o fim

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Sábado, 27 de março de 2021.

{Narração - Felipe Prior}

[N/A - a narração tá em melhor português do que seria na real, mas é só pra não ficar cheia de gírias e erros de português que vocês já conhecem #deles]

Finalmente a inauguração da Salt. Achei que esse dia nunca chegaria, já que tivemos tantos problemas na obra. Eu odeio atrasos e odeio esses pequenos ou grandes problemas, mas prefiro entregar um trabalho bem feito, então mesmo com tanto estresse, nós lutamos e chegamos perto da perfeição.

Ou quase.

A semana foi essencial para definirmos os toques finais de decoração, confesso que não é minha parte favorita, pois gosto do início, de quando tudo não passa de uma planta, aquela parte em que a gente especula o projeto sem ter ideia se o resultado vai coincidir com as nossas expectativas.

E, dessa vez, acho que o resultado final supriu as minhas expectativas, tirando o fato dela não estar aqui para ajudar nos toques finais, como havia prometido enquanto namorávamos.

Não que eu me importe com a opinião dela, até porque ela tem umas escolhas meio estranhas, então provavelmente faria escolheria coisas loucas para a Salt, o que resultaria em várias discussões nossas, mas ainda assim, sempre que alguém me perguntava sobre algum objeto novo colocado, eu me perguntava qual seria opinião dela, será que ela iria gostar?

Por que tão idiota, Prior?

Gizelly não falou mais nada desde o nosso último reencontro, provavelmente estava ocupada demais com seu amigo que não é amigo. Eu não ligo, quero mais é que ela siga o caminho dela, já que eu vou seguir o meu. Não quero ex chata no meu pé, mas o fato é que ela só me mostrou que nunca se importou com nossa relação, como eu sempre pensei, aquilo não passava de uma brincadeira pra ela, tanto que ela nunca quis contar a ninguém. Ela sabia que não daria certo.

Quando Tadeu falou por horas na minha cabeça para reencontrar Gizelly naquele estádio, eu até pensei em conversar com ela. Não queria mais esse clima ruim entre a gente, nem que fosse pra gente ser apenas amigos, mas Gizelly apareceu com o colírio lá e aquilo mexeu com os meus nervos. Se eu fui com bom humor e pronto para uma conversa civilizada, quando eu vi aquele cara lá, eu só quis socar a cara dele e bloquear Gizelly de tudo. Só não fui embora porque era o jogo do Corinthians.

Queria dizer que não sinto a falta dela, mas seria mentira. Eu sou homem o suficiente pra dizer a verdade e admitir que ela faz falta sim, mas sei que passa, até porque não falta mulher no mundo. Gizelly é passado e o garanhão da Zona Norte está de volta, principalmente com o meu retorno para São Paulo em breve.

Esse tempo no Rio me fez bem. Queria, inclusive, ficar mais tempo, mas a minha vida está em São Paulo. Eu sou paulista com muito orgulho. Meus amigos, minha família, minha casa, meus trabalhos... Tudo estava lá. Não havia nada que me importasse aqui no Rio, tirando a Salt, mas eu já me organizei para vir aqui sempre que possível, fora que meus sócios também estarão presentes nessa.

E nesse clima de mudanças, eu precisava organizar tudo. Empacotar coisas é um bagulho muito chato, principalmente quando minha mãe não estava aqui para ajudar. Tive que lidar sozinho, eu definitivamente sou um ex mimado. O fato é que no meio de tanta coisa, eu encontrei algo que me deixou pensativo o resto do dia: o presente de Gizelly e Baconzinho.

Eu não sabia o que fazer com aquilo. Se eu enviasse para ela, ela poderia pensar que eu queria voltar e eu não quero, não com uma pessoa que não liga pra mim, que só queria jogar comigo. Se eu jogasse fora, seria o fim e talvez eu não estivesse preparado para isso.

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