Caroline Pov
– Éthan. – disse quando minha visão se tornou mais clara, me sentando na cama enquanto o via se aproximar.
– Como você está? – perguntou parecendo confuso, e eu me suspirei ao tentar pensar no que dizer.
Seria um longo caminho.
– Me sinto bem, e você? – falei dando de ombros, vendo ele arquear as sobrancelhas.
Eu sabia que ele esperava uma explicação, ou algo á mais do que o que eu disse, mas era um assunto delicado demais. Principalmente para falar com ele.
Merlin! Éthan vai surtar no instante em que eu começar a dizer!
– Eu estou bem, Éthan. Sinceramente. Eu sei que quer saber o que houve, e eu vou te dizer tudo o que quer saber, mas...
Me interrompi quando seus braços longos se apertaram ao meu redor, em um abraço inesperado.
Me deixei deitar minha cabeça em seu ombro, suspirando levemente contra sua pele, enquanto sua expressão parecia realmente preocupada.
Deixou um beijo em minha cabeça antes de nos afastarmos devagar, e puxou uma cadeira para se sentar ao meu lado.
– Me diga quem foi e eu vou resolver. – falou em um gesto simples, e eu entortei o pescoço o encarando de forma repreeendedora.
– Não poderia fazer algo nem se quisesse, e... não é assim que se resolve. Você sabe disso. – falei e ele bufou. – Mas eu não quero falar disso agora, você já falou com papai...?
– Você sabe como é acordar uma manhã ouvindo um bando de estranhos falando sobre uma sonserina, que chegou no dormitório cheia de marcas? – se sobressaltou ignorando minha última fala, e eu só pude suspirar. – Sabe como foi assustador quando Fred Weasley me disse que era você, e precisou me segurar para que eu não fizesse nada estúpido? Merlin, Caroline! Eu estou preocupado, e você está tentando ser enigmática.
– Não é sobre ser enigmática, é...
– Sabe o que aconteceu com a última familiar que simplesmente desapareceu? – bradou enquanto seu rosto parecia ficar mais vermelho. – Eu não tenho ideia do que aconteceu com você, e eu sei que não vai demorar muito para que isso saia no profeta. E eu não quero saber os detalhes da vida da minha irmã pela porcaria de um jornal! Eu entendo que deve ser difícil para você, mas somos família. Era eu que você deveria ter procurado no instante em que acordou essa manhã. Só me diz o que aconteceu, e o que eu posso fazer para consertar. – falou por fim, parecendo atordoado, e eu não tinha ideia do que dizer.
Não fazia a mínima ideia do que havia acontecido nessa última semana, e das coisas pelas quais ele deve ter passado.
Era só... complicado demais.
Eu nunca me imaginei passando por uma coisa dessas, e eu não tenho a mínima ideia de o que fazer agora!
O que eu poderia dizer para aquele grifinório preocupado em minha frente? Que tudo ia ficar bem? Não vai ficar bem! Eu sei que não vai.
Respirei fundo, tentando me concentrar em não surtar na frente de alguém que não tinha culpa. E comecei a dizer da melhor maneira que consegui.
É claro que ver sua expressão parecer cada vez mais horrorizada não estava ajudando, e eu quis desaparecer quando vi seus olhos se encherem de lágrimas.
Não podia o culpar por estar emotivo, mas estar dizendo agora... principalmente para ele, fazia tudo parecer tão real. Eu não sabia se estava preparada para enfrentar o meu pai, já conhecendo o seu jeito, ele ficaria possuído de raiva.
Por que as coisas não podiam estar alinhadas quando eu voltasse? Por que ainda tinha que lidar com essas coisas? Parecia ficar pior a cada dia!
Os sonserinos pareciam me odiar nos primeiros dias, e aí teve o desaparecimento da minha mãe, e depois... a notícia. E então quando as coisas pareciam realmente boas, Umbridge me mantém trancada em uma sala, me torturando por dias e dias. E quando eu finalmente saí do inferno, tudo parecia ainda mais difícil.
Eu não tinha vontade alguma lidar com aquilo.
Não pude deixar de notar os olhares de alunos que passavam por ali, vendo que o sinal da última aula já havia tocado. E eles não pareciam medir esforços para conseguir uma fofoca.
Éthan ainda estava completamente atordoado, mas eu dei um sinal com a cabeça para os gêmeos, que chegaram na porta para o esperar, e eles pareceram entender. Era para que eles cuidassem do meu irmão.
Pansy chegou não muito depois, e foi comigo para o dormitório, me ajudando a afastar qualquer um que me olhasse torto. Claro que seus métodos não eram os melhores, mas eu realmente não ligava.
Mas foi realmente estranho entrar na comunal, e ela estar vazia, o que era completamente incomum naquela hora do dia, e ver Malfoy pensativo ao lado de Zabini, se aproximando no segundo em que me viu entrar ali.
– Está falando comigo agora? – falei quando ele abriu a boca, parecendo procurar o que dizer.
– Pansy me explicou o que aconteceu, eu... eu sinto muito. – disse em um tom baixo, e eu franzi o cenho. – Não foi certo ficar bravo com você por ter dito o que eu precisava ouvir. E depois do que eu ouvi, parece ser estúpido ficar irritado por uma coisa tão boba, vendo pelo o que você passou nos últimos dias.
Abri e fechei a boca algumas vezes, tentando encontrar o que dizer, mas eu não tinha ideia alguma. Afinal, quando você vê Draco Malfoy pedir desculpas sinceras?
– Ér, tudo bem. – falei e ele apenas assentiu ao voltar a se sentar em uma poltrona.
– Como você está? – Blaise perguntou, enquanto ainda estávamos parados ali.
– Eu estou bem. – ele arqueou as sobrancelhas e eu sorri. – É sério. Eu realmente estou bem.
– Leva ela para dormir. – falou para Pansy, praticamente ignorando a minha presença ali e eu gemi em desgosto, vendo os dois me encararem.
– Eu dormi o dia inteiro! – me expliquei, e a morena pareceu pensativa.
– Isso quer dizer que teremos uma festa? – o loiro perguntou por trás, recebendo um olhar assustador de Pansy.
– Se eu prometer não beber...? – perguntei com um olhar inocente, quase cruzando os dedos ao encará-la.
– É uma péssima ideia! Estão com mais monitores por conta do que aconteceu e...
– Uma festa só com os sonserinos, o que acha? Não precisamos de muita coisa e devido as merdas que tão acontecendo, realmente precisamos de diversão. – o loiro acrescentou, e eu sorri.
– Se der errado...
– Não vai dar!
– Se der errado, temos que combinar uma boa mentira.
Parte de mim se sentia feliz, por saber que tenho amigos para contar. E a outra parte, que estava assustada, parecia não existir enquanto estava ali.
Então tudo o que pude fazer foi aproveitar o máximo daquilo, sabendo que Pansy não me deixaria acordada depois das 10.
Era engraçada a forma com que ela parecia ser uma irmã mais velha o tempo inteiro.
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Two Worlds Apart - Harry Potter
RomanceAmigos não se olham desse jeito Amigos não deveriam dormir na mesma cama Eu sei que existe um limite para tudo Mas amigos não me amam como você Amigos também podem partir o seu coração Eu estou sempre cansada, mas nunca de você E eu sei que dever...