Capítulo 18

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"Não olhe para mim com esse olhar em seus olhos." — FRIENDS, Marshmello ft. Anne-Marie

 Anne-Marie

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2020.

— Vou animar um pouco isso. — Ignorei a pergunta de Charlie, peguei o controle e coloquei uma playlist só de David Guetta. Charlie arregalou os olhos para a tela da televisão.

— Tu não vai me responder não?

— Não consigo te ouvir! A música tá alta! — Descaradamente eu aumentei o volume do som na mesma hora. Charlie balançou a cabeça, chocado em como eu era cara-de-pau, e começou a rir.

— Tu tem cinco minutos pra me responder!

— Eu nem sei qual é a pergunta! — Aumentei mais o volume e me levantei animado do sofá, indo pegar outra garrafa de cerveja. Contudo, fui surpreendido pelo guri me segurando pelo braço antes de eu fugir para a cozinha.

Seu rosto estava perto do meu, perto demais.

— Tu era a fim de mim naquela época? Ou é hoje?

Eu queria reagir com uma gargalhada, dizer que ele estava bêbado demais pra falar aquilo, mas eu também não estava batendo bem da cabeça para pensar em um plano racional de fuga. Por isso, peguei meu celular no sofá e abri o cronômetro — porque meu lado bêbado não tinha noção das coisas e queria fazer graça com tudo — e marquei cinco minutos.

— Pronto! — Sorri e mostrei meu cronômetro para Charlie, que parecia incrédulo com minha ousadia.

— Tu nunca vai mudar, né?

— E tu vai? — Me soltei da sua mão e pisquei para o guri. — Agora me dá licença que eu quero pôr uma musica boa aqui enquanto bebo!

Com o controle ainda nas minhas mãos, eu procurei as musicas mais antigas de David Guetta. Se eu fosse mais doido, iria querer fritar meu cérebro.

Porque minha dignidade, Charlie já havia queimado e destroçado há muito tempo.

— Tu voltou no tempo, foi?

— Vai me dizer que tu não gosta! — "Sexy Bitch" começou a tocar e foi bom demais ter a versão explícita rodando com um gringo do meu lado. Corri para a geladeira e peguei duas garrafas, estendi uma para Charlie que ainda me observava, aumentei o volume e comecei a cantar, fingindo que a garrafa era um microfone.

— She's nothing like a girl you've ever seen before! — Gritei com o dedo apontado para Charlie, que bateu palmas e começou a rir. — Nothing you can compare to your neighborhood-ho! — Me embolei um pouco, mas estava tudo bem. Charlie me olhava encantado com minha loucura. — I'm tryna find the words to describe this BOY without being disrespectful! — Mudei a letra e Charlie arregalou os olhos. Talvez ele poderia estar pensando que fosse uma indireta para ele, e era mesmo.

Meu cronômetro marcava três minutos.

Faltava pouco da 51 e peguei a garrafa toda de uma vez, iria matar tudo logo. Charlie começou a protestar para que eu não fizesse isso e tentou pegar a garrafa de mim.

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