Na época da escola Akira Aikyo nunca foi boa em socializar com as pessoas, nunca foi boa em se comunicar. Mas Akira sempre havia sido boa em tirar fotos. E aquela sempre tinha sido sua melhor forma de se expressar.
Anos depois, Akira se tornou uma d...
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-Porque você está tão pra baixo hoje?- perguntei para Yuzuha enquanto caminhava junto com ela pelas ruas. Eu tinha percebido o roxo em sua bochecha, mas achei melhor não dizer nada. Depois de tanto tempo convivendo com Yuzuha, aprendi que é melhor não se meter nos assuntos familiares dela. Não significava que não me deixava incomodada saber que minha única amiga estava passando e sempre esteve passando pelo inferno. Se eu tivesse o poder de mudar algo para ela, eu certamente mudaria. Era simplesmente insuportável ver ela sofrer. Mas Yuzuha se virou para mim e deu um sorriso.
-Não é nada demais, Akira. Não se preocupe.- ela disse. Eu até queria acreditar nas palavras dela, mas era realmente difícil de fazer isso. Afinal, estava nítido que não tinha nada bem.
Eu entrelacei meu braço no de Yuzuha e comecei a caminhar em outra direção. Ela franziu o cenho mas não disse nada antes de me acompanhar. Era legal saber que Yuzuha confiava em mim nesse nível. Que ela sabia que eu nunca a levaria para nenhum problema. Eu também confiava nela nesse nível. E pensar que quando a conheci eu fiquei assustada pra caramba! Mas Yuzuha agora tinha um lugar na minha vida e no meu coração. Ela tinha sido a primeira e a única pessoa a estender a mão pra mim. E a tentar, tentar de verdade, saber quem eu era. E, sinceramente, ela insistiu muito mesmo, porque eu tentei fugir dessa amizade. E agora fico feliz por ela ter insistido.
Não precisávamos falar sobre tudo o que sentiamos para que nos entendessemos perfeitamente. As vezes o silêncio entre nós bastava. Eu conseguia entender o que Yuzuha estava sentindo apenas de olhar para ela. Era fácil constatar se ela estava feliz, irritada ou sofrendo. E no momento, ela estava triste. E eu só podia imaginar que outra merda envolvendo o bosta do irmão dela tinha acontecido.
Mas também não precisávamos falar disso. Quando chegamos na porta da sorveteria, já vi que tinha sido o suficiente para anima-la. Yuziha sorriu para mim e me puxou para dentro, o que me fez dar risada.
-O jeito que você me conhecê bem é assustador, sabia?- ela brincou enquanto eu escolhia o sorvete. Eu apenas ri.
-Você é minha melhor e única amiga, se eu não conhecesse eu seria uma bela otaria, né?- eu brinquei e ela deu risada.
Nós ficamos em silêncio por um tempo enquantos apenas aproveitavamos o sorvete, sentadas no sofazinho, uma na frente da outra. Eu gostava de ter momentos assim e eu adorava tomar sorvete. Eu sempre escolhia 3 sabores, os que menos combinassem de preferência. Porque eu era estranha nesse nível mas, ei! Não importa agora, porque tem uma pessoa que gosta de mim de verdade e por quem eu sou. E isso faz eu me sentir feliz. Eu queria que minha amiga soubesse que ela não estava sozinha e, olhando bem para ela, eu sabia que ela tinha consciência disso.
Yuzuha estava completamente distraída enquanto tomava o sorvete dela. Mas foi só eu fazer menção de pegar a câmera que ela se virou na hora para mim. Odiava esse sensor que ela tinha que parecia sempre captar quando eu estava prestes a tirar uma foto! Maldita. Yuzuha abriu um sorriso para mim.
-Não vai tirar?- ela provocou. Eu bufei.
-Deixou de ser espontânea. - eu retruquei. Era sempre isso: ela se preparava para foto e eu reclamava e não tirava. E assim o nosso relacionamento prosseguia.
-Chata.- ela disse mostrando a língua pra mim. E ai sim eu tirei uma foto. -Ei, isso não vale!- Yuzuha disse, mas estava rindo.
-Vai ficar linda. Vou imprimir e mostrar para o Hakkai.- eu zombei e ela torceu o nariz.
-Ridícula.- ela resmungou. Eu ri.
Nós terminamos nossos sorvetes e fomos embora. Eu acompanhei Yuzuha para casa dela, porque não queria deixar minha amiga sozinha. Ainda mais sabendo que ela não estava exatamente legal.
-Odeio te ver assim. - acabei soltando enquanto caminhávamos. Yuzuha jogou a cabeça para trás, olhando para o céu azul. E deu um longo e pesado suspiro.
-Eu sei, Akira. - ela disse e fechou os olhos enquanto o sol batia no seu rosto bonito. Ela colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e me olhou. -Mas está tudo bem.
-Certeza?- eu perguntei, tocando o roxo na bochecha dela com a ponta do dedo. Yuzuha torceu o nariz.
-As vezes fica complicado. Mas não é como se não valesse a pena.- ela murmurou. Eu entendia o que ela queria dizer com isso. Hakkai era tudo na vida de Yuzuha, e se para que ele ficasse bem ela tivesse que apanhar do irmão mais velho, bem, então ela apanharia. O que era um pouco revoltante, para ser sincera.
Eu segurei a mão de Yuzuha na minha e ela apertou de volta. Queria que ela soubesse que não precisava ser forte o tmepo inteiro. E que estava tudo bem fracassar as vezes. Se tem algo que eu aprendi, é que não podemos ser fortes o tempo todo. E que está tudo bem se apoiar em outra pessoa de vez em quando.
-Eu...- ela começou, mas um grito a impediu de continuar falando. Nós duas nos viramos, ao mesmo tempo, apenas para ver um cara alto e forte vindo na nossa direção. Yuzuha fechou a cara na hora e se colocou na minha frente de um jeito protetor. Quem era esse cara? Esse era o... -Taiju. O que você quer?
O cara deu um sorriso sarcástico para Yuzuha, a segurando com força pelo braço. Senti meu coração ir parar na garganta.
-Ei! Solte ela!- eu falei dando um passo na direção dele. Ele me olhou e torceu o nariz com nojo.
-Por isso você não estava em casa como deveria, Yuzuha? Está andando com com uma bostinha qualquer?- ele disse. Senti raiva. Pela minha amiga. E talvez um pouco por mim mesma talvez.
-Deixe ela em paz, Taiju.- Yuzuha disse o encarando seriamente. -Vamos logo embora.
-Yuzuha...- eu comecei mas ela me lançou um olhar e eu me calei. Olhei com irritação para o irmão dela. -Você é um merda. - cuspi. Ele deu risada e Yuzuha me olhou horrorizada e... Com medo. Ela estava com medo.
-Eu não vou perder o tempo com você. - ele disse para mim e começou a arrastar Yuzuha para longe.
-Ei!- eu gritei. Yuzuha se virou e me olhou e eu via o medo no olhar dela Não por ela mesma, mas... Por mim.
-Vai pra casa, Akira. Sério. Não se mete nisso. - ela implorou.
E como eu era uma bela covarde, eu fiz exatamente isso. E eu me arrependeria para sempre de ter deixado Yuzuha naquela situação de merda.
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