Capítulo 13

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Cuidado com o tombo.

Cuidado com o tombo

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2015.

Aquela foi a primeira vez que meu pai me bateu.

Eu não queria deixá-lo triste ou com raiva de mim, de jeito nenhum. Eu só estava um pouco confuso sobre a minha sexualidade e não tinha certeza se eu realmente gostava só de garotas. Eu já havia ficado com várias depois da Amanda e era bom, mas eu também queria saber como seria ficar com um garoto.

Foi só por isso que eu fui ver pornô, eu juro.

Fiquei curioso e achei diferente... E bom. O problema foi ter sido burro demais ao não apagar as abas e sem querer abri perto do meu pai, e ele viu na mesma hora.

Eu estava envergonhado. Meus amigos de dezessete anos não apanhavam dos pais assim, ainda mais de cinto. Eu me deitei de lado na cama para as costas doloridas não friccionarem no lençol e tentei diminuir meu choro.

Eu me sentia ridículo demais e queria desaparecer.

Ouvi meus pais brigando — mais uma vez — atrás da porta. Minha mãe já estava chegando ao seu limite de suportar meu pai, dizia várias vezes que iria sair dali. Eu tinha medo de como seriam as coisas se isso acontecesse.

As horas se passaram e eu não saí mais do meu quarto. Não estava de castigo nem nada, só não queria sair e esbarrar com meu pai me olhando com desprezo. Peguei o maço de cigarro e o isqueiro escondidos embaixo da última gaveta e abri a janela para fumar, era a melhor forma que eu tinha para me acalmar um pouco.

Meus pais já sabiam que eu fumava, e enquanto meu pai não ligava por ele fumar também, minha mãe sempre me repreendia e jogava fora qualquer cigarro que encontrasse, por isso eu precisava mantê-los escondido. Eu também evitava ficar perto dela depois de fumar, pois o cheiro na roupa a deixaria enojada e provocaria mais uma discussão.

Fiquei parado por um bom tempo apenas olhando para o céu e fumando o cigarro mentolado devagar, quando um barulho assustador saiu da cozinha, de alguma coisa caindo no chão. Saí da janela e corri pela casa até encontrar minha mãe, agachada e se segurando na bancada com a cabeça abaixada, chorando sem parar.

— Mãe?! Me fala o que aconteceu! — Fui até ela e a peguei pelos ombros que tremiam pelo choro, eu nunca a havia visto tão vulnerável. Notei que o objeto que caiu foi uma vasilha de alumínio vazia, mas não entendi por que aquilo havia acontecido.

— Mãe? Fala alguma coisa. — Me aproximei para abraçá-la e notei outra coisa jogada no chão: o celular do meu pai.

Tive uma sensação estranha, de que algo estava fora do lugar e nunca mais voltaria ao normal. Estiquei o braço com medo de pegar o aparelho, temendo pelo pior.

A tela desbloqueada revelava uma conversa do meu pai com outra mulher.

MINHA MÉDICA.

Eu não precisei de muito para entender o teor daquelas mensagens. A minha endocrinologista, que fazia o acompanhamento da minha terapia hormonal, estava saindo com o meu pai! Que loucura era aquela?!

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