Tired of fighting

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Caroline Pov

Segunda, 9 de novembro.

Eu não havia dormido naquela noite.

Meus braços continuavam amarrados na cadeira, e eu podia ver por uma brecha que estavam roxos.

Não consegui sentir sono, ou qualquer coisa. Eu só sentia medo, dor, e principalmente raiva.

Pensei que me encontrariam ontem, mas ainda estou aqui.

Me sinto fraca. Não como nada á dias. Ela apenas me dá água, para que eu não acabe desmaiando em algum instante.

A angústia e o desespero tomam toda a minha mente, toda vez que ouço aquela porta ser destrancada.

Perdi a conta das horas, mas já deveria ter passado da hora do almoço. Conseguia ver o reflexo da porta no chão, o que indicava ser de dia.

Ela só passou uma vez aqui, durante um dia inteiro. Me deixou com mais pergaminhos, e me prometeu tudo de pior. Eu não contaria nada a ela, mas estava me cansando de lutar.

Por ser um dia letivo, imaginei que conseguiria pedir ajuda á algum aluno que passasse aqui. Mas ao contrário do que pensei, ninguém pareceu me ouvir. Ou ela havia me colocado em algum lugar onde os alunos não podem chegar, ou havia lançado um abaffiato aqui. Não importava o que tinha feito, porque tudo que eu conseguia pensar era que só queria me livrar de tudo aquilo.

Me perguntava o quanto tempo demoraria para que sentissem a minha falta. Para que viesse e me carregasse em seus braços. Isso mesmo. Para que Harry me carregasse em seus braços.

Parte de mim estava esperando por ele, já que ele parecia ser o único a se importar de verdade. Mas ele ainda não havia chegado, e tinha medo de que ele não chegasse. E eu fosse uma tola por esperá-lo.

O sentimento de que me acharão é o que me mantém firme. É o que me impede de falar toda a verdade. Porque parte de mim nem me importava mais com o que poderia acontecer se contasse a ela.

Eu não morreria por ser teimosa. Mas alguém iria me achar, então esse não era o maior problema.

O grande problema era aquele constante dor que me fazia passar. Merlin, eu não tinha que passar por isso! Não podia mais...

Se eu continuasse a escrever naqueles pergaminhos, tinha certeza de ficar com uma cicatriz que não saíria jamais dali.

Mas não tinha escolha, tinha?

– Pronta para se abrir, Sra. Montoya? – sua voz escoou o pequeno quarto, mas eu não me virei para encará-la. – Isso é um não? Achei que já soubesse o que acontecesse quando me diz um não.

– Sabe de uma coisa, Dolores? Eu não me importo.

– Fico me perguntando por quanto tempo ainda vai tentar resistir a mim. Sabe que não terá outra opção, por que dificultar as coisas dessa maneira?

– Qual seria a graça se eu não tentasse resistir? Você parece gostar muito da dor que causa nos outros. – falei encarando um ponto fixo na parede, e podia sentir ela me encarando fixamente.

– Acha que eu gosto disso? É claro que não! Mas a senhorita não me dá escolha alguma.

– Quer uma escolha? Por que não tenta viver a sua vida sem tentar destruir a dos outros? Por que não para de mentir para si mesma, quando sabe que ele voltou? Por que não me deixa em paz, e para de arriscar tudo o que preza? Por que não para de tentar fazer com que eu te diga algo, quando já deixei claro que jamais vou dizer alguma coisa? – falei, levantando a cabeça vendo ela me encarar com raiva.

Se aproximou devagar, se inclinando quando deixou um tapa em meu rosto. Mas eu não mudei a expressão.

– Se acha muito esperta, não é? Vamos ver quem irá rir no final. – disse com um sorriso de lado, e logo voltou a se afastar. – Ah, eu quase me esqueci. Vi Potter hoje, ele parecia bem relaxado.

– E o que eu tento haver com isso?

– Ah, por favor, eu sei que está esperando que ele venha te encontrar. Mas deixa eu te contar algo, ninguém virá te procurar, porque ninguém sente a sua falta.

Engoli seco, e a encarei com raiva, podendo ver a maldade que seu olhar continha.

– Não vai se achar tão esperta quando estiver em uma cela em Askaban. – resmunguei.

– O que disse?

– Exatamente o que escutou. Acha que alguém irá perdoar tortura á uma aluna?

– Tortura? Quem falou de tortura? Eu estou apenas ensinando uma lição para uma aluna, que acha que mentir é a melhor opção.

– Isso é ensinar? Tá explicado o porquê tem que fazer tudo o que o ministro manda, para ter um emprego.

– Tome cuidado com o seu tom, Montoya. Poderá ser a última coisa que irá dizer.

– Se contar a minha língua, estará matando a verdade comigo.

– Vejo que já está admitindo que sabe de algo, parece que estamos finalmente entrando em um consenso, não é?

– Só porque eu sei, não significa que vou te contar. Porque eu não vou.

– Isso é o que veremos. – falou com um sorriso mínimo, apontando os pergaminhos antes de sair dali.

Todas as vezes que a via sair, tudo o que queria fazer era lançar um feitiço que me garantiria uma vida inteira em Askaban.

E a melhor parte era que eu não me importava.

Two Worlds Apart - Harry Potter Onde histórias criam vida. Descubra agora