabeça numa reverencia. O sr. Faruk era um homem teatral. – Mas saiba que fiz isso com uma intenção. Yaman não pode quebrar as regras, ele terá que participar da cerimonia.

Sonsuz - Infinito ¦ ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora