Someone to be

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Sexta, 9 de outubro.

Eles estavam desconfiando de algo, eles sabiam que eu sumia no meio da noite, eles sabiam que eu estava mentindo, eles sabiam que não era normal quase não me verem fora das aulas.

Afinal como ela explicaria que ia para a Torre todos os dias, á meia-noite para ver Harry Potter? Malfoy no mínimo surtaria.

Mas eles nunca entenderiam de jeito algum, nem mesmo Pansy. Porque de todos, Harry era o único com quem ela podia conversar que entendia como era perder a mãe. Ele fazia com que seus problemas parecessem tão pequenos, como se, as vezes, ela se sentisse mais leve ao seu lado. E era o que ela precisava naquele momento.

Alguém para... estar.

E por mais que eles parecessem empenhados em ajudá-la a se sentir melhor, no final, ela ainda precisava de alguém para segurar a sua mão e dizer que ficaria tudo bem. E pelo menos por enquanto, Potter era essa pessoa.

Mas, hoje, ela só queria poder desaparecer.

Porque foi numa sexta como essa, que a sua vida desmoronou. E agora já faziam duas semanas. Duas semanas e ainda parecia tão irreal, como se ainda tivesse chance de ver a sua mãe a esperando em casa com um sorriso no rosto.

E essa era a pior parte, porque ela não queria aceitar que nunca mais á veria.

De qualquer jeito, se ela não saísse da cama agora ia ter que lidar com uma Pansy irritada, e ela realmente não estava afim. Então, se levantou, fez o que precisava no banheiro, arrumou seus cabelos castanhos, vestiu seu uniforme e gravata verde, se olhou no espelho por uma última vez e saiu logo dali, deixando Parkinson se arrumando e indo em direção ao Salão Principal para o café da manhã.

– Oi, Caroline. – o moreno disse se sentando ao seu lado na mesa sonserina, tirando a garota de seus pensamentos.

– Oi, Harry. – diz sorridente.

– Como se sente? – questionou enquanto mordia uma maça.

– Estou bem. – respondeu segura, mas Potter levanta as sobrancelhas, em dúvida. – É sério. – ela revira os olhos. – Eu realmente me sinto bem. Talvez não radiante, mas... bem. E Pansy estava me ajudando á por umas fotos da minha mãe perto da minha cama, ontem.

– Isso é ótimo. Conversar está ajudando, não é mesmo? – ele ria.

– Não se gabe, Potter. Mas, sim, conversar realmente está me ajudando. – concordou com um suspiro, seguido de um sorriso de lado, logo retribuído.

– Ér, conseguiu terminar o trabalho de Runas Antigas? Hermione estava falando que se atrasou.

– Sim, eu consegui. Mas eu realmente preciso de sua ajuda em Transfiguração. De novo. Você sabe que eu não sou a pessoa mais inteligente do mundo, principalmente em qualquer matéria que eu precise pensar.

– Você é extraordinária, Caroline. Não precisa de mim. Mas, se quiser, eu fico. – disse sincero, dando um sorriso meigo ao rosto da morena.

– Eu quero que fique. – ela sorri, deixando os dois por um silêncio por alguns segundos, deixando a garota ansiosa, mas de um jeito bom. Eles se encaravam e o sorriso havia sumido, porque aquela sensação era intensa demais para ao menos se lembrarem de que aquilo poderia ficar estranho á qualquer momento. Ela sentia como se pudesse delirar, encarando cada parte do rosto de Potter, surpresa pela maneira que ele ficava bonito de qualquer ângulo.

– Saí, Potter. – uma voz feminina tirou os dois do transe, fazendo com que Harry saísse dali tão rápido que parecia ter visto um monstro terrível. – O que ele estava fazendo aqui? – ela questionou com desgosto ao se sentar.

– Perguntando como eu estava. – diz impassiva.

– Por que dá atenção para eles? – questiona revirando os olhos.

– É como eu te disse, Potter sabe como é perder a mãe. – deu de ombros.

– Eu não dou a mínima. Tem sorte de não ter sido Malfoy no meu lugar. Ele teria no mínimo explodido de raiva.

– Mas o que diabos Malfoy tem haver com o que eu faço?

– Você não pode andar com Malfoy e ser amiga de Potter, é como andar em uma linha entre fogo e água. Uma hora vai queimar, ou se afogar. Não dá para viver nessa linha para sempre.

– Quer dizer que eu vou ter que escolher?

– Só estou dizendo para não se apegar com o grifinório. Porque se ainda planeja se dar bem na sonserina, não vai ter escolha além de ficar do nosso lado. – diz a encarando de lado, enquanto colocava uma uva na boca. – E são Malfoy e Potter, estão sempre brigando. Uma hora vai estar no meio disso e vai ter que decidir.

– Isso é ridículo! Eu estou aqui há... um mês? Como eu poderia fazer escolhas se ainda estou conhecendo as pessoas?

– Eu não sei, Care. Mas eu só sinto que está entrando em um furacão, e depois das coisas que vem passando, não acho que vá querer mais preocupações. – diz por fim, deixando Caroline pensativa, mas logo correm dali para não se atrasarem para a aula.

Two Worlds Apart - Harry Potter Onde histórias criam vida. Descubra agora