"Você só tem que ter uma chance, assumir o controle disso."
2020.
Eu nunca tive uma sensação de liberdade na vida. Sempre estava preso dentro de um personagem, uma falsa verdade, uma realidade inventada. Nos raros momentos de lucidez, eu mesmo me proibia de enxergar além e me aprisionava por medo do desconhecido.
Por isso, era até irônico pensar que quando eu literalmente fiquei preso — na quarentena — senti liberdade pela primeira vez.
Quando abri os olhos, Charlie me olhava com um brilho diferente. Ele me abraçou e sua cabeça se acomodou no vão do meu pescoço, meu rosto ainda estava um pouco molhado.
Eu não sabia o que dizer, como sempre. Por isso, só o abracei de volta.
— Tu tá gelado... — Ele tocou meus braços descobertos pela blusa de manga curta. — Vou pegar uma coberta pra ti.
— Não, não, fica. — Apertei seu corpo no meu e também apoiei minha cabeça nele. Respirei fundo e torci para que aquela cena nunca acabasse, porque eu temia que quando nos separássemos o efeito passasse e eu voltasse a ser o imbecil de antes.
— Está começando a fazer frio...
— Eu tô bem. — murmurei e me fiz vinte xingamentos mentais por minha voz ter soado manhosa em um nível que eu nunca havia falado. Charlie percebeu e começou a rir, mas não uma risada cômica, e sim delicada.
— Você é meu nenis mesmo. — Quis revirar os olhos com o apelido, mas me contive. Eu continuava sem combinar com uma personalidade fofa, disso eu tinha certeza. — Eu vou mesmo pegar uma coberta, tu tá gelado demais.
Resmunguei quando ele se afastou de mim e saiu correndo para dentro. O calor que vinha de seu contato acabou e me arrepiei de frio, me dei conta de como a temperatura estava abaixando à medida que o Sol desaparecia e as estrelas começavam a surgir no céu parcialmente limpo.
Charlie voltou, não com uma coberta, mas três. Jogou duas no chão e me puxou para sentar em cima delas, o que quase me desequilibrou.
— Deita! — Ele me puxou para baixo e eu teria batido com a cabeça no chão, mas o impacto da coberta forrando o piso aliviou em partes. Gemi de dor e abracei minha própria cabeça enquanto Charlie ria e beijava meu cabelo. — Desculpa!
— Tu tem cada ideia... — Me ajeitei e deitei em cima da coberta, então Charlie aproveitou para jogar a terceira em cima de mim e entrou por baixo dela, abraçado comigo. — Isso aqui tá parecendo fanfic.
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⚧ | Feitos de Cinzas e Estrelas
أدب المراهقين"O que é ser um homem de verdade?" Essa foi a pergunta mais presente na vida de Jason. Com um passado conturbado, o jeito rebelde e o histórico de relações tóxicas, foi fácil se tornar o badboy insensível e arrogante que passou por cima de todos - e...