Episódio 3 - O jantar

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"Já estou chegando"

Foi a mensagem que recebi de Seher enquanto a esperava chegar em casa. Ela tinha saído para ir ao salão. Hoje tínhamos que comparecer ao nosso primeiro evento social como casal. Era um movimento essencial para que se tivessem certeza que estávamos juntos. Não que isso não fosse verdade.

Eu me sentia muito feliz com meu casamento. Principalmente agora que nós dois vivíamos do jeito certo. Desde a volta da lua de mel a nossa vida se tornou bem tranquila. Só havia uma coisa que me preocupava e eu não tinha coragem de falar isso com ninguém.

Cenger se aproximou de mim com um café. Eu tinha esquecido de ter pedido isso a ele. Me esquecia do mundo à minha volta quando ficava no pátio observando a paisagem.

— Yaman bey. – Ele me entregou a xícara e o pires.

— Obrigada, Cenger. – Eu bebi um gole e coloquei a xícara sobre o parapeito.

— O senhor me parece preocupado. -- Ele me disse. 

— É o nosso primeiro evento como casal.

— A sra. Seher estava muito ansiosa e me pediu ajuda com o seu terno. Eu separei conforme ela me orientou.

— Como ela estava quando saiu?

— Me pareceu bem. Acho que apenas um pouco nervosa. Ela queria que tudo desse certo, pelo que eu ouvi.

— Cenger queria pedir um conselho. – Ele se aproximou para me ouvir melhor. Eu apoiei uma das mãos no parapeito. Como eu falaria isso para ele? Como se desabafa isso para alguém? – Bom, eu tenho, na verdade...Há momentos que eu entendo ela, mas outros que eu não sei oque passa em sua mente. Esses dias, depois que voltamos, você sabe da nossa lua de mel. Eu não consigo me aproximar...quer dizer. Não consigo conversar com ela. Não sinto como se estivéssemos brigados, mas não sei explicar bem...não estamos totalmente... eu não a entendo, Cenger. Não entendo e isso está me tirando a paz.

Ele me olhou e sorriu. Acho que entendeu o que eu quis dizer, mesmo não tendo usado as palavras certas.

— O casamento não é tão simples quanto aparenta, Yaman Bey. É necessário ser criativo, paciente e confiar no sentimento que há entre o casal.

— Criativo, você diz? – Ele acenou com cabeça sorrindo e se afastou pedindo licença para sair. 

Eu podia ser criativo. Não era uma coisa difícil. Eu podia fazer isso sem problemas. Sim, eu resolveria essa detalhe hoje a noite depois do jantar. Não como se fosse algo impossível. Voltei para a sala com meu café e logo quando entrei, Seher descia os degraus vindo ao meu encontro.

Ela usava um lindo vestido longo preto e de alças. Era justo ao seu corpo, evidenciava suas curvas, mesmo que o sobretudo a cobrisse de certa maneira. Ela estava muito elegante, mais do que eu imaginei que estaria. Seus cabelos estavam preso em um penteado charmoso e as longas madeixas caiam sobre seus ombros.

Senti uma imensa vontade de beijá-la quando se aproximou, mas me contive.

— O terno ficou muito bem em você. – Ela elogiou sorrindo. Eu caminhei até ela e peguei sua mão.

— Você está absolutamente linda. – Seher baixou o rosto corando. Sempre ficava assim com elogios meus.

— Eu achei que esse evento precisava de uma roupa e maquiagem especial.

— Tem razão. É um evento importante.

— Você não acha que esse vestido está demais? Quer dizer...eu não o escolhi. Foi a estilista. Eu pensei em algo mais discreto, mas ela falou que esse seria perfeito para um coquetel.

Sonsuz - Infinito ¦ ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora