Capítulo 5

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"Somos muito jovens para nos sentirmos tão desesperados." — Rescue me, Marshmello ft. ADTR

 ADTR

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2012.

Minha mãe conferiu se meu cabelo estava arrumado pela milésima vez. Era o primeiro dia de aula na escola nova e, depois de dois anos usando bloqueador, eu estava um pouco mais perto do que eu queria parecer.

— Como você tá se sentindo, meu bem?

— Nervoso. — Fui sincero com minha mãe. Ela passou as mãos em meu rosto e me acariciou com o polegar. Eu respirava acelerado, mais por causa da faixa apertando meus peitos do que pela ansiedade.

— Tem certeza de que tá bem pra ir?

— Tô bem, mãe, relaxa. — Tranquilizei-a. Ela se deu por vencida e pegou as chaves do carro para me levar à escola.

O dia estava quente, mas eu não queria tirar o casaco de frio pois ele escondia o meu corpo e eu ainda não me sentia tão confiante sobre ele, mesmo indo à academia com meu pai e fazendo exercícios.

Eu estava entrando no oitavo ano, um ano atrasado. Fiquei tanto tempo longe da escola que havia me esquecido do nervosismo que ela me provocava.

Fui de carro com minha mãe até o colégio e fiquei reparando no meu rosto pelo pequeno espelho da parte de cima. Ele não estava tão fino quanto antes, pois os traços mais femininos haviam parado de surgir. Passei as mãos no rosto, desejando que tivesse uma barba ali.

— No que tá pensando? — Minha mãe perguntou.

— Eu já pareço um garoto? O pessoal vai me ver como um?

— Acho que sim, Jade. Jason. — Ela se corrigiu no mesmo instante. Era difícil para minha mãe se adaptar ao nome novo, mas eu não me incomodava. — Você é muito bonito, as garotas vão gostar de ti.

Minha mãe deu um pequeno sorriso e voltou a se concentrar na rua. Não pude evitar de pensar: por que eu ser um garoto me fazia automaticamente ser atraente só para as garotas? Eu não podia atrair os garotos também? Pensei em falar isso para a minha mãe, mas não queria incomodá-la. Me lembrei de Camila falando sobre ser bi e de como pesquisei tanto sobre isso desde então.

Talvez eu fosse um pouco bi. Ou muito bi. Ou só bi mesmo, eu nem sabia. Me dava um frio no estômago pensar que eu poderia ser.

Minha mãe me deixou na porta da escola e uma monitora me ajudou a chegar até a sala. Percebi que quase todos os alunos conversavam muito entre si, como se já se conhecessem antes. Eu estava com muito medo de começar a conversar com eles e acharem que eu era uma garota.

Me sentei em uma carteira no canto, mas antes que pudesse arrumar minhas coisas um professor chegou na sala avisando que a primeira aula era de Educação Física. Enquanto todos ficaram eufóricos com a notícia, eu queria entrar em pânico.

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