Episódio 51 - Herdeiros da Ametista

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"Vocês podem guardar um segredo toda a sua vida, sem nunca mais conta-lo para alguém?"

Quando eu entrei no quarto do tal Abdullah vi o tamanho da encrenca em que me meti. Eu vi um quarto assim em um filme podre que me recomendaram para assistir. As minhas amigas falaram que o ator era lindo, eu achei ele mais ou menos.

O filme era totalmente pornográfico e Yaman reclamou muito de me ver assisti-lo. Era um tal de quarto para fazer coisas impróprias. O homem era um louco sádico. Eu achei algo extremamente chocante. No fim eu acabei ficando revoltada com Yaman, porque ele achou a atriz bonita.

O quarto de Abdullah era exatamente igual ao do filme. Não sei como cheguei nesse lugar, me venderam os olhos. Mas eu podia garantir que a única diferença do quarto do filme para esse, é que ao invés de ter um homem tatuado de barriga tanquinho na minha frente. Eu tinha um velho barrigudo de calção em cima da cama, respirando com a ajuda de um balão de gás.

— Você tem certeza que... – O homem que me deixou do lado de dentro do quarto, me ignorou e fechou a porta.

— Venha, Seher. Ninguém poderá nos ouvir aqui no nosso ninho de amor. Eu sei que vou morrer logo, mas não posso ir sem ter nunca provado o seu sabor.

— Ninguém pode nos ouvir? – Eu fiquei surpresa.

— Não, esse quarto fica longe de qualquer outro cômodo da casa. Temos a noite toda.

— Sim, temos. – Eu sorri.

— Vem, me dá um beijo. – Ele pediu erguendo os braços para mim. – Eu estou pronto para você, eu consigo sentir.

Comecei a sorrir ainda mais.

— O que foi? Não acredita em mim? Então tira a minha cueca e você verá. Eu serei seu garanhão essa noite.

— Senhor Abdullah, eu não vou ver o seu "colega". – Eu dei de ombros.

— O que? Está me recusando?

— O senhor realmente pensou que eu ia transar com o senhor? Eu? – Me aproximei da mesinha de cabeceira e peguei o celular dele.

— O que está fazendo?

— O seu problema Abdullah, é pensar só com a cabeça de baixo. – Ele se agitou na cama. – O problema da maioria dos homens. Vamos lá! Assim como o senhor me investigou por anos, eu fiz o mesmo com o senhor. Tenho um amigo hacker que deu valiosas informações sobre o seu câncer de pulmão. Quem diria que fumar incessantemente charutos de havanna iriam destruir suas chances de sobrevivência?

— Sua vadia! – Ele murmurou segurando o peito.

— Ah, está doendo. Meu deus! Que pena! – Eu me aproximei dele, segurei em seu rosto. – Desgraçado, filha da mãe! Pena que você morrerá nessa noite sem nunca pagar por todas as mulheres que você estuprou nessa mansão.

Ele arregalou os olhos.

— Pensa que eu não sei o que o senhor fez? Todos os escândalos sexuais! Eu falei que meu informante é muito bom. Hoje, será o seu ultimo dia de vida e não será vivendo o prazer insano da sua carne pecaminosa, mas sendo sufocado por sua própria desesperação.

— Eu... vou... matar...

— O que? A mim? Ah, não me faça rir, Abdullah.

— Como...você... conseguiu? É...impossível. Por anos...eu tentei...como aconteceu?

— Você quer saber por que o senhor nunca conseguiu me ferir? Eu vou explicar. Está vendo essa pulseira? – Eu mostrei e não precisou dizer nada. Ele arregalou os olhos como se tivesse visto um fantasma diante dele.

Sonsuz - Infinito ¦ ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora