- Capítulo 24 -

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Senti meu estômago revirar pela enésima vez e, mais que fome, eu sentia uma vontade de vomitar o que nem mesmo tinha na barriga, um misto de enjoo com dor, e meu cérebro parecia estar empurrando meu crânio para fora

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Senti meu estômago revirar pela enésima vez e, mais que fome, eu sentia uma vontade de vomitar o que nem mesmo tinha na barriga, um misto de enjoo com dor, e meu cérebro parecia estar empurrando meu crânio para fora. Mas eu continuaria firme. De alguma forma eu precisava chamar a atenção de William, e já não sabia mais como.

Dois dias haviam se passado desde minha última conversa com Hanna sobre ele, e nada parecia ter mudado, ele não parecia ter pressa em fazer as coisas, e os abrigados do bunker estavam cada vez mais agitados. As pessoas estavam começando a se perguntar o que estava acontecendo lá fora, por que estávamos escondidos há tanto tempo, por que a ajuda não chegava e o pior: por que não podíamos sair se o terremoto já tinha acabado e a maioria já tinha sido tratado dos ferimentos.

Eu precisava falar com ele, e mesmo precisando concordar com Hanna no fato que eu era de fato inexperiente diante de todo aquele cenário, William já havia me incluído nele, não adiantava mais querer me jogar pra escanteio, não adiantava mais me afastar, eu já tinha tomado minha decisão, e iria continuar ali até o fim.

O plano era basicamente fazer uma greve de fome. Em algum momento eu precisaria ir à enfermaria, e assim poderia procurá-lo, seja lá onde estivesse. Eu queria me atualizar do que tinha acontecido nos últimos dias, desde que Brian havia nos encontrado, se ele havia conseguido algum avanço ou se alcançara alguma informação adicional. Também queria saber o que William estava planejando para os passos a seguir e quando pretendia contar às pessoas sobre nossa situação incerta.

Por conta do meu histórico um tanto saudável e atlético, eu precisava manter sempre uma alimentação constante para que minha glicemia e pressão não baixassem muito, então eu só estava esperando que em algum momento os efeitos chegassem.

Eu estava encostada nas grades de entrada da ala dos abrigados com um livro aberto nas mãos — como se eu estivesse mesmo lendo ou pelo menos conseguindo me concentrar em algo. Minha mente andava tão movimentada que eu não estava conseguindo me ater a nenhuma leitura; as únicas atividades que conseguiam controlar um pouco minha tensão eram os exercícios físicos, e eu estava tentando ocupar o máximo do meu tempo possível com eles. Tinha até mesmo começado a aprender alguns golpes de boxe com Adrian. Em um dos almoços ele tinha comentado que era professor e dava aulas grátis para algumas crianças e adolescentes da comunidade. Obviamente eu aproveitei a oportunidade para receber aulas grátis também, com a desculpa de que queria me ocupar e tentar desenvolver algo diferente durante nossa espécie de quarentena ali em baixo, mas na verdade eu só estava pensando que precisaria usá-los em algum momento quando enfrentássemos frente a frente os soldados da Corporação — como se eu fosse ter alguma chance.

Seja como fosse, porém, eu só queria colocar na minha cabeça que estava um pouco mais preparada do que se não estivesse tentando nada. Queria me sentir um pouco mais confiante, um pouco mais segura, um pouco mais... Suficiente.

Suspirei.

Eu já estava começando a sentir o suor gelado descendo pela minha testa.

Olhei para o relógio digital na parede a alguns metros de mim. Eram 15:07. E enquanto esperava o mal estar me derrubar — eu presumia que não iria demorar muito — eu me perguntava o que William tinha andado fazendo na última semana. Eu o tinha visto pela última vez há quase uma semana, e não conseguia preencher seu dia com tantas atividades assim que o pudessem privar de ir me ver pelo menos por 5 minutos e me atualizar do que estava acontecendo.

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