Capítulo 48

758 122 181
                                    

Já deu de att por hoje, vou ali beber cloro

"Eu nunca vou parar novamente
Pois estamos juntos aqui
Me conte todas as suas histórias
Me diga por que você não para com isso
Me diga por que você ainda está andando."
— We are Bulletproof: The Eternal, BTS.

"— We are Bulletproof: The Eternal, BTS

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

2020.

Esfreguei os olhos pela quinta vez, com sono.

Eu nunca me imaginaria em uma situação daquela e se me contassem em outra época, eu teria caído em uma gargalhada que faria minha barriga doer.

Mas eu estava, e era estranho colocar os produtos no caixa que em breve eu iria levar para a ex do guri que eu gostava.

Eu já havia desistido totalmente de encontrar algum sentido na vida, então pela primeira vez toquei BTS para ouvir por conta própria. No carro, a almofada do Jimin estava no banco do carona junto com uma mochila de roupas confortáveis, além de itens essenciais para Charlie, como escova e pasta de dentes.

Paguei pelas compras e voltei para o Fusca, tinha que admitir que estava apegade ao carro antigo. Depois que tudo isso passasse, eu iria levá-lo a uma boa oficina e customizá-lo.

Dei a partida e voltei para o hospital, ainda com o ticket de estacionamento que consegui trocar por uma diária, mesmo aquilo custando uma fortuna. As pessoas já pagavam caro para estar em um hospital particular e até o estacionamento era cobrado, eu achava um absurdo.

Estacionei o carro o mais perto possível da recepção e fui com a mochila de Charlie nas costas, Chimmy debaixo do braço e as sacolas com sucos e biscoitos do mercado nas duas mãos. Eu já havia trocado a blusa de gola alta por um moletom básico que sempre usava em Esplendor e também aproveitei para pôr uma máscara descartável nova.

Me apresentei na identificação e me enrolei para mostrar meus documentos pela quantidade de coisas que eu carregava. As visitas estavam limitadas pelas normas de prevenção a coronavírus, mas quando expliquei a situação, a recepcionista pareceu um pouco sentida e me deu um crachá de visitante.

Não havia mais quartos nem a necessidade de Sammy ficar em um, porque... Bah. Ela só estava em uma espécie de recepção específica, mais a fundo do hospital.

Andei apreensivo pelos corredores, angustiado por estar ali. Hospitais me lembravam da adolescência, de quando eu ainda tomava bloqueador hormonal e ia à psicóloga. Depois, quando fiz minha mastectomia e comecei a hormonização. Não eram lembranças ruins nem boas, só existiam.

O corredor se alargou até revelar a segunda recepção, com mais assentos azuis vagos e menos conversa. O olhar das pessoas ali era mais desolador também.

Deveriam estar passando pelo mesmo que Samantha.

Diferente do que eu esperava, encontrei a guria sozinha, sem Charlie por perto. Fiquei apreensivo, pois não queria interagir com ela sem o guri junto. Eu não tinha esse nível de intimidade.

⚧ | Feitos de Cinzas e Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora