- Capítulo 26 -

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Quando passamos pelo corredor o relógio já apontava 18:54, e William havia solicitado a presença de todos no refeitório

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Quando passamos pelo corredor o relógio já apontava 18:54, e William havia solicitado a presença de todos no refeitório. A equipe também estava junto conosco, mas preferi sentar com os abrigados e me comportar de forma completamente passiva. Fui para o lado de Dener e percebi que ele estava segurando a mão de Elise, o que me causou uma sensação de estar muito longe dele.

Por fim, foquei em William, quando ele finalmente conseguiu o silêncio de todos.

— Boa noite a todos! Pessoal, nós decidimos reuni-los aqui hoje porque finalmente temos um posicionamento a dar sobre a nossa situação aqui no bunker.

Todos estavam incrivelmente atentos, até as crianças.

William então começou a explicar toda a história que eu já havia escutado várias vezes: o que havia por baixo da cidade, todo o esquema de armações nucleares, os desvios éticos e políticos, a traição da direção para com a equipe e no que isso resultou... Enfim, todos finalmente souberam da triste verdade por trás dos fatos: nada de terremoto, nada de acidente geográfico, apenas um monte de assassinos corruptos.

Algumas pessoas começaram a se empertigar em seus lugares e o silêncio aos poucos foi se dissipando.

— E como vamos acreditar em vocês? Passamos todo esse tempo presos como escravos aqui em baixo, entre grades de segurança, senhas e horários definidos, sem poder nos comunicar com o mundo lá fora, sem contato com nossa família, sem assistir os jornais... Vocês são todos terroristas! — Um senhor que parecia ter uns 60 anos gritou do seu assento.

— Fomos enganados! — Outra pessoa gritou.

— Isso é uma armação! Querem nos enganar!

— Nós não vamos aceitar ordens de vocês! Esperamos pelo resgate durante todo esse tempo e vocês não nos deixaram sair! Terroristas!

— Assassinos!

Essas e outras séries de acusações invadiram o ambiente e eu engoli em seco. 

— Você sabia disso o tempo todo, Sea! Também é uma traidora! — Riza, uma mulher que estava em frente a mim na mesa, falou ao virar em minha direção, me pegando de surpresa. 

— Está do lado deles?! O que você ganha com isso? — Paul gritou a alguns assentos de distância.

Virei o rosto na direção de William com o coração apertado e esperei que ele fizesse algo que acalmasse o desespero de todas aquelas pessoas. Imaginei que eles já estavam preparados para tudo aquilo, devido à calma que se encontravam.

— Pessoal, vamos ficar calmos. Me deixem terminar de explicar! — William pediu, mas o refeitório estava ecoando todos os murmúrios de indignação das pessoas, até que um grito de Connor interrompeu o grande alarido e William pode dar prosseguimento à sua fala. — Nós compreendemos toda a revolta de vocês, mas a situação do lado de fora é grave e até o momento não estamos sendo assistidos pelas autoridades, então não poderíamos simplesmente deixá-los sair sabendo da possibilidade de não sobreviverem lá fora. Nós estávamos fazendo o possível nos últimos dias, pois também estamos sem conexão às redes de comunicação, e sem isso todo processo fica mais lento e dificultoso. Em nenhum momento nossa intenção foi prendê-los, mas mantê-los em segurança pelo máximo de tempo possível e sem sobrecarregá-los com informações com as quais vocês não poderiam agir direta ou ativamente.

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