Thinking Clearly

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Caroline Pov.

Segunda, 2 de novembro.

Acordei mais ansiosa do que o normal.

Geralmente me sentia assim no começo de uma semana, mas hoje, era como se eu estivesse sentindo algum tipo de sentimento que me deixasse completamente agitada.

Ainda era bem cedo, então muitas garotas ainda estavam a dormir.

Senti um impulso de acordar Pansy, mas já sabendo que ela me odiaria por isso, apenas me vesti e resolvi aproveitar o tempo que tive naquela manhã. Até porque, eu nunca tinha tempo de andar um pouco pela escola, ou bom, descansar.

Os primeiros dias não foram os mais fáceis, me lembrei e não pude evitar de rir.

Malfoy havia deixado claro que não facilitaria nada para mim, e na mesma semana me fez andar com ele e seus amigos.

Eu pensei que nunca fosse me encaixar, e agora eu pareço ter tudo.

Bom, talvez não tudo.

Eu não tinha alguém para conversar sobre garotos, ou até mesmo magia. Claro que eu poderia fazer isso com qualquer um, mas ninguém jamais seria como ela.

Harry já se irritou comigo tantas vezes quando eu dizia ter culpa do que aconteceu, que eu nem consigo mais entender porque eu fazia isso.

Eu não poderia saber, e mesmo se soubesse, não teria conseguido impedir. E de qualquer jeito, eu já havia aceitado, por mais que fosse difícil.

Éthan parecia estar realmente se dando bem com os gêmeos Weasley, e eu estava até o vendo mais do que antes. Eu estava feliz por ele, ele tem um jeito diferente de lidar com a dor. Ele sempre foi de se esconder, e fingir que a dor não existia. Mas agora, ele realmente parecia estar melhor.

Uma coisa interessante sobre a dor, era que ela nunca ia embora. Não importa o que você faça, sempre vão existir as cicatrizes das coisas que a fizeram sofrer. E não importa quanto tempo passe, aquilo vai sempre estar com você. Você só tem que decidir se vai usar isso para ficar mais forte, ou para fazer com que todos sofram na mesma intensidade que você. E não importava quanta raiva eu sentia, não desejaria algo assim nem para meu pior inimigo.

Não estava ficando mais fácil, talvez nunca fosse ficar, mas eu estava aprendendo a conviver nessa nova realidade. É uma vida que eu nunca imaginei que teria, mas não é ruim, com certeza não.

Conforme o vento balançava os fios castanhos do meu cabelo, eu apenas me concentrava nas sensações ali. Na beleza daquele lugar, em toda a magia, no quão engraçado era encontrar alguns alunos do primeiro ano correndo pelos corredores enquanto Flich os seguia raivoso, com sua gata em mãos. No quanto aquilo me fazia me sentir completa. Em como era mágico.

Sorri ao me lembrar no último fim de semana, quando eu e Harry voamos por todo o campo, e depois nos deitamos no gramado apenas aproveitando o momento.

Era como se a cada dia que passasse, só conseguíamos nos aproximar mais.

Passamos o dia inteiro pelos gramados do castelo, sorrindo, falando besteiras, comendo e nos libertando. Eu apenas o assistia andar igual um idiota, falar como um idiota, rir como um idiota, ser um idiota.

Mas era o meu idiota.

E eu me vi passando boa parte do meu tempo apenas imaginando quando o veria de novo. O que era bizarro, porque eu o vejo o tempo inteiro. É até estranho que ele ainda não tenha surgido do nada, já que ele faz isso o tempo inteiro.

Eu só sentia como se tivesse que passar todos os momentos ao lado dele, e contar a ele todas as loucuras que aconteciam diariamente na comunal sonserina. Como se ele fosse o único que estivesse me esperando no fim do dia.

Potter tem algo no olhar, eu não sei descrever bem, mas me dá uma sensação boa. Como se o mundo fosse mais colorido, como se ele brilhasse, me fazendo brilhar também sempre que estava com ele.

Às vezes, quando estou sozinha, me pergunto se ele já pensou nisso também. Se esses momentos também são tão importantes para ele, da forma que são para mim. Eu sei que ele se importa, e sei que ninguém me suportaria por tanto tempo por obrigação, mas de alguma forma, esses pensamentos e inseguranças começaram a correr pela minha mente ultimamente.

Não sei dizer o porquê. Ou quando começou. Mas tudo parece mais intenso, e eu tenho medo de que seja apenas algo da minha cabeça.

De qualquer jeito, eu tinha pelo menos mais uns 30 minutos livres, e não iria gastar ele pensando em inseguranças.

Eu ainda estava na armada de Dumbledore, assim como a relação com Hermione parecia cada vez mais promissora. Estávamos nos tornando amigas, e eu não podia deixar de pensar que ela era realmente incrível. Ela e Malfoy eram praticamente iguais no sentido de serem muito perfeccionistas, o que era extremamente engraçado, pois o loiro a odiava de todas as maneiras, e não tinha quase nada haver com o fato dela ser trouxa.

Suspirei, me levantando para ir em direção ao Salão Principal, bem mais relaxada do que antes.

Pensar era uma coisa tão comum, um hábito involuntário, mas tão necessário. Eu adorava pensar, e falar é claro. Quando não estou falando com alguém, estou falando sozinha. É simplesmente algo que eu gosto de fazer com o meu tempo.

– Bom dia. – uma voz rouca, e com certeza sonolenta falou por trás. Me assustei quando me vi arrepiar, já que era a voz de Potter.

– Bom dia, idiota. – falei sem me virar para trás, presumindo que ele logo caminharia ao meu lado. E foi o que ele fez.

– Eu estava te procurando. – falou. – Umbridge quer fazer interrogatórios, e por mais que eu não ache que vá te chamar por ser sonserina, achei que seria bom se soubesse.

– Quando eu penso que ela não pode ser pior, ela vai lá e piora. – resmunguei revirando os olhos. – Sabe, no fim de semana eu vou para casa e vou aproveitar para ver o que meu pai pode fazer sobre ela.

– Como assim? Acha que ele pode fazer algo para tirá-la do poder? – questionou com um sorriso pequeno, quase como se ouvesse uma faísca de esperança no ar.

– Meu pai pode ser distante, mas acho que se eu pedir ele vai fazer o que pode. E se julgarmos pela posição dele, pode conseguir.

– Isso seria incrível. – falou com um sorriso amigável, me encarando de forma meiga, e eu retribui o sorriso.

Essa expressão. É dessa exata expressão que eu falo. Do olhar que ele tinha, de que me protegeria de todos os perigos. É esse olhar que me deixa tão encantada, ainda que confusa.

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