Episódio 6 - A Promessa

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— Yaman, você conferiu as redondezas? Tem certeza que realmente está tudo bem e seguro? – Ele suspirou longamente tirando as nossas duas malas do bagageiro do carro. Eu sei que eu estava sendo chata, não era preciso que ninguém me dissesse isso. Eu sabia. Mas não podia deixar de perguntar.

— Amor, eu já falei várias vezes que está tudo bem e seguro. Podemos passar o tempo que quisermos aqui no campo. Nada vai acontecer. O mais perigoso é encontrarmos uma cobra no meio do caminho.

Ele carregou as malas e entrou na casa. Yusuf correu atrás de seu tio já pedindo que os dois saíssem para pescar. Como era possível que Yaman estivesse tão tranquilo? Tudo bem que ele me garantiu que Aksak não faria nada contra nós, porque os dois selaram um acordo de paz. Como Yaman fez isso eu também não sei. Ele não me contou, disse que era segredo da tal organização. Não sei se devia acreditar nele ou não.

Apesar de achar que ele está me ocultando algo, senti que não deveria perguntar abertamente. Eu iriam descobrir de outra forma. Eu não estava brava com ele de maneira alguma e se ele estivesse mentindo, eu sabia que era para me proteger de alguma verdade muito dura. Eu queria que ele confiasse em mim, mas eu me perguntava se seria capaz de lidar com o que ele oculta.

Essa viagem foi protelada há muito tempo, mas dessa vez ele quis cumprir a promessa para Yusuf. Mesmo com essa aparente paz eu realmente não conseguia relaxar. Talvez por isso ele também quis viajar para longe da cidade. Acho que ele queria que eu não perguntasse mais sobre Aksak.

Estávamos numa vila distante um dia de viagem de Istambul. Yaman dirigiu todo o percurso. Saímos por volta das cinco da manhã e chegamos quase seis e pouco do outro dia. Paramos para jantar e descansar, mas seguimos viagem logo em seguida. Eu cochilei um pouco pela madrugada, mas ele seguiu firme. Devia estar exausto, mas ainda tinha fôlego para ir pescar com Yusuf.

Eu estava de pé na entrada quando ele saiu com o menino com as varas de pescar e um balde vermelho.

— Você vem conosco, tia? – Yusuf me perguntou.

— Não, meu amor. Creio que esse momento é seu e do seu tio. Eu vou ficar e preparar o almoço.

— Tudo bem. – Ele partiu na frente. O lago onde pescariam não ficava longe do campo de visão da cabana. Estávamos num morrinho alto, o lago ficava lá embaixo e era enorme.

— Está mais tranquila agora? – Ele me pegou com a mão livre e me trouxe para si. O cheiro forte de seu perfume me invadiu as narinas.

— Não sei se tranquila é a palavra certa.

— Vamos ter muito tempo para relaxar aqui nesse lugar. – Ele beijou o alto da minha cabeça. – Descanse. Quando eu voltar, posso fazer algo para comermos.

Eu não fiz o que ele falou. Ao entrar na cabana a primeira coisa que fiz foi verificar janelas, portas, se havia saída de emergência. Como estava a calefação e se o telefone fixo funcionava.

Pedi orientações de Firat e algumas aulas. Ele queria saber porque eu queria aprender, mas eu não contei. Disse que era por ser "esposa" de uma pessoa importante. Contei que já tinha experimentado situações complicadas em taxis. Ele se convenceu e então, passou a me ajudar com aulas secretas duas vezes por semana.

Além disso, eu pesquisei no celular tudo que se podia saber sobre proteção pessoal. Eu fiquei apavorada com a possibilidade de ter que aprender a atirar. Eu realmente acho que não deveria saber essas coisas, eu ainda tenho uma visão contrária à armas. Mas infelizmente eu devo aprender a respeito.

Pesquisei sobre tipos de armas, algumas táticas de defesa pessoal, praticava as que eu aprendi com Firat. E ainda peguei o canivete que ficava no carro de Yaman, coloquei-o na minha bolsa e rezei para nunca ter que usá-lo. Eu contei a ele que eu queria aprender a me defender sozinha e ele disse que era necessário. Afirmou que haviam dezenas de seguranças que poderiam se arriscar por mim.

Sonsuz - Infinito ¦ ConcluídaOnde histórias criam vida. Descubra agora