Here we go again

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Segunda, 5 de outubro.

Ansiedade, insegurança, medo, preocupação.

Aqueles eram os principais sentimentos de Caroline enquanto voltava a Hogwarts.

Ela e seu irmão haviam passado a última semana em uma cidadezinha no interior de Londres, onde a família de seu pai morava. Mas seu pai não estava lá. Ela não via o mesmo desde o dia em que sua mãe...

Ainda era difícil dizer essas palavras.

Ela não sabia como os alunos iriam reagir, ou até mesmo tratá-la, porque eles simplesmente eram muito instáveis.

E ela também não sabia se os sonserinos com que ela havia feito amizade, continuariam os mesmos, já que seu pai havia se afastado das posições políticas naquele momento. E ela se lembrava muito bem do loiro a dizendo que aquela era a única razão para andarem juntos, além da Taça das Casas.

E como seria voltar ao dormitório? Voltar a rotina? Como seriam as coisas naquele momento de sua vida?

Mas não poderia pensar naquilo, porque Ethan já havia passado quase que por cima dela, entrando no Grande Salão.

E então começam os sussurros, os olhares, a falaçao, os rostos expressando pena, outros rostos expressando um pequeno desgosto aliado a confusão enquanto ela estava ali, completamente paralisada, sem ter ideia do que fazer. Até que sente uma mão em seu ombro.

– Vem, vamos. – ouviu da garota que pousava sua mão em seu ombro, e ela nem precisava encará-la para saber que era Pansy. Talvez as coisas não tivessem mudado, afinal.

– Então, como está? – o loiro perguntou quando ela se sentava em sua frente, e logo recebe um olhar raivoso de Parkinson.

– É sério? Não tinha nada mais idiota para falar? – ela questiona.

– Não tem problema, hm, eu estou bem. – ela dizia encarando algum tipo de ponto fixo na mesa. 

– Não se preocupe, eles não ousariam chegar perto de você se estiver do nosso lado. – a morena disse ao perceber o desconforto da novata, fazendo a mesma dar um pequeno sorriso. – Bom, não sabíamos quando voltaria, ou se voltaria, mas pegamos toda a sua matéria, e fizemos uns trabalhos para você, os que não poderiam ser adiados.

– Isso é... obrigada, mesmo. – ela diz sincera, com um sorriso meigo. – É até ridículo eu já ter achado que vocês eram pessoas ruins. – ela resmungou praticamente para si mesma.

– Não seja idiota, só somos legais com quem merece. Assim como podemos ser bem ruins, mas apenas com quem merece. – ela dizia como um ensinamento de vida.

Eu sempre ouvi que os sonserinos eram vilões, e eu cheguei a acreditar nisso. Mas passando um tempo aqui, eu percebi que é só mais uma das coisas que eles dizem.

Porque, no final, eles só querem apontar um herói e um vilão.
Mas nem sempre precisa ser sobre 8 ou 80, ou sobre sim ou não, qualquer um pode ter seu momento sombrio, assim como qualquer um pode ser gentil.

– Ah, a única matéria que não pegamos foi Estudo dos Trouxas, porque nenhum de nós faz essa matéria. Mas eu me lembro de Potter dizer que te passaria o que perdeu. – o moreno do grupo dizia, fazendo Caroline perceber que ele estava ali o tempo todo. Ela realmente não estava prestando atenção em nada, e se preocupava em como aquilo poderia atrapalhar o seu desempenho nas aulas.

– Por que faz Estudo dos Trouxas, Montoya? – o loiro questiona sem encará-la, enquanto brinca com sua comida. – É patético.

– Curiosidade, Malfoy. Eu não gosto de viver numa bolha. – ela retruca fazendo o mesmo franzir o cenho, revirando os olhos.

– E sobre o que aprende? – ele resmunga, tirando sua atenção da comida a encarando. – Sobre como eles vivem suas vidinhas estúpidas sem magia? Sobre como eles se acham inteligentes por construírem carros? Tudo na vida trouxa é ridículo.

– Você se surpreenderia. – ela diz, por fim, e começa a comer alguma coisa.

[...]

– Pensei que seria difícil voltar ao dormitório, mas está exatamente como eu deixei. – ela dizia organizando algumas coisas na sua mesinha de cama, enquanto Pansy se sentava em sua cama. – Como se eu nunca tivesse saído.

– Foi só uma semana, Montoya. E, não é como se fossem vandalizar as suas coisas. – a morena dizia a encarando. – Eles não estão com raiva de você, até porque, não tem motivo para isso.

– As pessoas daqui são completamente instáveis, acreditam em tudo o que veem ou escutam. – ela diz e Pansy franze o cenho. – Imaginei que boatos correriam pelos corredores, por causa daquela matéria do Profeta.

– Eu não acho que eles tenham tido tempo para pensar sobre aquele artigo, já que seu pai fez eles apagarem quase instantaneamente. – ela diz e a novata a encara, e logo se senta ao seu lado na cama. – E não, Caroline, eu não ouvi nenhum boato sobre a sua mãe.

– Como sabe que meu pai derrubou o artigo? – pergunta confusa, se escorando na parede, quase deitada.

– Por favor, eu sei de tudo o que os meus pais sabem. E, sobre como a sua mãe... – ela se interrompe, não querendo terminar a frase. Mas tinha certeza que a novata havia entendido, pelo jeito que a olhou naquele momento. – Eu realmente sinto muito. É triste, e terrível.

– Obrigada. – diz com um suspiro.

E então elas permanecem em silêncio, como já estavam acostumadas a fazer. E aquilo era ótimo, porque Caroline não sabia se conseguiria dizer mais qualquer palavra.

[...]

Ela poderia pegar detenção se fosse vista aquela hora andando pelos corredores do castelo.

Mas ela não se importava. Tudo o que queria no momento era algum lugar onde pudesse ficar sozinha. E a Torre de Astronomia era perfeita, já que ela sabia que as pessoas não subiam lá com tanta frequência.

Ela encarava o céu, que por alguma ironia do universo, não contava com quase nenhuma estrela.

Mas ela não estava lá para chorar, porque nesse momento só conseguia sentir raiva. Como eles poderiam ter feito algo tão assombroso com uma mulher tão gentil? Como eles podiam ser tão frios a esse ponto?

Ela gritava e puxava seu próprio cabelo, até que seus pés cedem e ela desliza para o chão, não podendo evitar as lágrimas que estavam a cair.

E ela poderia ficar daquele jeito por horas, mas tenta se recompor e limpar as lágrimas quando escuta o barulho de alguém por perto.

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