Capítulo 45 -Juno

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Onze anos atrás.

Estava perfilada com os primos diante do pai que os encarava irritado. Barã torcia as mãozinhas nervoso, assustado demais para olhar o tio.

- O que nos infernos tinham em suas cabeças? – Bradou o senador fazendo as quatro crianças que pularam de susto. – Acham que podem sair por ai desrespeitando minhas ordens?

O silencio foi à única resposta que obteve.

- Quantas vezes já deixei claro que não os quero brincando nas antigas catacumbas? Aquele lugar cheira a doença e morte, não há nada para ver ali! Quem encabeçou está temeridade?! Você Kaius?!

O primo baixou a cabeça diante da acusação, sempre fora o mais traquina dos quatro e apesar de ser o mentor mais provável desta nova estripulia não havia sido ele que provocou aquela situação.

Não era justo! Não podia deixar que ele levasse a culpa injustamente.

- Pai...

- Eu tive a ideia tio. – Disse Tiberiuns sem hesitar.

- Justo você? O mais velho? Deveria ser o mais ajuizado, ainda assim os leva pra brincar ali?! Pode imaginar o que poderia acontecer? Os andares inferiores estão em ruínas, tuneis obstruídos e pontos estáveis por todo o lado! Se alguma coisa acontece-se a um deles seria sua responsabilidade! – Gritou apontando o dedo no peito do menino como encarando um de seus soldados.

- Eu sei tio. Sinto muito não vai voltar a acontecer juro por Tauron.

- Não vai mesmo tenha certeza! Devia mandar você ao seu pai já que não está mais disposto a me obedecer! – Ameaçou furioso.

- O senhor não pode! – Interveio ela, apavorada com a ideia de se separar dele.

- Ninguém me diz o que fazer! Apenas eu decido o que posso ou não fazer, compreendeu bem? – Respondeu a encarando com olhos firmes. – Os três para seus quartos, depressa antes que eu mude de ideia.

- Mas... – Começou novamente, mas Tiberiuns a impediu.

- Vá Juno.

___

- Ei! Assim vai me derrubar. – Brincou quando ela se jogou em seu colo no momento que irrompeu pela passagem.

A túnica leve de algodão com bordados escarlate não deixava duvida de que já deveria estar a tempos na cama.

- Papai machucou você? – Perguntou ansiosa, o encarando com atenção. - Deveria ter me deixado falar que foi minha a ideia de ir às catacumbas. Você nem sabia!

- Alguns dias trancado aqui, depois estou liberado. Nada demais, não se preocupe. - Respondeu alisando a própria cabeça onde o tio lhe dera uns belos safanões. –Além disto, você e minha menininha e não gosto da ideia de vê-la apanhando, mesmo quando devia. Mas se quer me deixar feliz prometa uma coisa?

- Qualquer coisa!

- Tenha mais cuidado, não quero vê-la ferida. Você e preciosa demais para correr riscos assim. - Diante do silencio da menina perguntou. - Tudo bem?

- Vou tentar.

- Não, nada de vou tentar. Vai apender a não se meter em encrenca nem que eu tenha de lhe dar umas palmadas.

- Você não teria coragem! – Brincou rindo para ele.

- Experimente! Não ache que vai escapar sempre de seu pai, ele lhe arrancaria o couro se descobrisse quem deu a ideia de correr pelas catacumbas no meio da noite. – Disse finalmente a colocando no chão. - Como conseguiram sair sem que ninguém notar?

Corações tauricosOnde histórias criam vida. Descubra agora