Meu dia estava uma bela de uma merda. Eu estava mesmo com vontade de chorar, mas não queria fazer isso na frente dos outros, principalmente dos meus colegas de sala, que já estavam me olhando torto depois da fungada que eu dei tentando conter meu choro. Que merda, sério. Eu não deveria ter saído da cama hoje e nem ido para aquela escola maldita. Onde todos pareciam que tinham prazer em serem maldosos e cruéis uns com os outros. E a troco do que? O que as pessoas ganhavam fazendo a outra mais miserável do que já é? As vezes eu só queria ser invisível; e eu conseguia ser na maior parte do tempo, mas... Em alguns momentos, quando os monstros me viam, decidiam que fariam do meu dia um pesadelo. Como tinham feito hoje.
Eu realmente odeio o como adolescentes são infelizes quando querem. Eu estava me sentindo uma idiota agora por ter, por um segundo, acreditado que alguém realmente fosse querer se aproximar de mim sem nenhum motivo. Quer dizer, todos só me vêem como a esquisitona das fotos, ninguém me enxerga como uma pessoa de verdade. Então é claro que não faria sentido alguém querer ser meu amigo ou almoçar comigo, né? Claro que era só um plano idiota daqueles garotos estúpidos para me humilharem na frente da escola toda. Eu, sinceramente, já deveria estar acostumada. Mas não significava que tudo aquilo não doía profundamente na minha alma. As vezes eu só queria sumir, desaparecer completamente do mapa. Ser alguém diferente.
Quando as aulas enfim acabaram, eu ainda estava tentando controlar meu choro. Mas acabou se tornando impossível de fazer isso quando fiquei completamente sozinha. Que merda, eu era patética! Tão estúpida! Eu só queria que esse dia acabasse ou que um caminhão passasse por cima de mim.
E só para piorar tudo, ninguém tinha ido me buscar na escola, o que me fazia ter que voltar sozinha para casa na situação deplorável em que me encontrava. Quem foi o idiota que disse que ter quinze anos era fácil? Fácil é o cacete! Eu odeio tanto minha vida que as vezes tenho pensamentos que não são nada legais. As vezes eu só queria que tudo acabasse logo.
Eu fui até a estação de metrô, tentando ignorar que algumas pessoas da minha turma estavam ali. Mas se tornou bem difícil de fazer isso quando eles estavam apontando para mim e dando risada, provavelmente lembrando do como eu tinha sido humilhada no refeitório durante o intervalo. Eu apertei com força a mochila contra meu peito, tentando ignorar e tentando manter as lágrimas dentro de mim. Se eu chorasse, ia ser um caos. Ai sim eu estaria dando a eles tudo o que queriam mas, ah! Como eu controlava esse sentimento merda, afinal? Como eu fazia para que simplesmente... Me deixassem em paz?
-Ei, garota!- escutei gritarem atrás de mim e apertei com mais força a mochila. Só me esquece por favor. -Você mesma do cabelo roxo! Não é você a garota do refeitório?
Eles caíram na gargalhada e eu respirei fundo. Eu só queria desaparecer dali. Comecei a caminhar em direção a saída do metrô. Era melhor esperar aqueles idiotas darem o fora e voltar depois. Mas foi ai que senti um puxão forte no meu braço e deixei minha mochila cair no chão.
-Ei, eu estava falando com você. - o garoto disse com um sorriso, me apertando com força.
-Me solta!- eu disse em alto e bom som. Eu podia ser o que fosse: inútil, fraca, tímida, covarde. Mas ao inferno que eu deixaria alguém me machucar. Ninguém tinha esse direito. Ninguém podia tocar em mim assim.
-Ou o que? O que vai fazer?- ele provocou.
Foi quando um garoto surgiu no meio da gente, dando um soco tão forte no otário a minha frente que o fez cambalear e cair de bunda no chão. A boca dele estava sangrando agora, e ele tinha arregalado os olhos. Eu também arregalei os meus, incapaz de me mexer enquanto o outro garoto, que agora estava ao meu lado, observava o babaca no chão.
Ele era muito alto e esguio e tinha cabelo azul royal bem curto, com uma arte de cabelo raspada no lado esquerdo. Ele usava um único brinco em forma de leque na orelha esquerda e tem uma cicatriz no lado esquerdo do lábio. E ainda chegou metendo o cacete no cara, o que o deixava ainda mais assustador.
-Ela te mandou solta-la. Não escutou não?- ele disse cruzando os braços. O garoto começou a gaguejar.
-Bando de idiota.- uma voz sibilou e uma garota linda de morrer parou do meu outro lado. Ela estava me analisando. -Você está bem?
Eu apenas assenti; nem sabia mais como se falava, sinceramente. Eu acho que perdi o que restava da minha calma, sinceramente.
-Ótimo. - ela disse e se virou para o cara jogado no chão. -Dá o fora daqui antes que a gente te ensine uma lição.
O garoto, sabiamente, se levantou e saiu correndo. Eu talvez devesse ter saído correndo também, porque agora estava sozinha com aqueles dois esquisitos. Meu Deus, que medo.
-O-obrigada.- eu murmurei, porque não sabia o que dizer. A garota deu risada.
-Que nada, relaxa. Ninguém tem o direito de te segurar desse jeito. - ela falou e, então, estendeu a mão para mim. -Eu sou Yuzuha. - eu apertei a mão dela na minha, chocada com o como o aperto de Yuzuha era firme.
-Meu nome é Akira.- eu falei e ela sorriu.
-Nome bonito. Esse idiota aqui é meu irmão, Hakkai. - ela disse dando um tapinha no ombro do garoto, que desviou o olhar quando eu o olhei. -Não ligue muito pra ele, ele tem vergonha de garotas. Idiota, né?
Eu acabei dando risada. Ele tinha acabado de dar um puta soco em um garoto e tinha vergonha de ficar junto de garotas? Era um tanto engraçado, não nego.
-A gente te acompanha até sua casa.- Yuzuha disse entrelaçando o braço no meu. Comecei a dizer que não precisava, mas ela não me deixou falar, me arrastando.
Naquela época eu não sabia o quanto Yuzuha se tornaria importante para mim. E nem tudo o que viria depois.
Data: 26/08/21
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Destiny • Tokyo Revengers
FanfictionNa época da escola Akira Aikyo nunca foi boa em socializar com as pessoas, nunca foi boa em se comunicar. Mas Akira sempre havia sido boa em tirar fotos. E aquela sempre tinha sido sua melhor forma de se expressar. Anos depois, Akira se tornou uma d...