Deep Breathing

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Sábado, 27 de setembro.

– Á Rose, que foi uma mãe, uma filha, uma esposa, uma irmã, e uma mulher forte. – a professora McGonagall dizia naquela manhã de sábado, no cemitério da cidade aonde moravam antes de tudo. Ela assente para que Caroline pudesse dizer algumas palavras, já que seu pai não estava presente.

Ela respira fundo, crava as unhas em sua mão direita, e se aproxima do que era a frente de onde sua mãe havia sido sepultada.

– Eu queria ter algo preparado, mas não consegui colocar nada no papel. – ela faz uma pausa, tentando ainda se concentrar em respirar devagar. – Mas como você pode descrever uma mulher tão gentil, forte, e incrível? Uma mulher que não só é totalmente responsável por quem eu sou hoje, mas que fez todos os que a conhecem mais felizes? – ela pausa ao sentir seus olhos arderem, e espera um instante até que pudesse continuar. – Eu não tenho respostas hoje, e eu não sei o que vai acontecer daqui para frente. Mas pretendo me tornar a mulher que ela sempre desejo que eu fosse. Obrigada. – ela diz e saí dali ao sentir como se pudesse cair a qualquer momento.

Alguém que fosse observador entenderia o porque de Caroline estar usando uma blusa preta de mangas,  num dia realmente quente como aquele. E ela sabia que teria que passar os próximos dias tampando os seus braços, se não quisesse que comentem sobre o porquê dos ematomas em sua pele.

E não é como se ela realmente quisesse se machucar tanto, mas essas coisas acontecem quando ela tem crises de pânico, e não é algo que ela possa controlar.

A enterraram em frente a casa onde Caroline cresceu, e ao lado da sepultura dos seus outros parentes que não haviam sobrevivido a primeira guerra.

Caroline estava em seu quarto, vendo tudo o que deixou, se sentindo culpada mais uma vez. Ela não podia evitar as lágrimas que tomavam o seu rosto, mas podia tampar as olheiras com maquiagem, e era isso que estava fazendo naquele momento. Ela queria parecer no mínimo, apresentável, já que toda a comunidade bruxa parecia se preocupar com o seu bem estar de repente.

– Caroline? – o garoto diz entrando em seu quarto, assustando a garota que acabara de tentar tampar a sua dor com maquiagem, não que tivesse ajudado muita coisa, era a mãe dela que a ajudava com essas coisas.

– Harry? – ela diz se levantando devagar, dando passe para que ele se aproximasse.

– Eu não sei dizer o quanto eu sinto muito.

– Não precisa dizer, você está aqui agora.

– Como você está? – ele diz mas logo se arrepende, ao ver a expressão desconfortável de Caroline. – Ok, isso foi uma pergunta realmente ridícula. É claro que você não está bem, no que eu estava pensando? – ele resmungava praticamente para si mesmo.

– Tudo bem, é... automático. – ela disse com um sorriso pequeno, notando o quão vermelhas as bochechas de Potter podiam ficar.

E ela já havia feito muito disso, lembrou. Na verdade, ela podia jurar que todo mundo já havia comentado algo do tipo em uma situação assim. Era até engraçado de se pensar. E é como se naquele momento, ela pudesse até rir daquilo.

– Bom, eu não quero te incomodar de forma alguma, só queria ver como estava. – ele diz se afastando lentamente, em direção a porta, mas volta para trás em um impulso descontrolado e rápido, passando as suas mãos pelo pescoço dela, a abraçando.

Ela se vê um pouco confusa, mas logo passa seus braços por suas costas. Ela realmente precisava do conforto dos braços de Harry naquele momento.

As bochechas de Potter tocavam o espaço entre sua testa e bochecha. Porque por mais que ele estivesse quase com a cabeça enfiada em seus cabelos, ainda conseguia ser mais alto do que a garota. Mas ela realmente não era baixa, Potter era um garoto bem alto, provavelmente 1,80? Mas aquilo não importava, sinceramente, porque ela só queria passar todo o tempo que tinha no abraço quente do garoto.

Ela passava sua mãos por suas costas, com toda a força que tinha, mesmo sem perceber o que estava fazendo. Era só que... diferente das milhares de pessoas que a perguntaram se estava bem, Potter parecia ser o único que realmente se importava. E talvez Pansy, mas a morena nunca foi a pessoa mais carinhosa.

Ela sentiu uma lágrima escorrer em seu rosto, e então afundou mais o seu rosto no pescoço de Harry. Ela não queria soltar-lo, mas não poderia obrigar que o garoto passasse o dia alisando seus cabelos. E após um suspiro, ela se afasta dele, que dá um sorriso meigo e a deixa sozinha.

Ela não queria pensar em nada naquele momento. Não queria pensar no que seria sua vida a partir daquele momento, ou no que seria dela mesma. Ela deixaria seus pensamentos e preocupações para outro dia. Agora, tudo o que ela tinha que fazer era cumprimentar uma legião de bruxos perguntando se ela estava bem.

'Lá vamos nós', pensou e se direcionou para fora de casa, surpresa por quantas pessoas haviam chegado em poucos minutos.

Two Worlds Apart - Harry Potter Onde histórias criam vida. Descubra agora