Capítulo 42 - Tiberiuns

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- Quando? – Perguntou ansioso.

- Logo.

- Logo quando?

- Logo já disse.

- Mas...

- A menos de três dias não tínhamos nada, nem mesmo uma proposta e agora me pressiona para firmar este acordo já? – Respondeu o senador irritado cortando a pergunta antes que esta fosse formulada.

- Minha licença já esta no fim.

- Renove-a.- Respondeu secamente, como se o assunto não tive-se importância.- Tauron sabe que tem méritos para tanto. Se for o caso eu mesmo pedirei uma nova folga.

- De acordo, ainda assim... Senhor eu já espero há tanto tempo.

- Então esperara um pouco mais. Desejo chamar um bom sacerdote da capital e fazer preparativos dignos de mim. Terei uma serie de reuniões no senado nos próximos dias e colocar as mulheres para arrumar os por menores. Além disto, você terá de avisar a seus pais sobre sua decisão e quanto ela lhe custará.

- Não sou mais uma criança, já não dependo dele ou necessito de sua aprovação.

- Mais ainda e seu filho, seu primogênito e era sua melhor esperança de imortalidade. Redigirei o contrato com calma quando voltar do senado. Dentro de alguns dias conversarei com Juno e a colocarei a par de nosso acerto.

- De acordo. Providenciarei o ouro neste tempo.

- Outra coisa. – Interrompeu o jovem que já se dirigia para a porta do escritório. – Vai deixar está vila o quanto antes.

- O senhor está me expulsando? – Perguntou surpreso.

- Não desejo você sobre o mesmo teto que ela assim tão perto deste bendito contrato ser firmado. Isto pode provocar falatório, dar ideias ou ainda pior.

- Nunca tomei liberdades...

- E nem vai tomar. – Respondeu seco.

- Minhas esposas? – Perguntou de súbito como se só agora tivesse se dado conta de que teria de abandona-las.

- Serei seu guardião até que possam retornar a você. Não as quero gerando caos em minha casa então deixe claro que estão passíveis de punição. Não me oponho a que as leve para distraí-lo até o dia da assinatura, desde que mantenha sua palavra.

- Meu primogênito será dela, juro ao senhor.

- Ótimo. Acredito que acabamos aqui, boa noite.

Ele chegou ao quarto com o coração descompassado. Havia uma agitação irreal em seu corpo e alma, tudo dentro dele fervilhava.

Crisco havia retornado com uma bandeja pesada, repleta frutas, carnes e vinho.

- Como ela está? Ainda confinada a seus aposentos?

- Parece que toda a casa resolveu se recolher cedo hoje. A pouco cruzei com a dama da senhorita levando uma bandeja a mestra e uma outra ao quarto do senhor Barã.

- Muito curioso. – Disse com um meio sorriso em seu rosto.

Quando Kaius lhe falara que o Barã estava interessado na jovem, não podia imaginar o quanto. Os socos que desferira contra o queixo do irmão foram mais do que potentes e devem ter quebrado alguns dentes.

Seus olhos vagaram por momentos, refletindo sobre tudo que acontecera naquele dia. Amanhã como já fizera inúmeras vezes ele partiria, mas ao contrario de todas as outras não se sentia abandonando seu lar, apenas dando um curto até breve.

Se prímula estava com o irmão, quem estaria com Juno agora? Se perguntou correndo os olhos pelo chão de pedra.

- Crisco prepare nossa partida para amanhã, iremos passar uma temporada na villa de meu pai. – Falou enquanto girava um pequeno anel entre os dedos. Antes de se por a escrever apressado. - Desejo que mande um mensageiro a Antônio e ao comerciante de tecidos. Peça que ressalte a urgência do pedido.

- Como desejar senhor. - Respondeu o servo o encarando intrigado por alguns instantes antes de se dirigir a porta.

- Algum sinal da planta venenosa? - Chamou antes que o criado sumisse pela porta

- Pelo que pude notar senhor ela esta se mantendo discreta. A senhorita já não recebe suas visitas ou é alvo de suas tramas.

- Avise se algo mudar.

- Como queira. Com sua licença.

Alguns dias atrás.

- Crisco!! - Chamou aos berros o escravo assim que Juno saiu correndo daquele quarto. A advertência dela a respeito da maldita criatura, além da frustração que lhe corria a alma fazia seu sangue ferver. A pura necessidade de extravasar lhe dava vontade de quebrar o pescoço da víbora como um graveto seco.

- Senhor Tiberiuns?

- Traga-me Dressis até mim agora!

- Senhor não acha que seria melhor se recompor primeiro?

- Agora Crisco! Ou eu mesmo arrasto aquela erva daninha pelos cabelos dando um belo show para toda a casa! - Disse socando forte a mesa que tremeu com o impacto.

- Como desejar. - Respondeu o escravo se retirando em sua melhor postura.

____

- Deseja me ver senhor Tiberius? - A voz melodiosa e doce, carregada de um leve sotaque élfico, chegou a seus ouvidos o enojando. A postura sempre lânguida e sensual lhe soava tão falsa quando as palavras delicadas que embebia em veneno sempre que abria os lábios azulados.

Nunca entendeu a atração do tio pelo exótico, menos ainda pela mulher a sua frente. Dressis nunca lhe espirrou confiança, desde a primeira vez que a viu na mansão de seu pai em Tiberus, onde Horátius o aguardava para levar este raro mimo ao irmão.

O excêntrico harém de Aldebaran já era conhecido em toda Tapista, não o apenas pelo belo numero de concubinas e escravas para diversão, mais que o dobro de fêmeas que um minotauro possuía, mas também por suas singularidades.

Raças pouco comuns o atraiam em particular, como um colecionador de joias que nunca está totalmente satisfeito em sua busca por mais e mais pontos de brilho. Mulheres lindas e únicas em suas próprias características. Mesmo as humanas ou filhas de Tapista com as quais se relacionava tinha um toque exótico.

Em passos rápidos ele alcançou a porta a trancando ao mesmo tempo que segurou a mulher firme pelo pescoço a suspendendo do chão com um único movimento.

Olhos surpresos o encararam enquanto mãos longas em formato de garras tentavam desesperadamente liberta-la do aperto feroz.

- Não costumo perder tempo em rodeios então escute bem sua maldita bromélia. – Ele rosnou na face de Dressis. - Nunca mais se atreva em ameaçar minha Juno está ouvido bem?! Se me acusar de ter tomado liberdades contra sua vontade, será sua palavra contra a minha e acredite que meu tio confia mais em mim do que em uma maldita vadia que só serve para entreter suas noites e enredar intrigas por sua casa.

- Me largue! – Disse em um fio de voz se debatendo, buscando o ar enquanto o encarava assustada. Suas garras mal arranhando a pele grossa do jovem.

- Ainda não acabei! Mesmo que meu tio acredite em suas mentiras isto vai apenas tornar minha vida mais fácil, ele me daria Juno de mão beijada para poupa-los de um escândalo e ela seria finalmente minha! O senador não será eterno Dressis, quem você acha que será seu mestre quando ele se for? Aprenda seu lugar e saia do caminho ou de líder de harém você se converterá em lenha para nossas lareiras. Agora saia daqui criatura infeliz e se mantenha fora de minhas vistas e pare de atormenta-la ou garanto que se arrependerá! – Gritou empurrando a Finn-troll em direção à porta que sumiu apressada sem olhar para traz.


Corações tauricosOnde histórias criam vida. Descubra agora