Capítulo Bônus: Charlie

1K 161 301
                                    

Hora de dar o troco em Azul já que lá teve bônus na visão do Jason :)

O lance do cap bônus é puro entretenimento, não é uma cena necessária pra história, mas nois gosta mesmo assim

Alerta de conteúdo sexual

Eu era sincero comigo mesmo e também precisava ser com Jason, por isso contei a ele porque não havia correspondido ao primeiro beijo; eu realmente não sentia atração por ele

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Eu era sincero comigo mesmo e também precisava ser com Jason, por isso contei a ele porque não havia correspondido ao primeiro beijo; eu realmente não sentia atração por ele.

Claro que Jason era bonito, qualquer um poderia concordar com isso, e ele também era uma boa companhia, não era à toa que ficou com várias pessoas. Vez ou outra, eu até havia pensado sobre a possibilidade de acontecer algo entre nós dois, mas no final eu descartava isso porque eu não sentia atração de qualquer forma, então era irrelevante pensar naquilo.

Muita gente não entendia quando eu dizia ser demissexual, e eu fiquei feliz por Jason não ter comentado nada ruim a respeito. Eu já tinha ouvido vários absurdos sobre minha orientação apenas por falta de conhecimento das pessoas, e por esse motivo quis gravar tantos vídeos sobre isso. Não era simplesmente uma preferência em desenvolver um vínculo afetivo para querer sentir atração, era uma necessidade real. Eu poderia até querer sentir aquilo, mas meu corpo não reagia, da mesma forma que um homem gay não reagiria ao ver uma mulher atraente.

Mas as coisas começaram a mudar quando a convivência com Jason se tornou maior. Depois daquele episódio, ele quis se aproximar e eu ficava surpreso todos os dias com um pouquinho mais que descobria sobre ele: que ele fazia arroz muito bem, sabia todas as músicas do Bruno Mars, gostava de assistir reality shows e odiava filmes de terror porque tinha medo de ter pesadelos. Ele também adorava quando eu preparava estrogonofe de frango e sempre queria uma lata de leite condensado na geladeira para comer uma colher — que ele dizia ser pequena — dia sim, dia não.

E a cada dia, eu também ia descobrindo seus pequenos reflexos criados por um passado complexo. Jason não se olhava no espelho, não gostava de andar sem camisa pela casa e coçava o nariz até ficar vermelho sempre que passava muitas horas sem fumar.

Metade das suas roupas eram pretas. Sua escova de dente sempre ficava de cabeça para baixo no suporte do armário. Toda vez que usava um copo, ele o lavava mesmo já estando limpo, e quando terminava de comer gostava de colocar os talheres cruzados no meio do prato.

Jason era cheio de detalhes e manias e eu comecei a reparar em tudo sem que percebesse, pois para ele eu estava alheio ao meu redor, concentrado no notebook o dia inteiro. Mas era mentira: eu ficava de olho nele. Reparava demais, e a cada vez que reparava o achava mais interessante.

Mas o que me fez admitir que Jason tinha sim um vínculo afetivo grande comigo foi quando ele sem querer me fez lembrar — sim, lembrar — que ele também era trans.

⚧ | Feitos de Cinzas e Estrelas Onde histórias criam vida. Descubra agora