Se sentindo como um animal enjaulado, andando de um lado para o outro de seu quarto, Juno procurava uma desculpa para não comparecer a sala de jantar.
Seu pai havia lhe colocado de castigo por tempo indeterminado, estava confinada em seu quarto como uma criança tendo permissão para sair apenas nas horas da refeição. Enquanto Tiberiuns estive-se em sua casa preferia ficar o mais longe possível de suas vistas, pensou enquanto alisava a cicatriz esbranquiçada que cruzava seu antebraço de uma ponta a outra, ainda assim a irritava ser colocada de castigo apenas por treinar na arena, coisa que alguns anos era sua rotina diária.
Que saudades daquela época, pensou fechando os olhos, tudo parecia tão mais certo e real.
Às vezes se perguntava por que o pai a deixava o aposento destinado a seu herdeiro e não o oferecia a Tiberiuns de uma vez por todas, já que para ela ele sempre foi o filho que seu pai desejou, e a mandava aos quartos no andar superior, onde ao longo de séculos, as filhas dos senhores dormiam em seus pequenos quartos, nem de longe tão confortáveis este.
Amava seu quarto ao lado da câmara do pai, de paredes corais e cortinas brancas destoava do resto da casa sempre branca, o símbolo de sua família estava representado em todo o lugar, nas cores do piso, nos entalhes de sua cama de dorsal, nos lenções de linho bordados, na penteadeira e no espelho de Eléctron. Vivia aqui desde que nascera e sua mãe o ocupara antes dela, coisa que nunca entendeu inteiramente, já que se esperava que ela dormisse ou com seu senhor ou com o resto do harém.
A andar superior era quase que totalmente ocupado por servos, escravos leais e harém do pai. Ao contrario do resto do mundo, o privilegio em Tapista era dormir perto do solo, já que minotauros sempre tiveram verdadeiro pânico de altura.
- Senhorita, não deveria já estar se preparando para o jantar? – Perguntou hesitante Primula, uma de suas servas pessoais, trazendo baldes de água fresca para sua tina.
Mesmo a propriedade tendo sua sala de banhos, o pai sempre preferiu que ela se banha-se em seu quarto, ao contrario da maior parte das garotas de mesmo nível. Este habito já estava tão assimilado que nem mesmo a incomodava, mas sentia falta de nadar no rio dos deuses, de treinar na arena e de sua antiga liberdade que agora parecia tão distante.
- Estou vestida, não estou? – Respondeu mal humorada, sendo arrastada de seus pensamentos a contra gosto.
- A senhorita acha mesmo uma boa ideia aparecer na sala do Senhor Senador, vestida de armadura? – Perguntou a dama incerta.
Só então a jovem, olhou para seu próprio corpo e percebeu o despautério que havia falado. Estava suja, cheirando a terra, suor e couro, por um momento se questionou se não deveria realmente comparecer a sala de jantar vestida assim, com toda certeza isto ampliaria castigo por um bom tempo! O bastante para evitar a companhia do primo, mas se deu conta de que não seria a melhor das ideias irritar seu pai ainda mais.
- Não, acho que não é uma boa ideia. – Concordou relutante- ajude aqui com os fechos Prímula.
Enquanto a armadura era tirada e Juno emergia na tina de cobre, Prímula tagarelava sobre as fofocas do harém de seu pai, como umas das mulheres de Kaius estava para dar a luz a qualquer momento, e todos acreditavam que seria uma menina pelo tamanho da barriga.
Uma casa com muitas mulheres, sempre têm novidades, fofocas e uma boa dose de confusão, neste momento sua casa estava mais do que repleta de mulheres, o harém de seu pai, o de Kaius e possivelmente o de Tiberiuns estariam todos na casa principal, durante este período.
Fora todo o batalhão de servas que cada um deles requeria, assim como a casa e a guarnição de soldados que viviam na sociedade, para a proteção do senador.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Corações tauricos
RomanceArton, um mundo de magos e guerreiros, onde diversas raças convivem entre humanos e a magia e real. Uma jovem presa em uma vida que nunca desejou, sonhando com uma liberdade impossível. Filha única de um importante senador de Tapista (reino dos mino...