Na época da escola Akira Aikyo nunca foi boa em socializar com as pessoas, nunca foi boa em se comunicar. Mas Akira sempre havia sido boa em tirar fotos. E aquela sempre tinha sido sua melhor forma de se expressar.
Anos depois, Akira se tornou uma d...
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Sabia que não tinha um jeito fácil de ter aquela conversa com Takashi, motivo pelo qual eu dei uma desculpa muito esfarrapada para fugir daquele assunto. Ele me conhecia bem o suficiente para não cair na desculpa, mas não insistiu no assunto, pelo menos não naquele primeiro momento, onde todos podiam meter os ouvidos na nossa conversa ou abrirem suas boconas. Yuzuha, com a graça de Deus, ficou subitamente calada. Nem mesmo ousou fazer uma de suas piadinhas, e eu não sabia se a agradecia por isso ou dizia que aquilo era o mínimo que ela deveria fazer por mim!
De qualquer forma, claro que eu não poderia ficar para sempre ali na casa dos Shiba naquele jantar que eles estavam dando por causa do casamento de Hina e Takemichi. Uma hora, Mitsuya e eu acabamos indo embora, e eu sabia muito bem que não tinha como escapar do assunto, mesmo que ele tivesse se mantido completamente silencioso enquanto nós dois nos dirigiamos para a minha casa.
Eu dei um longo e pesado suspiro quando entrei, arrancando os saltos que já estavam machucando meus pés e os largando no meio do caminho enquanto ia em direção ao meu quarto. Claro que Takashi não demorou nada antes de vir atrás de mim, parando encostado no batente da porta, os braços cruzados enquanto observava eu arrancar minha roupa para ir tomar banho.
-Então, a gente vai conversar ou...?- ele começou, me analisando, e eu torci o nariz.
-Eu preferia fazer isso depois de tomar banho. - eu resmunguei e ele assentiu para mim, dando um suspiro. -Você deveria fazer o mesmo.
Mitsuya nem fez questão de esconder o sorriso maliciosamente descarado que cresceu em seus lábios, o que apenas me fez revirar os olhos.
-Isso foi um convite?- ele provocou, mas já estava me seguindo em direção ao banheiro.
Apesar do sorrisinho dele, não teve nenhum tipo de malícia enquanto tomávamos banho juntos. De certa forma, era um pouco estranho parar para pensar que já éramos tão íntimos um do outro que fazermos isso juntos nem sequer era um problema. Era apenas... Natural. Como se estivéssemos juntos a vida toda, fazendo isso a vida toda.
Fechei os olhos um pouco sentindo os dedos de Mitsuya acariciando meu couro cabeludo para espalhar o shampoo e dei um suspiro, passando os braços ao redor dele e o abraçando contra mim, o que o fez rir e beijar meu pescoço.
-Te amo tanto, sabia?- eu disse me afastando dele para terminar de tomar banho direito.
-Também te amo. Por isso que acho que é um bom motivo pra você me dizer o que está acontecendo, né?- ele falou arqueando a sobrancelha e eu torci o nariz.
Deu um suspiro, me esticando para pegar minha toalha e saindo dali. Pelo menos era uma ótima deixa, isso ninguém podia negar! Takashi, claro, percebeu que eu estava apenas fugindo do assunto, mas não disse nada enquanto observava atentamente eu me secar, me trocar, pentear o cabelo. Eu estava, inclusive, começando a me irritar com os olhares dele.
Mitsuya veio até mim, abraçando minha cintura e apoiando o queixo no meu ombro, me olhando através do espelho. Dei um longo e pesado suspiro. Como sequer eu começaria com essa conversa, afinal?
Me afastei de Takashi apenas para olhar seus olhos lavanda. Levei minha mão até o cabelo preto e lilás dele, envolvendo meus dedos ali com calma, e ele fechou os olhos por um instante.
-Lembra quando você me perguntou o que eu realmente queria fazer como fotógrafa?- eu disse e ele abriu os olhos antes de franzir o cenho e assentir para amim. Eu suspirei antes de apoiar a testa no ombro dele. -Eu recebi essa proposta.
-Porque não me contou antes? Akira, isso é incrível. - ele disse e eu nem precisava me afastar dele para saber que ele estava sorrindo. Eu resmunguei.
-Takashi, eles querem que eu fique seis meses na França. - eu falei me afastando para olhar nos olhos lavanda dele. Por um tempo, Mitsuya ficou em silêncio. Então, franziu o cenho para mim, como se ele sequer fosse capaz de entender o porque eu estava surtando tanto por causa de uma coisa como essas. Eu torci o nariz.
-É por isso que você está hesitando? Por isso não me contou antes?- ele perguntou e eu assenti. Takashi fez uma careta. -Não entendo o porque isso é um problema pra você, Akira.
Eu apenas suspirei, saindo dali para me sentar no confortável da minha cama. Mitsuya me seguiu, ainda meio confuso, e se sentou na minha frente, esperando que eu continuasse. Que dissesse para ele o principal motivo pelo qual eu estava tão hesitante em tomar uma decisão.
Por um tempo, apenas ficamos nos encarando, e eu brinquei com a ponta do lençol em uma tentativa de colocar meus pensamentos de volta no lugar. Dava para notar o quanto ele queria que eu explicasse as coisas para ele, mas também sabia que Mitsuya não ia me pressionar para ter uma resposta. Por fim, eu apenas suspirei.
-É que... Seis meses é muito tempo, você não acha?- eu disse, o olhando, mas Takashi não me respondeu. -E eu... Eu não quero terminar com você, essa é a verdade. Eu não sei se quero ir sabendo que vou estar te deixando ou coisa do tipo. Pode parecer estúpido, ou sei lá, Yuzuha acha que estou sendo estúpida, mas eu te amo, e não sei se quero abrir mão disso, mesmo que seja por um trabalho que eu queria muito e...
-Eu acho que você deveria aceitar. - Takashi disse me olhando seriamente e, por um tempo, eu apenas fiquei em silêncio. -Sei o quanto você queria isso e eu não quero que você abra a mão disso por minha causa, Akira.
-Mas, Takashi...- eu comecei, mas ele me cortou.
-Seis meses não é nada.- ele disse com um sorriso e esticou a mão para tocar minha bochecha. -E a gente não precisa terminar, sabia?
-Então você...
-Se você quiser, Akira, a gente pode fazer dar certo, sabia?- ele disse com um sorriso carinhoso. Eu soltei o ar que nem tinha percebido que estava prendendo até então.
Me aproximei mais dele, me sentando em seu colo, e Mitsuya abraçou minha cintura, sorrindo pra mim.
-Então a gente vai fazer dar certo.- eu murmurei e Mitsuya riu antes de me beijar. E aquilo era tudo o que importava.
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