Capítulo 48 - Tiberiuns

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- Quantos? - Perguntou o velho senador esfregando o rosto ainda sonolento.

- Muitos. Ao menos duas legiões. Não é lá muita coisa...

- Não é muita coisa? Mais de dois mil homens sumidos parece pouca coisa pra você? Onde perderam contato?

- Um mês atrás mandaram uma mensagem a Tile, disseram que tiveram dificuldades no percurso e deveriam se atrasar mas até agora nada.

- Estão bem atrasados pelo visto. Onde anda o mensageiro?

- Sumiu. Acham que voltou ao destacamento.

- Mandaram batedores?

- Claro, mas nem sinal deles. Sem corpos, marcas de batalhas, nem as rodas de carroças de mantimentos parecem ter deixado rastros. A terra está limpa como se os houvesse tragado. Nem mesmo parecem ter sido visto por algum povoado aos arredores de Tile. - Falou esfregando a nuca como sentindo um peso enorme sobre ele. Tudo o que acontecera há poucos instantes gritavam em sua mente, ainda mais alto do que o sumiço de duas legiões.

- Espera alguém? - Perguntou seu tio sem levantar os olhos do mapa aberto sobre a mesa.

- Como? - Retrucou confuso.

- Deve ser a quarta vez que olha para a porta como se tivesse perdido alguma coisa lá fora. Ou está esperando um mensageiro ou esperando ver quem não deveria. - Disse o encarando com um quase sorriso. - Lembre-se que temos um acordo, nada de intimidades com minha filha antes de termos os papeis assinados.

Seus músculos retesaram involuntariamente. Um soldado em prontidão.

- Foi uma brincadeira garoto, não há necessidade em se por como se enfrentasse a arena. Fez bem em me procurar assim que recebeu as informações. - Falou encarando novamente o mapa como os olhos dourados luzindo de sagacidade. - É uma situação bem estranha. Mais parece um quebra cabeças do que um ataque de goblinoides.

- Legiões podem passar certo tempo sem mandar noticias. - Comentou com descaso. - Não seria a primeira vez que acontece.

- Poupe o folego, acredita tanto nisto quanto eu. Onde foi o último lugar em que foram visto. Vistos com certeza?

- Aqui. - Disse apontando uma bifurcação não muito distante da capital. Para logo em seguida se servir de uma generosa taça de vinho tinto o virando em uma única golada. - Um grupo de comerciantes os encontrou antes de serem devorados pela terra. - Falou em um gesto amplo quase exasperado.

- Porque o senado ainda não foi informado disto? - Perguntou o senador o encarando com atenção.

- Não tenho ideia. Meu palpite é que Veritus esteja preocupado em se manter como mestre de suas legiões. Perder duas das três que o prinsceps Aullos deixou em seu comando não é um bom modo de ascender às vistas dele.

- Veritus sempre foi ambicioso e bajulador, entrou no senado pelo apoio do princeps e deve temer sair de lá sem ele.

- A nobreza parece o manter em alta conta, assim com o princeps. Ele o deu a legião que guarda as fronteiras da capital e isto não é pouca consideração.

- Mais por vaidade familiar, não por competência. Os dois são primos, dividem o mesmo sangue. Aullos tende a favorecer os seus. - Comentou refletindo por um momento. - Fez bem em me informar, tomarei providencias para que se localizem estes homens antes que seus ossos comecem a aparecer nas ruas. Tente averiguar com seus contatos algo fora do normal nestas legiões. Estamos em um mundo onde existe magia e ela não deve ser nem a ultima nem a primeira opção. Até lá, silencio, não quero mais desgastes do que o necessário, ainda mais neste momento. Ainda olhando a porta? - Perguntou Aldebaran se sentando em uma grande diva.

Corações tauricosOnde histórias criam vida. Descubra agora