Capítulo 23 - Tiberiuns

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- Barã! – Gritou Juno, correndo e se jogando sobre os braços do primo, que a ergueu do chão com facilidade em um abraço apertado. – Achei que ainda estivesse na academia!

- Um dos professores faleceu, preferiram adiantar a folga do festival. – Respondeu sorrindo enquanto a recolocando no chão.

- Fico feliz que tenha chegado. – Disse em um novo abraço.

Ela estava corada e ofegante pela corrida eufórica até Barã. Era uma linda visão no vestido com grandes aberturas em diagonal nas laterais da cintura e costas praticamente tornavam o longo em um conjunto ligado apenas por alguns poucos elos prateados em sua cintura deixava pouco espaço para a imaginação. O cetim marrom contratava com sua pela clara, acentuando a aparecia de porcelana.

Seus longos cabelos quase totalmente soltos balançavam em cachos sobre as costas, afastados do rosto por um par de pequenos prendedores de prata discretos.

- Hum hum. – Pigarreou Tiberiuns, chamando a atenção dos dois enquanto soltava a capa de viajem e a entregando a Crisco, encarava os dois com cara fechada.

Aquela cumplicidade entre os dois o irritava profundamente, sua única sensação de estar sendo roubado, como se aquele abraço devesse ser apenas seu.

- Se já terminaram de se “cumprimentar” gostaria de entrar, não foi uma viagem das mais confortáveis.

- Ninguém esta bloqueando a passagem. – Respondeu com desdém, ainda nos braços de Barã.

- Ficar girando pelo ar costuma dificultar sim a passagem. - Falou enquanto Crisco ajudava Arreli a descer da carroça, Tiberiuns indicou com um gesto de cabeça, que esta seguisse a sua frente em direção a casa.

- Esta villa é do meu pai. – Olhando incrédula Juno acrescentou. - Acredito que ele não se importa que eu abrase um dos meus primos na entrada de casa.

- Ele costuma lhe dar liberdade em exceto.

- Você sempre quer controlar a todos não é verdade? – Respondeu Juno com seus olhos ardendo.

- Não, no momento queria apenas entrar sem ter de enfrentar uma discussão enfadonha e desnecessária com uma coisinha como você;

- Coisinha?

- Sim coisinha, uma coisinha pequena que na maioria do tempo só serve para tornar minhas chegadas desagradáveis. – Falou bufando. - Como sempre faz!

- Sinta-se livre para não aparecer.

- Como se eu tivesse de escutar você!

- Bem, se não quiser escutar, espero que saiba tampar bem seus ouvidos porque não pretendo me calar.

As palavras berradas na cara do minotauro, que cerrou as mãos e com uma bufada avançou até a jovem.

- Tiberiuns, calma. – Falou Barã, colocando a mão sobre seu ombro, em uma tentativa de conte-lo.

- Me solte! – Disse empurrando do irmão.

O jovem minotauro, pego de surpresa pelo empurrão, caiu sobre suas costas de olhos arregalados.

- Barã! – Gritou olhando para o primo preocupada. - Seu estupido, eu não tenho medo de você! Se não gosta do que eu digo, deveria sumir de uma vez da minha casa! – Gritou Juno para o primo, sustentando firme o olhar.

- Esta casa é do meu tio, não sairei daqui pelos insultos de uma escrava. – Antes mesmo que a palavra terminar de se completar no ar, seu coração já havia se arrependido, mas era tarde demais.

A palavra parecia pairar no ar, gritando no pequeno espaço. Todos ao redor pareceram sentir o quanto tudo aquilo tinha ido longe demais.

- Eu odeio você! – Falou a jovem, com seus olhos marejandos diante dele, antes de se virar e correr para casa.

Corações tauricosOnde histórias criam vida. Descubra agora