Seher abriu os olhos e não viu Yaman na cama. A primeira reação dela foi suspirar chateada. Embrulhou-se no lençol até cobrir a cabeça. Se sentia uma idiota por se deixar levar pelo que sentia por ele.
Era seu marido, sim, mas não recordava disso e com certeza estava se aproveitando. Tinha todo aquele perfil irritante do homem que ela enfrentou como inimigo antes de se casar. Ontem quase entregou-se ao amor com esse homem. Já tinha feito isso antes. Foi boba. Acreditou que as coisas iriam ser diferentes depois daquela noite, mas ficaram ainda piores.
Esse homem sem memória não a via como esposa. Apenas como uma diversão. Era uma pessoa paciente, mas Yaman conseguia tirar o juízo dela. A tranquilidade de seu espírito.
Ela bufou debaixo dos lençóis. Meu Deus, como eu posso suportar esta situação por mais tempo?
— Já está acordada? – Ela ouvi-o dizer. Seher tirou o lençol do rosto e o mirou. Seu queixo quase caiu ao chão. Ele estava sentado na cama com uma bandeja de café da manhã na mão.
— O que é isso? – Ela sorriu de lado encantada com o gesto. Esqueceu-se por completo a sua raiva.
— Eu acho que você vai precisar se alimentar bem...depois de... uma situação desconfortável com o bandido. – Ela virou o rosto envergonhada e Yaman sorriu. – O que? Pensou que eu ia falar a respeito de você ir ao meu quarto, subir em mim, me provocar, morder os meus lábios e cair fora?
Seher apertou os olhos confusa. Desnorteada. Como assim, do nada, o marido apareceu com uma bandeja de café da manhã dizendo essas coisas? Ela voltou a si rapidamente e retrucou:
— Aquilo foi para mostrar a você que não é tão simples as coisas. Mas pelo visto você segue orgulhoso de si, não é sr. Kirimli? – Ele enfiou uma rodela de pepino no garfo e ofereceu para ela. Seher recuou um instante, mas pela insistência dele comeu.
— Orgulhoso? – Ele riu. – Se eu realmente fosse, não estaria aqui alimentando a minha esposa. Esposa? Seher não pôde crer.
— O que te deu? É quase como se fosse o mesmo de antes. – Ela pegou em seu garfo um pedaço da omelete e provou. – Não me diga que você que fez?
— Sim. Você gostou? – Seher deixou o garfo no prato e tocou no rosto de Yaman. Checou os olhos, os lábios e até o pescoço.
— Está bem? Sente febre ou algum incomodo? – Ele pensou em fazer graça da situação, mas estava ali com um proposito. Ver a tatuagem no ombro de Seher e a única forma, era também a que ele tentou evitar todos esses dias, desde quando num deslize, fez amor com ela.
A vida era curiosa. Como ele poderia imaginar que teria que voltar aos braços dela? Não se orgulhava de ter que fingir, de enganá-la em seus sentimentos que ele sabia serem verdadeiros. Yaman não sentia nada ou talvez sentisse, mas não sabia identificar muito bem. Era tão fácil ser um bom homem apaixonado para ela. Tão fácil.
— Estou ótimo. Não se preocupe. – Ele sorriu.
— Eu devo estar sonhando, então. – Ela checou o próprio pulso. Tocou na própria testa. Talvez estivesse delirando de febre.
— Pare com isso! Está tudo bem. Será que eu não posso ser gentil com a minha esposa? – Esposa? Ele disse de novo. Seher ficou ainda mais surpresa. Yaman tratou de explicar-se. – Depois de ontem, eu percebi uma coisa.
— O que? – Ela estava ansiosa. Será que ele lembrou?
— Eu não gosto de você. – Seher sentiu o sangue subir à cabeça, levantou da cama e bateu o pé para fora do quarto. Yaman a seguiu. – Ei espera, eu não terminei de falar.
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Sonsuz - Infinito ¦ Concluída
Short StoryO que aconteceria se o dossiê jamais tivesse aparecido na lua de mel de Seher e Yaman? Essa histórias seriada que irá explorar a vida doméstica desse casal. Mas nem tudo será tão simples para eles, um casal que ainda precisa descobrir o que sentem...