a mãe dela

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Domingo, 16 de maio de 2021.

- Cadê seu namorado, Gizelly? Ele já tá atrasado.

- Ele tá vindo, mãe.

- E por que ele não veio ontem?

- Estava trabalhando.

- Achei que eu teria mais tempo pra conhecer o homem que tá mexendo tanto com a cabeça do meu bebê assim.

- Mãe, você já conheceu o Felipe.

- Se for a mesma coisa do Big Brother, então já não gosto.

- Não é a mesma coisa não - Gizelly tentou defender - Logo você vai entender porque eu me apaixonei por ele.

- Espero que você esteja certa, Gizelly. E pra onde a gente vai?

- Ele disse que a gente vai naquele Parque Ibirapuera fazer um piquenique. Já até preparei uns sanduíches.

Márcia, bastante inquieta, olhou novamente o relógio.

- Ele tá atrasado. Tá perdendo ponto comigo.

Gizelly enviava mensagens desesperadamente para Felipe que não respondia.

- Relaxa, mãe. Já já ele tá aí.

"Eu realmente espero que sim."

Depois de duas horas de atraso, Felipe, finalmente, chegou. Não era o momento certo para uma discussão entre Gizelly e Prior pelo atraso dele, então ela decidiu relevar. Com certeza aquilo seria pauta entre eles, todavia o foco naquele momento era impressionar Márcia.

— xxx —

Ele estava nervoso. Nervoso demais. Não sabia o que fazer, pois nunca vivenciou aquele momento. Nunca conheceu a mãe de uma namorada, até porque nunca teve uma namorada.

Ele que nunca se preocupou com roupa e sempre escolheu a primeira bermuda que via pela frente, agora se encontrava desesperado na frente do guarda roupa, pensando nas palavras de Gizelly "você precisa passar uma boa impressão". O que ela queria dizer com isso?

Felipe era 8 ou 80. Ame ou odeie. Era um cara trabalhador, dedicado, honesto, divertido, fiel aos amigos e familiares, mas também era mulherengo, da zoeira, baladeiro, teimoso, orgulhoso, explosivo e rabugento. Qual lado dona Márcia conhecia?

Ele não podia mostrar seu charme como mostrou para Gizelly, principalmente aquele charme, então precisaria convencer em apenas um dia que era o cara certo para namorar a filha dela. A propósito, um dia porque ele fugiu no sábado, inventando uma desculpa de trabalho, mas na verdade estava apenas nervoso.

E agora Felipe não tinha pra onde correr. Ele prometeu para Gizelly e sabia da importância daquele momento, então estava ali, desesperado, mesmo depois de pedir dicas para sua mãe. Ele realmente queria parecer o cara perfeito.

Ele queria parecer o cara perfeito para Gizelly.

No impulso, escolheu o que achou que fosse a roupa para chamar atenção de uma mãe tradicional. Não queria usar seus trajes comuns, não no primeiro dia. Ele queria que Márcia gostasse dele, assim como sua filha. E o mais preocupante era: em que momento Felipe passou a se importar com o que a mãe de sua namorada ia pensar a respeito dele?

Duas horas de atraso, ele foi ao encontro das duas.

Felipe aguardava do lado de fora do carro quando Márcia e Gizelly se aproximavam para um passeio naquela manhã ensolarada de São Paulo.

- Um pouco atrasado, né? - Gizelly deu um sorriso antipático.

- Ganho nem um beijo?

- Na próxima vez chegue mais cedo - ela pegou a mãe pelo braço até se aproximar de Felipe - Essa aqui é minha mãe, Márcia. Esse aqui é meu namorado, Felipe Antoniazzi Prior.

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