Na época da escola Akira Aikyo nunca foi boa em socializar com as pessoas, nunca foi boa em se comunicar. Mas Akira sempre havia sido boa em tirar fotos. E aquela sempre tinha sido sua melhor forma de se expressar.
Anos depois, Akira se tornou uma d...
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Minha cabeça estava explodindo de dor e, sinceramente, acho que eu não deveria ter bebido tanto assim na noite passada. Antes mesmo de abrir os olhos, eu já estava gemendo de dor e desejando não sair da cama pelo restante do dia. Pelo menos era sábado; pelo menos, se eu quisesse mesmo, poderia muito bem ficar o dia todo na cama. Mas eu não ia fazer nada disso, até porque, mesmo sendo sábado, eu tinha muita coisa para fazer.
Com um longo suspiro, me arrastei para fora da cama, me dirigindo até o banheiro para tomar um banho e tentar despertar. Nem mesmo a água gelada contra minha pele foi o suficiente para acabar com aquele cansaço que tinha tomado conta de mim.
E apenas para piorar minha situação, assim que liguei meu celular, encontrei dezenas de mensagens de Yuzuha. Ela parecia bem perto de vir voando para a França me agredir e eu franzi o cenho tentando entender que porra era essa.
Pisquei os olhos, rolando a tela para tentando entender o que tinha desencadeado o surto de Yuzuha. E aí bufei com pura irritação quando me dei conta que tinha apenas um motivo para minha amiga idiota estar surtando comigo: o jantar que tive com Oliver ontem. Porque é claro que ela já estava ciente do que tinha acontecido, né! Deus, como a fofoca corre solta, impossível esconder algo de Yuzuha, ela sempre descobre tudo.
Dei uma resposta qualquer para ela antes de me jogar de volta na cama, fechando os olhos por um instante. Minha cabeça estava latejando de dor;
Percebi que a dor de cabeça só ia ficar maior quando me lembrei do que tinha acontecido no dia anterior durante aquela conversa estranha que tive com Takashi. Ele não tinha me mandado mensagem depois daquilo, nem me ligado, nada. Absolutamente nada.
Tudo bem, eu sabia que ele confiava em mim, por isso ainda estávamos juntos. Assim como eu também confiava nele. Mas cinco meses sem nos vermos, querendo ou não, deixava tudo meio... Desgastado.
E não termos tido tempo para conversarmos direito nas últimas semanas também não tornava toda a situação melhor. Eu sabia que as coisas estavam difíceis, sabia que Mitsuya se sentia da mesma forma que eu, mas não era como se tivesse muito que eu pudesse fazer a respeito disso.
Tudo bem, acho que Mitsuya deve ter ficado puto ontem por causa do jantar, não que ele fosse admitir tão facilmente assim. Ele não era do tipo que sente ciúmes por coisas estúpidas, mas acho que até mesmo Takashi Mitsuya pode se sentir meio inseguro às vezes.
Fiquei passando isso várias e várias vezes na minha cabeça antes de ligar para ele, porque eu não queria acabar brigando com Mitsuya. As coisas já estavam complicadas demais, tudo o que eu menos precisava era acabar brigando com meu namorado por causa de um jantar com meu amigo. Meu amigo extremamente e terrivelmente gay, que nunca, jamais, teria algum sentimento além de amizade por mim. Acho que preciso deixar isso claro para Mitsuya antes que a merda exploda de uma vez.
Mitsuya demorou o que pareceu uma eternidade para atender o celular. Na verdade, tive que ligar duas vezes até que ele finalmente atendesse, e fiz uma careta quando olhei para meu namorado através da tela do celular.
-Eu te acordei?- perguntei, começando a me arrepender de ter ligado para ele sem ter mandado mensagem antes. Mas Takashi apenas suspirou.
-Não, eu não estava dormindo.- ele disse e eu assenti. Por um tempo, ficamos em silêncio, apenas nos encarando pela tela. Merda, como eu sentia falta de ver aqueles olhos lavanda pessoalmente!
-Você tá bem?- perguntei e ele apenas assentiu. Aquilo me fez fazer outra careta. -Tudo bem, diz logo, Takashi.
Ele olhou para mim, piscando os olhos antes de torcer o nariz.
-Dizer o que, Akira?- ele retrucou, arqueando a sobrancelha para mim. Eu suspirei, enfiando a mão livre entre meus cabelos e os puxando com um pouco de força.
-O porque está tão incomodado! Você ficou com ciúmes do Oliver? Ele é só um amigo, Takashi. - eu disse, de um jeito para não deixar nenhuma sombra de dúvidas. Por um tempo, Mitsuya apenas me encarou, e todo aquele silêncio era uma merda do caralho.
-Bem, acho que tenho o direito de pelo menos achar estranho um amigo te levar pra jantar na Torre Eiffel, né, Akira. Em um dos restaurantes mais caros de Paris. Me desculpa se você acha que não tenho direito de ficar minimamente incomodado com isso. - ele disse, me olhando de um jeito que me fez soltar uma careta.
Eu respirei fundo. Tudo bem, Akira. Ele tinha direito de se sentir assim, você não precisa fazer disso uma briga.
-Takashi, ele é apenas meu amigo. Não é grande coisa.- eu disse e ele soltou uma risada.
-Sério, Akira? Claro que é grande coisa!- ele suspirou.
-Caramba, Mitsuya. Quando foi que você deixou de confiar em mim, me diga?- eu disse meio perplexa e ele ficou quieto, apenas me olhando, as sobrancelhas franzidas. -Meu Deus, Takashi! Você deveria saber que não sou esse tipo de pessoa, que amo você, e não ficaria com mais ninguém! Eu não sou seduzida tão facilmente assim, sabia disso?
Tudo bem, talvez eu tenha sim ficado um pouco chateada. Poxa! Eu entendo ele ficar incomodado, mas deixar de confiar em mim? Nunca dei motivos para isso, e não ia começar a dar agora.
Sabia que boa parte dessa briga idiota era pela saudade, por todos esses meses longe um do outro. Ainda assim... Bem, era tudo uma grande merda.
-Acho que a gente deveria conversar depois. - ele disse e eu bufei.
-Tudo bem, Mitsuya. Quando você quiser conversar ou voltar a pensar direito.
E tinha como essa merda ficar pior?
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