In the middle of the night

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– Olá? – dizia uma voz masculina se aproximando. – Tem alguém aqui? – ela não precisou de muito para perceber que o garoto era Potter. Como ele sempre aparecia nesses momentos?

Ela se levanta e fica de costas para a voz, encarando o céu sabendo que Potter se aproximava.

– Caroline? – ele disse quando já estava perto o suficiente para reconhecê-la.

– Oi Harry. – disse depois de um momento, ainda sem encarar seus olhos azuis.

– O que faz aqui? – perguntou já ao seu lado, também encarando o céu.

– O que você faz aqui? – diz se virando para ele, que também se virou ao perceber.

– Eu não conseguia dormir, então decidi andar um pouco. – ele diz por fim.

– Eu também não. – diz voltando a encarar o céu.

– Pode parecer idiota, mas seria bom se conversasse sobre isso. – diz ganhando os olhos de oceano da garota sobre os seus. – Não tem que ser comigo, mas deveria... colocar o que te incomoda para fora.

– Você soube de como a mataram? – ela diz se afastando, para poder se sentar. Ele apenas assente que não, e se senta ao seu lado no chão. – Eles disseram que viram Bellatrix Lestrange saindo do local onde mamãe foi encontrada. – Potter a encara, surpreso e confuso. – Sabe, não pudemos colocá-la num caixão aberto, – ela faz uma breve pausa. – porque seu corpo estava totalmente coberto por ematomas. Ela foi torturada por dias, até que a matassem. – diz pousando seu olhar em qualquer coisa, porque sentia que fosse se afogar em lágrimas a qualquer momento.

– Caroline, minha nossa, eu não tinha ideia. – ele diz se aproximando mais, com um olhar acolhedor.

– Como alguém poderia ser tão cruel?

– Está perguntando para o cara que perdeu os pais quando ainda era um bebê? – ele diz sorrindo, contagiando a garota, aliviando um pouco a tensão. – Sinceramente? Eu ainda não achei a resposta. – ela o encara. – Eu simplesmente não consigo entender como uma pessoa pode ter tanto desprezo pela vida.

– Eu não consigo parar de pensar que ela estava sofrendo, e eu estava aqui. Estava vivendo.

– Você sabe que nada disso é sua culpa, certo? Não tinha como saber.

– Mas, eu fiquei sentindo uma sensação estranha por dias, como se algo terrível estivesse acontecendo. Talvez se eu tivesse mandado uma carta, talvez eles pudessem tê-la encontrado antes que fosse tarde de mais. Talvez se eu... – ela diz já com os olhos molhados, mas é interrompida pelo garoto.

– Ei, olha para mim. – ele diz levantando o seu queixo gentilmente, fazendo com que ela o encarasse. – Você não pode se culpar por uma coisa que não pode controlar. Mesmo que tivesse avisado, mesmo que algo em você soubesse, não tem como ter certeza de que isso ajudaria. – ele diz tocando carinhosamente a sua mão, fazendo Caroline a aperta-la com força, soltando um sorriso mínimo. – Eu sei que é difícil, e que é mais fácil achar razões para se culpar do que razões para seguir em frente. E eu não estou dizendo que tem que esquecê-la, mas precisa saber que existem coisas que não podemos mudar. – ela sorri, ainda apertando a mão do garoto, que a olhava profundamente.

Eles entram em um longo silêncio, e o constrangimento fez com que Caroline se desvencilhando de sua mão gentilmente. E respira fundo antes de cortar o silêncio.

– Eles querem que eu deponha. – ela diz quase incrédula. – Como se eu tivesse alguma ideia do que aconteceu.

– Eles acharam Bellatrix?

– Não, e essa é a parte engraçada. Porque eles querem que eu diga que a minha mãe sofreu um acidente. – ela diz em desgosto.

– Mas, seu pai não é poderoso? Ele não pode fazer alguma coisa?

– Eu não o vejo desde aquele dia na escola, quando me contou o que tinha acontecido. Ele simplesmente sumiu do mapa, e o ministério está tentando tampar a notícia desde que descobriram que foi um trabalho de Bellatrix. A única coisa que fez foi obrigar o Profeta a apagar uma matéria que tinham feito, dizendo que minha mãe estava envolvida com Artes das Trevas. – disse com a voz já cansada, se escorando mais na parede.

– É como se o ministério estivesse empenhado com que ninguém soubesse que Ele está de volta. – ele revira os olhos. – Mas, er, você está pensando em depor?

– O quê? Claro que não. Eu estaria sendo uma desgraça para a memória dela. E não é como se eles pudessem me obrigar. – Potter entreabre os lábios para dizer algo, mas um barulho alto faz os dois quase pularem de susto, e o garoto se afasta para pegar algum tipo de pano. – O que é isso? – ela sussurra para ele, que se aproximou dela, quase a abraçando, colocando o pano estranho encima dos dois.

– Confia em mim. – diz se aproximando ainda mais, com um braço no ombro da garota, mantendo os dois em uma distância de centímetros. E aquilo seria estranho, mas o medo se serem vistos era maior do que o constrangimento daquela situação.

– Não tem nada aqui, vamos logo. – uma voz masculina grossa dizia.

– Acha que ele já saiu? – Caroline perguntou, e Harry assentiu, tirando o pano que os cobria. – O que exatamente é isso?

– Uma capa da invisibilidade. – ela levanta as sobrancelhas, confusa. – É, eu sei. – ele ri. – Mas é literalmente isso, uma capa da invisibilidade.

– Brilhante. – ela ri. – Acho que é hora de irmos, certo?

– Tem razão. – ele diz e ela se afasta indo em direção as escadas. – Espera! – ele faz ela se virar. – Está bem tarde, se te virem pode pegar não sei quantas detenções. – ela franze o cenho, tentando entender aonde o moreno queria chegar com aquilo. – Se formos com a minha capa...

– Ah, tudo bem. – ela responde antes que Potter se perdesse em suas próprias palavras.

Two Worlds Apart - Harry Potter Onde histórias criam vida. Descubra agora