Cláudius Titus se mostrou muito devoto, frequentando a cada manhã o pequeno templo em honra a Tauron, onde figuravam minúsculas estatuas de seus ancestrais aos pés de uma grande estatua de mármore vermelho, na cabeça oca do ídolo um braseiro em chamas permanentes simulava o fogo sagrado que envolvia o rosto do deus da força.
Seu pai, saindo de sua postura habitual, insistiu que ela acompanha-se o convidado nestas orações diárias, assim como sentasse ao lado dele em todas as refeições. Titus cortes e respeitoso, sempre falando sobre suas minas e os negócios de família. No final de quatro dias estava mais do que apta a discutir com qualquer joalheiro sobre os infinitos tipos de minérios, seus valores e lapidação, além das melhores técnicas para cada pedra existente no continente.
Apesar de escutar ao longo de toda a vida que Tile era uma região inóspita e perigosa, tudo pareceu tremendamente enfadonho. Tanto que ela se perguntou se não morreria de tédio ainda na viajem para lá, caso seu pai tive-se a infeliz ideia de lhe vender aquele velho barril.O senador não foi o único que agia de modo diferente, Tiberiuns estavam frio, atento a cada movimento do hospede.
Titus não pareceu se preocupar com a presença constante do primo em muitos de seus passeios pelos jardins e pomares da villa, provavelmente encarando como um cuidado natural para com uma das mulheres da família e se focando em lhe falava sobre a fascinante composição rochosa da propriedade e que tipo de minerais poderiam ser encontrados em seus arredores.
- Prímula, já pensou em pertencer a um harém? – Perguntou surpreendendo a jovem.
- Ainda não cumprimos a pena que nos foi imposta senhorita. Não acho que seja hora de pensar nestes assuntos. – Disse enrubescendo de leve.
Nos últimos tempos a achava um pouco mais vaidosa do que o normal, os longos e ondulados cabelos castanhos quase sempre presos em uma trança simples ou um coque displicente estavam cada vez mais bem cuidados, soltos e enfeitados com pequenas flores, laços ou travessas rústicas de madeira polida. Apesar de nunca a ter visto usando um de seus antigos prendedores, havia ajustado alguns dos vestidos mais simples dados por Tiberiuns e que fora sumariamente abolidos de sua cômoda, para a silueta delgada e pequena.
Talvez algum jovem criado ou um dos soldados a estivesse cortejando. Fosse quem fosse ela torcia por alguém tão bom e descente como ela.
- Meu pai parece acreditar que é a única coisa que importa a uma mulher e achar um bom mestre e você e tão bonita quanto qualquer filha de Tapista. Seria uma boa companheira a qualquer bom minotauro, muito melhor do que eu acredite.
- A senhorita e muito gentil. – Disse apresada. – Mas para uma escrava de lavoura, sem conhecimento ou instrução, servir como dama da senhorita já foi quase um milagre, duvido que aconteça outra chance como esta.
- Uma de suas irmãs pertence a um harém de minotauro não e verdade? - Perguntou enquanto a dama continuava a arrumava seu cabelo para o desjejum.
- Sim senhorita. Minha irmã mais velha.
- Ela aceitou bem ser negociada?
- O senhor Marathon foi bom com ela desde que a conheceu e não é surpresa para ninguém que uma lavradora fosse mulher de um capataz. – Respondeu como se aquilo fosse tudo o que se precisava para estar satisfeita.
- Como e a vida dela?
As mãos da dama pararam por um momento, antes de recomeçar a prender as pequenas perolas douradas ao longo de finas tranças que se cruzavam deixando uma cascata de cachos soltos.
- Não saberia dizer senhorita. Normal, acho eu.
- O que é normal? - Perguntou se virando para encarar a jovem dama.
- Acredito que as mulheres do harém do senhor senador podem explicar melhor a senhorita sobre a vida de uma concubina, ainda mais uma tão bem nascida.
- Não é a visão delas que me interessa. - Disse tomando a pequena mão calejada da dama entre as suas. - Conte-me Prímula.
- Marathon e um dos capatazes do senhor senador, um bom minotauro. Nos tratou bem desde que chegamos a estas terras e logo ficou interessado em Rosa. Ele procedeu com todo o respeito, como se negociasse uma filha de Tapista. Visitou nossa casa muitas vezes como convidado e acertou a compra dela com o senhor senador e meu pai de uma forma que nos deixou honrados. Ela tem um bom contrato de concubina, o senhor senador mesmo o redigiu. - Disse quase com orgulho. - Ganha oito pecas de prata todo mês, o que é bem mais do que ganharia em qualquer trabalho honesto e esta bem protegida e amparada.
- Então ela e feliz?
- Ela...
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Corações tauricos
RomanceArton, um mundo de magos e guerreiros, onde diversas raças convivem entre humanos e a magia e real. Uma jovem presa em uma vida que nunca desejou, sonhando com uma liberdade impossível. Filha única de um importante senador de Tapista (reino dos mino...