Capítulo 33 - Tiberiuns

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A caminhada foi mais lenta do que estava acostumado, imposta no ritmo que seu tio conseguia conciliar sem grandes desgastes e com uma serie de pequenas paradas para descanso. Ele gostaria de insistir em uma carroça ou mesmo uma liteira que o preservaria bem mais, mas sabia que o velho senador nunca concordaria.

Um minotauro que não é capaz de carregar seu próprio peso serve de muito pouco aos olhos dos mais tradicionais é o senhor senador preferia morrer a dar a seus desafetos o prazer de ser apontado como um traste velho e fraco.

Força e fraqueza sempre foram duas faces da mesma moeda que rege a vida em Tapista, o forte tem o dever de usar está e proteger os fracos, assim como o fraco dever ser grato e servir aquele que lhe protege.

Ser visto como fraco era muito mais do que um motivo de vergonha era uma verdadeira desgraça a um minotauro. Crias de Tauron, deus da força que os fez a sua imagem, lhes concedeu espíritos e corpos providos de força e honra.

A vila dos Servilhos era a mais próxima e seria a parada logica a um mediador, ainda assim o tio preferiu montar um solido acampamento fora de suas terras onde passaram a noite e ao raiar do dia convidou os chefes de ambas as casas a um encontro ali. Cada chefe compareceu trazendo seu herdeiro, dois guardas e alguns escravos. Logo que chegaram ficou clara o nível de animosidade entre eles que se insultavam, amaldiçoavam e ofendiam de todas as formas que podiam, por muito pouco não iam as vias de fato e se digladiavam ali mesmo.

A manhã virou tarde, tarde virou noite e a noite se mostrou curta para tanto desafeto. Mas antes que o sol raiasse mais uma vez pelo céu eles tinham concordado em duas coisas. A primeira era que aceitavam a proposta de paz que o tio oferecia e em segundo desejavam oferecer um jantar ao senador em suas respectivas villa. Horas se passaram em mais uma interminável discussão sobre quem o receberia primeiro.

- Fico feliz que o senhor senador tenha aceitado nosso convite em primeiro lugar, não terá motivos para se queixar do acolhimento em nossa villa. – Disse Golias Florêncio em uma breve mesura, própria de quem não tem abito de se curvar.

A pequena villa bem cuidada tinha grandes faixas cultivadas com canteiros coloridos e perfumados que eram a origem e a base das posses dos Florêncio, negociantes flores e plantas vendidas aos alquimistas de Tiberus para a produção de perfumes, óleos e uma infinidade de utilidades. Pequenos rebanhos pastavam ao longo da estrada com um jovem pastor humano os vigiando, impedindo de avançar sobre os campos de flores.

As portas tinham contornos em tom de lilás pálido que parecia ter sido retocado recentemente, as paredes caiadas de brando carregavam poucos adornos além do lírio lilás sobre fundo verde claro que era o bração da família. Seu grande salão era pouco maior do que a sala intima de seu tio e estava atulhada de parentes que se recostavam sobre divãs de madeira com trama de couro em torno de uma mesa baixa onde estava servido um cordeiro assado inteiro com ervas, batatas assadas, cevada cozida e muitas frutas.

Algumas poucas jovens mulheres vestidas e arrumadas estavam sentadas, Tibriuns imaginou se tratarem de filhas e netas de Golias a quem ele estava interessado em expor a vendas enquanto três garotas Servilhos carregavam bandejas pesadas pelo salão. Pareciam mais escravas de casa do que concubinas, deslocadas mesmo apos mais de um ano na nova casa.

- Se tratou na verdade de uma questão de justiça. Na ultima vez em que estive aqui dei o Servilhos prazer de minha primeira visita, nada mais justo que inverter a ordem em que visito as casas. – Disse Aldebaran se servindo de uma fatia grossa de cordeiro.

- E costume que suas concubinas sirvam a mesa dos convidados? – Perguntou Tiberiuns sem se conter gerando uma serie de olhares entre as mulheres e seus mestres.

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