A bandeja com sopa, carne defumada e frutas ainda repousava sobre a mesa enquanto a jovem relaxava em uma tina de água quente e perfumada.
Prímula preparou seu banho e saiu tão apresada, com a promessa de retornar rapidamente, arrancando riso de Juno. A dama estava inquieta para ver como estava Barã e bandeja que levava ao seu quarto foi a melhor desculpa que conseguiu arranjar dadas as circunstâncias e pareceu ter servido bem.
O pai confinara a ele e Kaius a seus quartos, sem direito a visitas, depois da briga. Trataria assim qualquer criança insubordinada e mesmo os dois já serem homens feitos, pareciam longe ganhar o respeito do pai.
Apesar de toda a confusão, não pode deixar de se alegrar com a forma que o primo defendeu sua dama das propostas de Kaius, nem deixar passar despercebida a preocupação que ela demonstrou ao vê-lo brigando. Foi inesperado ver o sempre doce Barã acertando murros tão violentos, ainda mais contra um de seus próprios irmãos. Pensou sorrindo dando um ultimo mergulho nas águas aquecidas.
A preocupação de um com o outro era tocante, havia uma carinho real entre eles, coisa bem rara entre relacionamentos em Tapista, pensou enquanto se erguia da tina e deslizava a camisola delicada pelo corpo úmido.
Mas antes que a bainha tivesse chegado a cair sobre suas pernas, um barulho em suas costas a fez saltar sobre a bandeja se armando com a faca de carne pronta para se defender do invasor.
- O que diabos quer aqui? – Inquiriu atônita para um enorme minotauro que a encarava fixamente.
- Queria vê-la. – Respondeu Tiberiuns com uma voz rouca pouco comum.
- Entrando pela passagem? A esta hora? Invadindo meu quarto, minha privacidade? – Perguntou sem largar a faca. - Vá embora! Não deveria ter vindo. Vá ou chamo os guardas!
- Virei em um momento. – Respondeu cruzando o quarto com passos rápidos. tomando seu rosto entre as mãos e a encarando como se quisesse gravar cada detalhe. - Só me deixe olhar pra você mais um minuto. Logo não vou precisar ir, mas até lá... Quero olhar você e me apegar a sua imagem para estes dias que viram.
Suas mãos eram quentes, ásperas e calejadas. Mãos de um guerreiro. Ainda assim a tocavam com todo o cuidado e delicadeza como se pudesse parti-la em um movimento.
- Do que está falando? - Disse se desvencilhando, abrindo espaço entre eles enquanto lhe apontava a pequena faca de comida como se fosse uma espada poderosa. Dando conta do quanto à pele molhada fazia aderir o tecido fino em sua pele.
- Você é linda, sabia? - Ignorando a pergunta da jovem. - Mais do que me lembrava, mais ainda do que imaginava.
- Ficou me observando? Como pode?! – Seu rosto se tingiu de vermelho, envergonhada, irada. Sem acreditar que ele teve coragem para tanto.
- Não era minha intenção. – Disse realmente envergonhado de sua ação. - Só queria olhar pra você por um minuto... Não esperava que estivesse na tina.
- E ainda assim continuou a... Devia arrancar seus olhos por isto! – Disse elevando sua voz lhe apontando a faca com ódio, enquanto a outra mão lhe cobria o corpo como um escudo de pudor.
- Sei que deveria ter dado a volta quando percebi que estava se banhando, mas não resisti. Assim como não resisti em chegar perto, como não resisti em dizer que logo esta espera infeliz vai acabar e tudo ficara em seu lugar.
- Do que esta falando?! - Perguntou se cobrindo apresada com um longo e fino véu que lhe conferia bem pouca proteção. O cabelo ainda molhado caia sobre os ombros, tornando a peça quase tão transparente quanto à camisola.
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Corações tauricos
RomanceArton, um mundo de magos e guerreiros, onde diversas raças convivem entre humanos e a magia e real. Uma jovem presa em uma vida que nunca desejou, sonhando com uma liberdade impossível. Filha única de um importante senador de Tapista (reino dos mino...