Na época da escola Akira Aikyo nunca foi boa em socializar com as pessoas, nunca foi boa em se comunicar. Mas Akira sempre havia sido boa em tirar fotos. E aquela sempre tinha sido sua melhor forma de se expressar.
Anos depois, Akira se tornou uma d...
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Eu estava cansada devido a longa semana de trabalho, mas não podia dizer que tinha me arrependido de ter saído com Oliver naquela noite. Tínhamos ido até um dos restaurantes na Torre Eiffel para jantar, o Le Jules Verne, e, por isso, tive que me vestir como os francês mais amam: como se eu fosse super entendedora de moda. Ainda bem que tinha levado alguns dos vestidos que Takashi fez para mim, justamente esperando por ocasiões como essa. Quer dizer, claro que não imaginei que ia acabar em um jantar no Le Jules Verne, óbvio! Mas ainda bem que eu estava preparada para isso.
Se Yuzuha soubesse que Oliver tinha me trazido para jantar no Le Jules Verne, um restaurante que cobra seus duzentos e trinta euros por pessoa e pagou a conta, ela ia ter um treco. Não nego que quando soube o valor que eles cobravam o jantar, também quase tive um treco e quase implorei para Oliver nos levar a outro maldito lugar, mas ele não me deu lá muitos ouvidos e, quer saber? Se ele queria me pagar a porra de um jantar na maldita Torre Eiffel, então ele que pagasse!
Tudo bem, eu sabia muito bem o que Yuzuha ia pensar sobre isso quando eu contasse a ela essa história, mas não estava lá pensando nas consequências disso enquanto comia uma das melhores coisas que já comi na França. E eu nem sei o que é isso! E, sinceramente? Nem me importava, estava ocupada demais em apreciar essa gastronomia. Agora entendo o porque dos duzentos e trinta euros. Sem contar a vista simplesmente maravilhosa que temos daqui. Paris de noite, dentro da Torre Eiffel, é realmente algo para guardar na memória.
-Você me deixa muito mal acostumada com esses jantares todos, Oliver. - eu disse com um sorriso, levando a taça de vinho até minha boca e bebendo um pouco. Até mesmo o vinho desse lugar parecia diferente! Mas, óbvio, é vinho de gente rica e sofisticada! E eu não sou nenhum dos dois!
Ele deu risada; Oliver era um cara alto e seus cabelos eram um tom de caramelo puxado para o loiro, e seus olhos tinham cor verde-oliva.
-Talvez assim, quem sabe, consiga te convencer a ficar aqui. - ele disse de forma casual, como se não fosse nada demais o que tinha acabado de falar. Eu larguei a taça em minhas mãos, ficando silenciosa. Claro que ele ia notar meu desconforto, pois deu uma risada, tentando amenizar o clima. -Pelo amor de Deus, Akira! Não estou dando em cima de você.
-Ah, disso eu sei muito bem.- falei torcendo o nariz e Oliver riu.
-Fico feliz que saiba qual é minha preferência sexual.- ele disse arqueando a sobrancelha e eu fingi estar surpresa. Até porque, ele não tinha dito com todas as letras, mas não era lá muito difícil de perceber. Yuzuha era a única trouxa que não notava o óbvio e ficava achando que Oliver queria algo comigo além de amizade. Às vezes, uma amizade é apenas isso: uma amizade.
Claro, se eu fosse solteira e Oliver gostasse da coisa, eu poderia considerar essa ideia, porque além de bonito ele era uma pessoa incrível. Mas meu coração pertencia a apenas uma pessoa, e nem mesmo meses na França seriam capazes de mudar isso.
-Oliver!- eu disse, fingindo estar chocada, colocando a mão no peito. -Eu não fazia a menor ideia!
Oliver riu, balançando a cabeça e abrindo um sorriso para mim. De fato, estar com ele aliviava e muito todo o clima péssimo que tive no dia de hoje durante o horário de trabalho.
-Akira Aikyo, você é a pior. - ele cantarolou, me fazendo dar uma risada. -Mas se você decidisse, por acaso, fazer da França sua casa de verdade... Eu não iria reclamar!
Apenas suspirei, girando a taça entre meus dedos. Não é que eu odiasse a França; não odiava, de forma alguma. Mas aqui não tinha Takashi Mitsuya, então era difícil amar cada pedaço desse lugar se eu não tinha ele do meu lado para conhecer e aproveitar momentos como esse comigo.
E estar tanto tempo assim sem ver Mitsuya também piorava toda a situação. Às vezes a saudade que eu sentia dele era tanta que achava que ia me esmagar. Ou que eu acabaria largando tudo para ir até o Japão. Como eu sentia falta dele!
Como sem invocado por um pensamento meu, meu celular começou a tocar em uma ligação de Mitsuya. Devo ter dado um sorriso largo, porque escutei Oliver rir.
Provavelmente eram umas seis horas da manhã no Japão, mas Takashi não parecia nada cansado quando atendi a chamada de vídeo. Ele abriu um sorriso para mim e, então, franziu o cenho.
-Onde você tá? - ele perguntou confuso, provavelmente por eu estar vestida com roupas formais e a vista de Paris logo atrás de mim.
-Oliver me trouxe pra jantar no Le Jules Verne!- eu disse com animação, virando o celular para mostrar a vista noturna de Paris antes de voltar o celular para mim. -Lindo, né?
Takashi estava com as sobrancelhas franzidas, não parecendo achar lá muito lindo. Eu torci o nariz.
-Você não deveria estar dormindo?- perguntei e ele deu de ombros.
-A gente não conversou direito hoje. E eu terminei agora algo que estava trabalhando. - ele disse e eu apenas assenti. Não era nem um pouco burra, sabia que algo estava deixando Takashi incomodado. -Te ligo depois. Aproveita seu jantar com seu amigo. Te amo.
-Tudo bem, eu... - comecei, mas a chamada caiu. Ou ele desligou. Difícil dizer. Mas provavelmente caiu, Takashi nunca ia desligar o celular na minha cara. Né?
Quando levantei o olhar para Oliver, ele estava com um meio sorriso e já sabia o que ele ia dizer antes mesmo de dizer. Ainda assim, ele cantarolou:
-Acho que seu namorado está com ciúmes.
E eu sabia muito bem que teria que lidar com isso mais tarde.
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