Something in the way you move

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Caroline Pov

Quarta, 4 de novembro. (Madrugada)

– Você realmente comprou chocolates de todos os sabores. – disse ainda tentando entender.

Por que Potter compraria chocolates de todos os sabores? E principalmente, por que ele faria isso por mim?

– Achei que tivesse acreditado quando eu disse. – ele riu.

– Trinta caixas de chocolate, Harry, trinta. Acha mesmo que eu ia acreditar?

– Achei. – deu de ombros. – Qual o melhor sabor até agora?

– Não tenho a mínima ideia do que seja esse azul aqui, mas eu amei. – ele assentiu com um sorriso. – Ér, como foi o interrogatório? Eu soube que foi ontem á tarde.

– Está tudo indo bem até agora, então acho que ninguém nos dedurou.

Era engraçado a forma que Harry não percebia que eu não ligava para saber de ninguém mais, além dele. Eu não estava perguntando se foram dedurados ou não – mesmo que me preocupe com isso – tudo o que eu queria saber era se Umbridge não pegou pesado demais com ele. Tinha medo do que ela poderia fazer. Mais medo ainda do que faria se descobrisse sobre a Armada de Dumbledore. Ela nunca gostou de Potter, e não é segredo que faria qualquer coisa para que ele se desse mal.

– E como foi para você? Sei que Umbridge fica mais no seu pé do que no dos outros. – expliquei, achando estranho a forma em que ele pareceu surpreso.

– Ah, você sabe. Tentou me manipular como sempre, e tentar me obrigar a dizer coisas que não queria. Mas eu não tenho medo dela. – assenti. – Cho disse que ela lidou pior  com os corvinos, tentando usar todos os tipos de maneiras de obrigá-los a dizer a verdade. Ela estava com os braços machucados por aquela pena estúpida, deveria ter visto.

– Sinto muito.

A Cho disse? Por que ele estava falando nela? Ele pensou naquela garota enquanto estava conversando comigo?

Não pude controlar um suspiro longo, e Harry me encarou curioso, com um sorrisinho curto que me desarmou no mesmo momento.

– O quê? – perguntei quando ele me encarou profundamente.

– Tudo bem?

– A quanto tempo você e Cho se conhecem? – perguntei rapidamente, já sabendo que iria me arrepender.

– Oh, ér... – ele pensou um pouco antes de dizer. – Nos conhecemos no quarto ano, ela foi a primeira garota que gostei. Mas logo conheceu Cedric, e eles começaram a namorar... enfim, eu acho que você sabe o que aconteceu. Somos amigos agora.

– Sim, todos ficamos muito abalados com a morte dele. Meu pai acompanhou o torneio inteiro, estava torcendo por ele. Mas você e Cho... – perguntei por fim.

– Não, não. – ele sorriu, envergonhado.

Estranhei a forma com que ele não teve a mínima menção de perguntar o porque daquilo, mas talvez não tivesse visto nada demais, até porque, eu só estava fazendo uma pergunta normal. Bom, normal se não souber o que se passa na minha mente.

Passamos a noite daquele jeito. Encarando as estrelas, nos enchendo de chocolates, e rindo sem parar. Era simplesmente impossível não rir ao lado de Potter.

– Caroline. – chamou, e eu me virei em resposta. – No que... no que pensou quando conjurou o seu patrono?

– Na última vez em que vi a minha mãe. – contei me apoiando em meus ombros, e esperei que ele fizesse o mesmo até começar a contar sobre. – Foi no mesmo dia em que nos conhecemos, no dia em que eu vim para Hogwarts. Eu estava prestes a sair, quando decidi dar uma última olhada, e lá estava ela. Me olhou com um sorriso acolhedor, e acenou para mim. E bem ali, eu senti como se fosse a coisa certa a se fazer. Eu não tinha ideia de que seria a última vez, mas foi como um adeus.

Disse voltando o olhar para ele, que me olhava com pesar. Ele não precisava dizer nenhuma palavra, porque eu sabia exatamente como se sentia. Não era como se sentisse pena da garotinha que perdeu a mãe, diferente dos outros, ele sabia exatamente como eu me sentia, então não havia necessidade alguma de me explicar.

As coisas simplesmente faziam mais sentido quando eu encarava os seus olhos azuis.

– Pode até parecer uma memória triste, mas é a memória que me faz sentir segura. – falei virando os olhos para o céu, o observando de canto enquanto fazia o mesmo. – E a sua? No que pensa para conjurar seu patrono?

– Nos meus pais. – ele sorriu. – No primeiro ano, eu encontrei um espelho que mostrava o seu maior desejo. E eu os vi, ao meu lado. Foi a primeira vez na minha vida em que me senti completo.

– Bom, é real, somos crianças tristes. – disse e comecei a rir quando Harry não conteve a risada.

– Pelo menos temos um ao outro. – falou por fim, me deixando em uma transe onde não sabia mais o que dizer ou fazer. 

Tinha algo no jeito que dizia meu nome.

Algo no jeito em que sorria para mim.

Algo na maneira em que nos olhávamos.

Algo no jeito que se movia.

Algo no jeito que seus braços me acolhiam.

Algo no jeito que eu me sentia segura.

Algo no jeito que eu simplesmente sabia.

Porque eu sabia.

Eu sabia que não podia viver sem aquilo.

Two Worlds Apart - Harry Potter Onde histórias criam vida. Descubra agora