Capítulo 28 - Juno

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- Prímula? – Chamou adentrando o aposento vazio.

Sozinha no quarto encontrou um frasco de vidro decorado sobre sua cômoda.

- Barã, sempre delicado. – Falou consigo mesmo abrindo o frasco e apreciando o perfume amadeirado espalhando pequenas gotas sobre seus pulsos. O cheiro nada adocicado era bem mais compatível com seu gosto do que os aromas mais fortes que geralmente eram apreciados pelas mulheres.

- Senhorita, achei que ainda estava no salão. – Disse prímula entrando no quarto carregando um vestido mostarda que ela nunca havia visto.

- Meu pai chamou nosso convidado para um particular agora, então não vi necessidade de permanecer ali mais tempo. Que vestido é este? – Perguntou indicando o traje em seus braços.

- O senhor Barã o troce hoje de manhãzinha pouco depois que retornei, disse que era um mimo, mas como estava com uma das alças descosturada o levei para ajustar. – Falou sorrindo estendendo o vestido sobre a cama. - Fiz mal senhorita? – Perguntou diante do silencio de Juno.

Quando finalmente olhou para Juno ela estava encarando o vidro de perfume sobre a cômoda com as sobrancelhas franzidas.

- Barã disse que havia deixado UM presente para mim.

- Sim ele deixou, o vestido.

- Prímula, de onde veio este perfume? – Perguntou já adivinhando a resposta.

- Crisco. – Disse sem encara-la. – Ele entregou quando fui ao quarto do senhor Tiberiuns, como a senhorita me pediu.

- Prímula, você não deveria ter aceito! – Disse Juno levando a mão à cabeça.

- Senhorita, eu sei que não mas...

- Mas o que?

- Mas não cabe a mim recusar um presente para a senhorita, ainda mais de seu primo. – Olhando para Juno com seus grandes olhos castanhos, como que pedindo desculpas.  

Batidas fortes vinheram da porta interrompendo a conversa.

- Senhorita... - Primula a encarou com olhos assustados

- Abra, vamos lidar logo com isto de uma vez. – Disse Juno se empertigando o máximo possível. Mesmo com seu coração disparado no peito ela iria enfrentar o que viria de cabeça erguida e com coragem.

Tiberiuns irrompeu pela porta quase ao mesmo instante que Prímula a destrancava.

- Pode me disser o que é isto? – Disse bufando, atirando um saco branco de linho aos pés de Juno, que se abriu revelando uma grande quantidade de joias espalhando-se pelo chão.

- Até onde sei parece um pedaço de linho costurado. – Respondeu com desdém cruzando os braços sustentando o olhar.

- Sem brincadeiras, estas joias são suas, porque as enviou a mim?

- Não acho que seja condizente uma ESCRAVA receber presentes desta monta que não do seu dono.

- Ah, então é isto. O que falei dá você o direito de me destratar desta forma? – Perguntou incrédulo, apontando para as joias aos pés dela.

- Estou agindo de acordo com o decoro que se espera de uma boa filha de Tapista. Não é de bom tom receber ouro de um macho que não é nada meu.

- É de bom tom flertar com um humano recém chegado, ao qual você nunca nem ao menos ouviu falar antes deste dia?

- Eu não estava flertando com ninguém! Além do mais isto não é de seu interesse.

- Tudo o que envolve você é de meu interesse!

Corações tauricosOnde histórias criam vida. Descubra agora