"O que é ser um homem de verdade?"
Essa foi a pergunta mais presente na vida de Jason. Com um passado conturbado, o jeito rebelde e o histórico de relações tóxicas, foi fácil se tornar o badboy insensível e arrogante que passou por cima de todos - e...
"Imagino seu rosto Você me diz olá E então todos os dias ruins Não significam nada para mim" — Winter Bear, Taehyung.
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Eu não tinha muitos motivos para gostar de Kim Taehyung, pois ele era completamente diferente de mim.
Enquanto Winter Bear tocava na caixa de som depois de Charlie conectar seu celular a ela e se deitar ao meu lado, estranhamente foi no que fiquei pensando nos minutos seguintes, tendo o garoto deitado em meu colo com as pernas envoltas das minhas, igual sempre fazia.
Talvez não fosse à toa que Charlie tivesse me recomendado algumas músicas dele, devia estar tentando me fazer conhecer estilos diferentes, e acabou dando certo de uma forma que eu nem imaginava.
Eu não parava para pensar no porquê de eu gostar do que gostava, ouvir o que eu ouvia e vestir o que sempre vestia — de forma bem redundante mesmo. Entrar em contato com algo tão diferente do que estava acostumado me fez abrir os olhos para infinitas possibilidades de novos gostos, hobbies e hábitos que eu não considerava até então. Encontrar um artista com um estilo oposto ao meu me fez olhar para as coisas de outra forma.
Parecia um pensamento até saudável demais para mim. Eu não era bom em lidar com coisas saudáveis.
— No que tá pensando? — Demorei para perceber que Charlie passava os dedos pela minha costela, na região da tatuagem escrito Spotlight, feita em uma época bem imatura da minha vida.
— Winter Bear é boa. — sussurrei enquanto ouvia a música. O violão no fundo estava baixo e a voz do artista cantava suave, o que me deixava mais leve. — Me dá saudade de uma coisa que não vivi, é doido.
— Acho que, vindo de ti, faz muito sentido. — Charlie riu e se apertou no abraço em mim. — Tu me lembra aquelas fotografias antigas... — Sua voz começou a abaixar alguns tons, um sinal do sono que sempre vinha depois daqueles momentos.
— Como assim? — Inclinei minha cabeça para tentar vê-lo, mas Charlie já estava ressonando.
Puxei a coberta do canto da cama com dificuldade e olhei para a janela, surpreso por já ser noite.
"Você parece um urso de inverno, eu te desejo boa noite...", Kim Taehyung cantava ao fundo.
Tantas sensações estranhas passaram por mim nas últimas horas — na verdade, dias, semanas — que eu estava cada vez mais me perdendo da minha antiga versão e moldando uma nova, diferente.
Mas ainda não entendia por que eu parecia uma fotografia antiga. Algum dia Charlie iria me explicar aquela comparação.
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