Depois que um grande fenômeno explosivo destrói metade da região de Borderglide, Sea, Joey e Benjamin precisam unir as forças e sobreviver à nova realidade, onde imperam a fome, a solidão, o desespero e, sobretudo, o caos.
Para onde ir quando tudo...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
William – 7 semanas depois
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Fazia uma semana que eu estava em casa, mas nada mais parecia como antes. A casa era a mesma, com os mesmos móveis de que me lembrava, e todas as coisas no mesmo lugar que estavam da última vez que eu havia estado ali, mas eu não conseguia me encontrar. Parecia que tudo estava fora do lugar: minha cabeça, meu coração, meu corpo... Eu não conseguia — e nem poderia — me sentir como era antes de tudo o que aconteceu.
Quase dois meses havia se passado desde que conseguimos sair de Borderglide, e a cidade, o país, o mundo pareciam haver esquecido. A vida de todos corria normalmente, e a mídia pouco tocava no assunto, mas Brian havia me garantido que judicialmente o processo estava correndo, e que esse tipo de investigação levava tempo; não conseguiríamos ter um ponto final na rapidez em que gostaríamos.
De todo modo, mais que o meu senso de justiça, meu coração doía de preocupação por Selena. Já tinha semanas que eu não conseguia ouvir sua voz, e não vê-la, não tocá-la, não saber se ela iria se recuperar... Eu sentia que a minha própria vida estava se esvaindo aos poucos.
A última atualização que tivemos dos médicos fora no dia anterior, mas havia sido a mesma das últimas semanas. Seu quadro permanecia estável e inalterável: eles constatavam atividade cerebral, o que significava que ela tinha grandes chances de acordar quando tirassem os sedativos; o que nos preocupava era que ela estava ficando sem tempo com o coração artificial caminhando ao terceiro mês de trabalho, e ainda não tinha aparecido nenhum coração compatível. Além disso, temíamos que, quando aparecesse, fosse destinado a outra pessoa por conta da instabilidade do seu quadro clínico e a baixa expectativa de qualidade de vida prevista pra ela.
Eles não podiam nos dar uma previsão, e o desespero por estar perdendo-a aos poucos nos tirava o ar. Sempre que eu pensei tê-la... Todas as vezes que achei que conseguiríamos liberdade, construir nossa vida... Algo acontecia, fazendo parecer que ela era um sonho muito impossível, uma realidade muito distante, um punhado de areia escorrendo pelos meus dedos... E eu não conseguia juntá-la, não conseguia segurá-la, não conseguia nem mesmo me aproximar.