tudo precisa de um fim ou um recomeço

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{Narração - Gizelly Bicalho}

Entre 2025/2026

Vocês devem estar se perguntando porque eu sumi. Na verdade, nem eu sei dizer. Talvez a vida esteja uma loucura ou talvez eu estivesse envergonhada demais para aparecer por aqui.

Nem tudo saiu como o planejado. Se você estiver se questionando sobre meu bebê e do Felipe não é disso que eu estou falando. Ele amou o fato de ser pai, mesmo bastante assustado. Durante a minha gravidez ele cantava músicas de pagode pra criança e sem contar as inúmeras vezes que ele cantava o hino do Corinthians.

Felipe sempre falava que o filho ou filha seria corintiano. Eu deixava ele acreditar nisso, mesmo sabendo que a criança seria vascaína como a mãe.

Quando ele nasceu, Miguel, a propósito, saiu da maternidade com um macacãozinho do Corinthians. Não fui eu que decidi, estava cansada demais para discutir com o Felipe sobre isso. Ele até tentou comprar um boné para o bebê, mas Miguel ainda era pequeno demais para usar.

Felipe registrou Miguel e obviamente fez o que eu não pedi, colocando todos os seus sobrenomes no garoto: Miguel Antoniazzi Bicalho Prior Junior. Sim, ele colocou Júnior pois dizia que Miguel seria sua versão júnior, mesmo não tendo o seu nome.

Os primeiros meses foram muito difíceis. Felipe sempre tentou ser um bom pai, mesmo não sabendo trocar fralda direito. A gente sempre discutia sobre pequenas coisas como deixar o Miguelzinho chorando no berço ou não, se ele iria comer papinha ou se ele poderia namorar antes dos 18 anos.

O fato é que eu sempre vencia, obviamente. Mas o Felipe tinha sua carta na manga: Miguel era sua cara. Sempre que minha voz era a vencedora, ele fazia questão de lembrar que Miguel era praticamente sua cópia. Agora veja só, a gente carrega a criança por 9 meses e ela nasce a cara do pai? Isso é tão injusto. Principalmente depois do primeiro ano quando notamos que Miguel puxou o nariz do pai. Ainda bem que um cirurgião poderia resolver isso no futuro, mesmo o Felipe dizendo que era o charme da família.

Miguel começou a andar bem cedo. Era tão agitado quanto os pais. Não parava quieto e por diversas vezes se machucava. Perdemos as contas de quantas vezes fomos ao hospital com ele por alguma besteira feita, mas também não era pra menos, com um pai e uma mãe como nós, ele só poderia ser dessa maneira. Nosso pequeno Taz mania.

Quando ele completou 3 anos, a gente decidiu colocar ele em uma escolinha. Acho que eu chorei mais do que todos aquelas crianças juntas. Meu coração estava partido e receoso de deixar meu menininho sozinho, sem mim, sem meus cuidados por parte do dia. E se ele passasse mal? E se alguém machucasse ele? E se ele sentisse minha falta?

Na verdade, ele não sentiu. A adaptação foi ótima. Miguel parecia um jovem adulto e nem sequer sentiu minha falta ou de Felipe. Os professores diziam que ele parecia estar em casa na escolinha e, obviamente, meu coração se despedaçou ao ver que meu menino já estava crescendo. Eu só conseguia pensar que daqui a pouco ele estaria na faculdade.

"Deixa de ser exagerada, Gizelly."

Felipe sempre repetia isso, mas ele não sabia o que era dor de uma mãe ao ver seu filho crescer tão rápido.

E então decidimos ter nosso segundo filho.

Nós tínhamos uma vida sexual ok. Era difícil com um filho pequeno, mas mesmo assim eu e Felipe tentávamos fazer de tudo para que a relação não caísse na monotonia, até casa de swing nós fomos. Às vezes, minha mãe ou os pais do Felipe ficavam com o Miguel para que pudéssemos curtir a vida de casal.

O fato é que agora tentamos dobrar as vezes que fazíamos sexo, ainda que fosse uma rapidinha. Nossas agendas nem sempre se conciliavam, mas nunca foi um empecilho pra gente. Perdi as contas de quantas vezes transamos no carro, no restaurante do Felipe ou nos banheiros das casas de amigos nossos. Até que essa operação bebê 2 era uma fase bem gostosa do nosso relacionamento.

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