Capítulo 3

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"Mas seguimos nosso caminho,
fingimos que estamos bem,
Agora, se saltarmos juntos, pelo menos poderemos seguir para longe do estrago que fizemos." — Happier, Marshmello ft. Bastille

 Bastille

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2010.

— Jade! — A voz de Mateus me fez paralisar na saída da aula. Eu já estava pronto para ir para casa com a mochila nas costas, mas me virei quando ouvi a voz do garoto atrás de mim.

O seu cabelo voava enquanto ele corria em minha direção, e eu secretamente senti inveja disso. Meu pai me levou ao barbeiro e cortou o meu cabelo curto, e eu ainda estava me acostumando.

— Oi! Preciso falar com você! — Ele apoiou as mãos nos joelhos para recuperar o fôlego e segurei nas alças da minha mochila.

— Ahn, tá, pode falar. — Mateus nunca conversava comigo e aquilo me deixou ansioso. Ele era a paixonite de todas as garotas, inclusive a minha.

— Eu só queria te avisar que tão falando mal de ti pelas costas e falando besteira da gente porque tu fica me olhando demais. Eu já falei com as meninas pra parar de ficar inventando essas coisas de você, mas aí quis te contar.

Fiquei surpreso com a sua gentileza, mas eu ainda não estava entendendo uma coisa.

— Mas o que que tão falando de mim?

— Ah, que tu é a fim de mim, queria me beijar e essas besteiras todas aí! — Ele disse com uma risada e eu abri a boca. Então as meninas tinham percebido.

Meu rosto deve ter perdido a cor, pois Mateus parou de rir e me olhou estranho.

— Ei, que que foi? Isso não é verdade, né?

— Eu... — Soltei a alça da mochila e peguei na barra da blusa de uniforme, sem saber o que falar. De repente, Matheus fez uma careta.

— Qual é, Jade! Tu é toda "Maria macho"! Minha mãe falou que garota igual você é sapatão, que gosta de fazer coisa com garota!

O garoto disse aquela frase com um pouco de irritação. Minha voz foi sumindo à medida que eu falava.

— Eu não sou sapatão...

— Mas parece, assim nenhum garoto vai querer ficar com você. Credo, uma sapatão gostando de mim! — Mateus fez outra careta e se afastou com um olhar maldoso, sem me dar chance de me explicar. Parecia que meu coração estava em pedacinhos.

Senti meus olhos querendo soltar algumas lágrimas e corri para a saída. Não queria chorar dentro da escola.

Por que os garotos agiam daquele jeito comigo? E por que as garotas não eram verdadeiras? Ninguém era meu amigo de verdade ali.

Fui a pé sozinho para casa e cheguei aos prantos, feliz pelos meus pais ainda não terem chegado. Não gostava de chorar na frente de ninguém.

O meu peito doía muito e eu queria que aquela dor passasse. Eu queria ter uma aparência melhor, não queria ser chamado de sapatão ou Maria Macho, eu queria ser chamado só de garoto, era o que precisava para ser normal.

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